John Lennon
Uma exposição no MIS mostra os derradeiros anos da vida do ex-beatle John Lennon e sua delicada jornada de autoconhecimento

Reabre para visitação a exposição no MIS que mostra os derradeiros anos da vida do ex-beatle John Lennon e sua delicada jornada de autoconhecimento

 

John Lennon (1940-1980) completaria 80 anos este ano. O que será que estaria fazendo, caso vivesse ainda? “Eu acredito que ainda estaria compondo músicas e dando opiniões positivas sobre o que acontece no mundo, o que ele sempre fez. Era uma pessoa extremamente inteligente e preocupada com o que acontece mundo afora. Também creio que ainda estaria com Yoko. Ela é uma pessoa maravilhosa, sou um grande admirador dela”, disse a CartaCapital o fotógrafo nova-iorquino Bob Gruen.

O que John estaria fazendo hoje é obviamente um exercício de futurismo, mas o que ele fez nos últimos anos de sua vida, em Nova York, é algo que foi amplamente documentado por Gruen, que atuou como fotógrafo particular de Lennon entre 1972 e sua morte, em 1980. A primeira vez que Bob Gruen viu o britânico John Lennon foi numa exposição beneficente. Logo depois, esteve na casa do cantor para fazer fotos para uma revista. Lennon gostou do material do visitante e também da conversa, e o convidou para fazer um trabalho para o disco Some Time in New York City, seu primeiro com a Plastic Ono Band. Era 1972, Bob morava perto de Lennon e acabaram se tornando amigos. Ao fotógrafo, cinco anos mais novo que Lennon, foi dado o privilégio de fotografar o ex-beatle em seu refúgio durante toda sua saga nova-iorquina.

Esse material todo ganha agora uma mostra portentosa e única no Museu da Imagem e do Som, John Lennon em Nova York por Bob Gruen. O fotógrafo capturou imagens do cantor cuidando do filho recém-nascido, Sean, meditando, tocando piano, enrolando-se na mulher, Yoko, fazendo arranjos com Elton John. A exposição do MIS mostra a totalidade desse relacionamento entre o fotógrafo e seu foco de atenção. Está tudo lá em cerca de 170 fotografias e alguns postais (Gruen trouxe mais 40 fotos inéditas consigo ao Brasil). Elas registram desde assinaturas de contrato para discos a uma pose do dia anterior ao assassinato do músico inglês. As histórias das fotos também ganham relevo. A famosa pose de John de óculos vestindo uma camiseta sem mangas com a inscrição “New York City”, em 1974, por exemplo. Naquele momento, Lennon levara o fotógrafo à cobertura do predinho onde vivia para lhe mostrar o lugar onde teria visto um disco voador. A camiseta, daquelas de turistas do Central Park, tinha sido um presente do próprio Gruen, que cortou as mangas para a fotografia. 

Há dentro da exposição uma loja de discos de vinil que emula uma das lojinhas da Bleecker Street. Gruen fotografou todos aqueles astros: The Clash, Debbie Harry, Iggy Pop, Tina Turner. “Foi um período excitante, de muita energia. Havia o rock’n’roll, o glam, o punk, a disco music e o hip-hop, tudo na mesma cena. Dos shows que vi, posso dizer que nunca vi um show ruim do Clash”, afirmou.

Para o curador da exposição, o jornalista Ricardo Alexandre, o conjunto de fotografias reunidas tem a peculiaridade de apresentar um retrato amplo de um artista em transformação, que via sua arte como fruto da própria mudança pessoal. Entre 1965 e 1966, principalmente, diz Alexandre, John Lennon passa a ser, ele mesmo, o maior insumo de sua música. Os nove anos em que viveu em Nova York até a morte são marcados por isso, “a busca humana por significado, por um norte, por sentido”.

John Lennon em Nova York por Bob Gruen. Museu da Imagem e do Som (Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo). 20 reais. Terças a sábados, das 10h às 20h.
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