O editor Cauê Ameni foi um dos idealizadores da primeira edição da Flipei – Festa Literária Pirata das Editoras Independentes. Uma de dezenas de iniciativas paralelas à edição 2018 da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), a Flipei causou algum ruído na cidade colonial litorânea fluminense, por concentrar ao redor do barco ancorado à margem do rio Perequê-Açu um ideário e um grupo de debatedores à esquerda daqueles que ocupam a cenografia central de Paraty já há 16 anos.

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Na entrevista a seguir, Ameni explica a ideia por trás do barco pirata em que convidados como Guilherme BoulosMárcia TiburiMarcelo Freixo e Djamila Ribeiro (apenas para citar alguns dos nomes de maior densidade pop) debateram balançando ao movimento da marola, para uma plateia acomodada no gramado em frente, no continente. Ameni explica, por exemplo, por que políticos à esquerda (como Boulos e Fernando Haddad) figuraram entre os convidados da casa flipeira mantida pelas revistas Vogue Época (= Rede Globo): porque candidatos à direita, como Geraldo Alckmin Marina Silva, declinaram dos convites (impedidos que estão, segundo conjectura o editor, de andar pelas pedras de Paraty – ou por ruas quaisquer – sem ser vaiados).

No segundo bloco (abaixo), o organizador discorre sobre as relações (e talvez tensões) entre a Flip oficial, dominada pelo bloco editorial que encabeça as paradas literárias (leia-se Record, Companhia das Letras, Globo etc.), e os Flipei, constituídos num pool de editoras independentes, que têm dificuldades em expor e vender em redes lojistas também líderes, como Livraria Cultura, Saraiva etc. Aqui ele revela, por exemplo, que o barco, mesmo pirata, teve de pagar um valor de 2.500 reais (segundo ele, metade de outras iniciativas, digamos, off-Flip) para a organização da feira, como estratégia para evitar transtornos maiores (como, por exemplo, a falta de energia elétrica).

No último segmento, Cauê, que é também um dos donos da editora independente Autonomia Literária, fala sobre os títulos que tem lançado, recuperando best-sellers estrangeiros sobre a história recente da Síria ou da Palestina (por exemplo), que supreendentemente (ou não?) não provocam qualquer interesse comercial por parte do circuito literário das editoras que controlam a margem direita do rio Perequê-Açu, em pleno centro cenográfico da histórica Paraty.

 

Leia mais aqui sobre a independência possível dentro da Flip.

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