O violonista Zé Paulo Becker e o cantor Marcos Sacramento, ontem, no Circuito São Luís do Lençóis Jazz e Blues Festival. Foto: Guta Amabile
O violonista Zé Paulo Becker e o cantor Marcos Sacramento, ontem, no Circuito São Luís do Lençóis Jazz e Blues Festival. Foto: Guta Amabile

Duo se apresentou ontem em São Luís e volta ao palco amanhã em Atins, no 13º. Lençóis Jazz e Blues Festival

Quando adentraram o palco, Marcos Sacramento saudou São Luís pelo aniversário da capital maranhense, enquanto Zé Paulo Becker dava o último grau na afinação do violão – quem ganhou o presente foi o público presente à Concha Acústica Reinaldo Faray, na Lagoa da Jansen.

Não havia como algo dar errado: trata-se do encontro de um dos maiores cantores com um dos maiores violonistas do Brasil, em homenagem a outro gênio de nossa música: Baden Powell (1937-2000), cujas composições dominaram o repertório de cerca de 70 minutos de show.

Começaram por “Labareda” (Vinícius de Moraes/ Baden Powell), seguida do “Canto de Xangô” (Vinícius de Moraes/ Baden Powell) e “Tempo de amor” (Vinícius de Moraes/ Baden Powell). Em “Pra que chorar?” (Vinícius de Moraes/ Baden Powell) o público cantou junto e foi se soltando, aqui e ali marcando a música com palmas, para além dos aplausos efusivos ao fim de cada número do duo, o que se repetiu em “Tem dó” (Vinícius de Moraes/ Baden Powell).

O duo lançou em 2012 “Todo mundo quer amar”, com composições do violonista em parceria com Paulo César Pinheiro – algumas faixas do citado disco apareceriam na segunda parte do show.

“É nosso primeiro show presencial depois do início da pandemia. Foram muitas lives, muita coisa transmitida a partir de nossas próprias casas, e hoje estamos aqui, graças ao convite de Tutuca e Renata”, agradeceu o cantor, referindo-se ao casal de produtores do festival, que também volta ao formato presencial, após ter acontecido em formato online ano passado, em razão do isolamento social imposto pela pandemia de covid-19.

O Circuito Barreirinhas acontece amanhã (10) e sábado (11), em Atins – deslocando-se do tradicional palco à Avenida Beira-Rio, ainda em razão da prorrogação indefinida da crise sanitária. Becker e Sacramento se apresentam na sexta-feira, às 21h30.

Em “Iemanjá” (Vinícius de Moraes/ Baden Powell), o violonista do Trio Madeira Brasil percute as cordas do violão simulando a sonoridade do berimbau. Em seguida vieram “Canto de pedra preta” (Vinícius de Moraes/ Baden Powell), “Bocochê” (Vinícius de Moraes/ Baden Powell) e, fora do círculo dos afro-sambas que dão título ao clássico álbum dividido por Baden Powell e Vinícius de Moraes (com o Quarteto em Cy), que completa 55 anos este ano, “Samba em prelúdio” (Vinícius de Moraes/ Baden Powell).

Depois de “Deixa” (Vinícius de Moraes/ Baden Powell), em interpretação monumental de Sacramento, foi a vez de apresentarem repertório autoral, do citado “Todo mundo quer amar” e além. Seguiram-se “A gente samba” (Paulo César Pinheiro/ Zé Paulo Becker), faixa que abre aquele disco de 2002, “Conformação” (Paulo César Pinheiro/ Zé Paulo Becker) e “Dois lados” (Paulo César Pinheiro/ Zé Paulo Becker), faixa do verso-título do disco. “Amor, estamos precisando muito”, frisou Sacramento, em alusão ao momento bestial por que passa o Brasil.

O show se aproximava do fim e vieram ainda “Carnaval”, parceria dos dois, seguida por “Canto de Ossanha” (Vinícius de Moraes/ Baden Powell), com Becker executando um longo e inspirado solo de violão antes do retorno triunfal de Sacramento ao canto, emendando com “Berimbau” (Vinícius de Moraes/ Baden Powell), em cuja segunda parte o violonista volta a exibir todo o seu virtuosismo acelerando o andamento da melodia.

Há a promessa de que este show, que eles apresentam juntos já há algum tempo, vire disco. Oxalá!

Aplaudidos de pé, voltaram ao palco para um bis, aos pedidos de “mais um” entoados pela plateia. Emendaram uma introdução de “Samba do ziriguidum” (Luiz Bittencourt/ Jadir de Castro) a “Cai dentro” (Paulo César Pinheiro/ Baden Powell), em que o jogo de corpo do cantor levou a plateia à loucura. “Fui”, disse, antes de se retirar do palco, a tempo de convidar: “sexta-feira é em Atins, viu?”.

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