Estivemos com o ministro da Cultura Juca Ferreira, o secretário d e Políticas Culturais Guilherme Varella e um conjunto de ativistas, jornalistas e produtores de mídia em São Paulo para uma roda de conversa sobre as políticas públicas para comunicação e mídia, no Centro Cultural São Paulo.

Coloquei na mesa nossas propostas. Enquanto a regulamentação da comunicação não é encarada de frente, uma miríade de ações de mídia livre fizeram emergir um outro campo e novos sujeitos produtores de mídia. Mas tudo está fragmentado e desarticulado, e são poucas as iniciativas de articulação desse campo. Já tivemos, em 2010 e 2011, dois pequenos editais de mídia livre no Ministério da Cultura (MinC) que são referência até hoje.

Temos que propor novos arranjos e formas de apoiar essas ações.

O modelo industrial fordista, fabril, mecanicista vem dando lugar aos processos viróticos, por contaminação, em redes, que incide nos processos de produção de conhecimento, entre eles o jornalismo, o ativismo, a produção colaborativa de conteúdos.

Não que esse modelo de produção fordista deixe de existir (a mídia de massa está aí produzindo sua memética), mas perde a centralidade com a disseminação das redes sociais, plataformas, dispositivos de publicação e difusão de conteúdos. Essa produção instantânea realizada por uma multidão heterogênea desloca os intermediários clássicos: a corporação jornalística, o jornalista profissional, as agências de notícias, e põe em xeque a “reserva de mercado” que existia para os formadores de opinião corporativos. Aponta para outros modelos e campos, expandidos.

É esse campo que precisa de uma nova politica pública. E que vamos laboratoriar com as propostas que estão sendo mapeadas nesse e nos próximos encontros públicos com as redes.

No encontro, fizemos propostas concretas para uma política de mídia livre:

1. Pensar em um edital de redes que articule o campo, induzindo os grupos a proporem novos arranjos, e que sirva como mapeamento;

2. A partir do instrumento de autodeclaração dos pontos de cultura e mídia livre, mapear o campo e pensar em como visualizar esse novo sujeito politico, o produtor autônomo de mídia e conteúdo: mídia indio, mídia perifa, mídia ativista, conta d’água etc…;

3. Pensar em conjunto com o Ministério das Comunicações políticas em escala para a massa de mídias, para sair de um cenário de fragmentação e invisibilidade;

4. Não esperar a regulamentação da comunicação como uma politica salvadora, pois já estamos nos organizando sem ela.

Enfim, se a sociedade civil não está ativada e nem mobilizada, e o clima morno do debate indicava isso, pela primeira vez teremos como projeto não só buscar recursos para suas ações, mas reativar as redes e ressuscitá-las para um projeto comum!

 

(Ivana Bentes é secretária de Cidadania e Diversidade do Ministério da Cultura e pesquisadora de Comunicação da UFRJ.)

 

 

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