Ocupação Alceu Valença no Itaú Cultural
Ocupação Alceu Valença começa no dia 14 de dezembro, no Itaú Cultural, e revive a trajetória de um dos mais queridos e inventivos astros da MPB. Foto: Antonio Melcop

Mostra no Itaú Cultural revive a trajetória de um dos mais queridos e inventivos astros da MPB, Alceu Valença

Poucos artistas dão um sentido tão amplo à palavra “ocupação” quanto o pernambucano Alceu Valença. Artífice, desde os anos 1970, de um contrabando artístico das visões psicodélicas do Nordeste brasileiro para os Sudestes do mundo, Alceu ocupou a imaginação do povo brasileiro com seus beijos travosos de umbu cajá, seu talento de voyeur da praia de Boa Viagem, sua atuação como busker de si mesmo em restaurantes self-service ou pelas calçadas da Avenida Paulista.

Agora chegou a vez de fazer o trajeto oposto: ocupar Alceu Valença. A 48ª exposição da série Ocupação do Itaú Cultural homenageia a partir do dia 14, às 11 horas, o cantor pernambucano com uma arqueologia de sua história desde o nascimento na Fazenda Riachão, em São Bento do Una, no agreste pernambucano, há 73 anos.

A mostra alia o mergulho tradicional na obra do homenageado, seu legado de frevo, baladas, maracatus, baiões e rocks a um conceito tecnológico sempre avançado, de acessibilidade e inovação (é a própria voz do cantor que narra a experiência em 360 graus de uma das instalações). A cenografia é de Leopoldo Nóbrega.

Advogado formado pela Universidade Federal de Pernambuco, Alceu chegou a estudar em Harvard, selecionado após uma resposta enviada para a Associação Universitária Internacional sobre a proposição de se estabelecer “a relação entre cristianismo e o marxismo”. O texto está em exibição em um dos eixos da Ocupação. O percurso também passa pelo cinema, circo, literatura, poesia e dramaturgia, gêneros nos quais ele militou.

A mostra tem seis eixos, todos perpassados pelo simbolismo do agreste pernambucano. O público é recebido em uma antessala onde se lê o poema O Tempo (exposto também em braile). Depois, se penetra em um espaço de visualidade celestial, referência ao filme A luneta do tempo (2014). Em seguida, haverá a projeção de A Noite do Espantalho, filme de Sérgio Ricardo protagonizado por Alceu.

O segundo eixo percorre a obra e a ligação com Olinda. Haverá a exibição de um filme em Super 8 gravado pelo artista, uma obra imersiva em 360 graus e um tributo a Dom Helder Câmara, que ele viu por acaso na plateia de seu show. Além disso tudo, o público poderá criar uma playlist de suas favoritas do cantor. E tudo acaba, obviamente, em Carnaval – Alceu é um dos anfitriões mais disputados da festa carnavalesca de Pernambuco.

A Ocupação Alceu Valença se estende até 2 de fevereiro. A mostra tem curadoria de equipe do instituto, formada pelos núcleos de Artes Cênicas e de Música. A consultoria é de Julio Moura, autor de um livro sobre o artista, A luneta do tempo. Alceu Valença subiu pela primeira vez ao palco aos seis anos para concorrer em um concurso de talentos mirins de sua cidade. Aos 26, em 1972, estreou em disco em parceria com com Geraldo Azevedo (tem 31 discos gravados).

Dois shows celebram a música de Alceu no Itaú. No primeiro, no sábado, 14, às 20 horas, os músicos Alessandra Leão e Rafa Barreto apresentam Punhal de Prata, baseado nos quatro primeiros discos de Alceu. Às 19 horas do domingo, 15, será a vez do cantor Almério, um dos mais inventivos novos intérpretes da terra de Alceu.

Ocupação Alceu Valença. No Itaú Cultural, de 14 de dezembro (abertura às 11 horas) a 2 de fevereiro de 2020. De terças-feiras a sextas-feiras, das 9 às 20 horas. Sábados, domingos e feriados, das 11 às 20 horas
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