Pandora vai completar 5 anos nesta quinta-feira, 23 de dezembro.
Não é possível prever exatamente onde e como ela estará nesse dia, porque Pandora sumiu há 8 dias no Aeoporto de Guarulhos, em São Paulo, e desde então ninguém sabe o paradeiro dela.
A caixa de Pandora, uma cadela vira-lata de cor caramelo e manchas brancas, teria sido destruída pela cachorra no meio da escala na viagem que fazia com seu dono, o garçom pernambucano Reinaldo Gomes Junior. Eles saíram do Recife no dia 15 de dezembro, às 3h25 da manhã, e chegaram a São Paulo por volta das 6h30 da manhã. Teriam uma escala para o Aeroporto de Navegantes, em Santa Catarina.
Faltavam uns 20 minutos para o embarque, o nome de Reinaldo foi chamado nos alto-falantes do aeroporto. Ele já se encaminhava para o portão. Chamaram outras duas vezes. Ele se apresentou e foi então que foi informado que a cachorra dele tinha forçado a casinha na qual viajava e desaparecido no aeroporto.


Desesperado com a notícia, Reinaldo então desceu e, temerariamente, invadiu a pista de pouso para procurar Pandora.
Seguranças o cercaram, mas ele os advertia para não lhe botarem a mão. A situação ficou tensa.
“Só fui parado quando a Federal chegou. A Federal chegou, me acalmou, me tranquilizou e me liberou para ir a um galpão no qual, segundo relatos, ela teria sido vista lá”.
Detalhe: o relógio já marcava então 10 horas da manhã. Reinaldo perdera um tempo que julga precioso na tentativa de resgatar a sua parceira. No galpão indicado, o porteiro informou que o portão estava quebrado e que seu trabalho ali era anotar as placas dos caminhões e não tinha visto cachorra alguma.
“Saí correndo desesperado, sem direção”, ele contou, na noite dessa terça-feira, praticamente afônico. Reinaldo arrodeou todo o aeroporto, seguido por um funcionário da Gol.
Até as 16h, percorreu a região, que tem 14 km2. Até que chegaram reforços: uma equipe com um cachorro farejador chamado Buscapé.
A equipe era treinada para fazer buscas, e fez perguntas a Reinaldo. Ele contou que já tinha andado por estacionamentos, becos, sob carros, vielas, buracos, viadutos, matas.
Foram então ao Terminal de Cargas de Cumbica.
Lá, a equipe começou a fazer perguntas aos funcionários do terminal. O porteiro foi chamado pelo alambrado e ficou conversando com eles. Surpreendentemente, ele disse que sim, tinha visto Pandora, ela tinha estado por lá, e passou um tempo brincando com um colega dele, que era caminhoneiro. Mas que o rapaz já tinha partido.
Queriam entrar ali naquele galpão para procurar, mas havia burocracia, não podia adentrar sem uma permissão especial. Somente com a liberação da companhia aérea, muito tempo depois, é que conseguiram entrar.
“Quando finalmente consegui entrar, eu estava leso, cabeça esgotada. Desde aquele dia, não consegui dormir, comer, não consigo raciocinar direito”.
Já eram as 19 horas do dia seguinte ao seu desembarque e tinha mudado o turno das equipes nos terminais. O cão farejador Buscapé estava excitado, mas com pouco êxito. Mas então começou a chover, e Reinaldo estancou com uma dúvida que estava lhe consumindo a cabeça.
“Pensei: o porteiro ali estava com duas ideias. Contou duas histórias diferentes. A partir daquele momento, eu me dei conta de que o caminhoneiro tinha levado minha cachorra”, ele disse.

O garçom ficou revoltado com a companhia aérea. Quando foi recuperar a caixa de Pandora, notou que a versão de que ela a tinha destruído não era verdadeira, a caixa está intacta. Ele crê em negligência. O rapaz fez cartazes da amiga desaparecida e os distribui entre passageiros no aeroporto.

Reinaldo encontrou Pandora ainda filhote no estacionamento da Churrascaria Boi e Brasa Caxangá, no Recife. Tinha 4 meses de idade. Levou-a para viver com ele, em sua casa a 100 metros da Praia de Pau Amarelo, ali perto de Olinda. O escritório de Pandora era na praia, ela estava sempre na área, correndo com Reinaldo.

Mas hoje, o oitavo dia de buscas, tal qual o Viktor Navorski de O Terminal, a rotina chama, as acomodações expiram (Reinaldo está hospedado num hotel na região de Cumbica, o maior aeroporto do Brasil, por onde circulam 50 milhões de passageiros por ano) e o pernambucano precisa decidir se segue procurando ou retoma a viagem.

Extenuado, ele espera por um milagre.

 

 

 

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