“Lepo Lepo”, “Beijinho no Ombro” ou “Beija-flor apaixonado”. Das duas primeiras, muitos já devem estar cansados de ouvir falar – ou tocar. O grupo baiano Psirico e a carioca Valesca Popozuda disputam palmo a palmo para ver quem fica com o hit do carnaval 2014. Já a última é uma composição de Alceu Valença gravada em dueto com Fafá de Belém especialmente para a folia deste ano. É o que o Brasil inteiro deveria estar ouvindo, mas um dia a gente ainda chega lá.
A “briga” deste carnaval estará circunscrita às primeiras duas músicas, que acumulam milhões de acessos no YouTube. E será uma corrida interessante de se acompanhar. Axé x funk. Será a primeira invasão dos batidões na maior festa popular do país. Isso já aconteceu em carnavais passados, mas não na proporção que se verá agora. Trilha sonora das periferias, o funk já faz parte do repertório das novelas brasileiras. Proibido e perseguido nas comunidades, o gênero está cada vez mais sendo incorporado pela indústria cultural.
A gravadora Som Livre lançou o CD “Pancadão das Marchinhas”. Alguns dos maiores (e mais aceitos) funkeiros do mainstream gravaram sucessos do carnaval. Anitta vai de “Chiquita Bacana” (“Pre-pa-ra, Chiquita”), Mr. Catra de “Índio Quer Apito”, MC Leozinho de “Ô Abre Alas” e Valesca Popozuda, claro, de “Maria Sapatão”. Pode não estourar em vendas, mas é simbólico ver os funkeiros se convertendo ao gênero – ou subvertendo as composições, e que Chiquinha Gonzaga, Chacrinha, Braguinha e outros autores de marchinhas carnavalescas tenham compaixão.
Uma dúvida é se Valesca Popozuda e companhia vão conseguir invadir a Bahia. Desde o último Festival de Verão de Salvador, “Lepo Lepo”, que fala do homem pobre que quer conquistar uma mulher, tomou conta das festas pré-carnavalescas. No iTunes Brasil, é a campeã em vendas digitais, à frente de “Beijinho no Ombro”. A música já foi tocada por Luan Santana, Gusttavo Lima, Ivete Sangalo e Aviões do Forró. Não estranhe, o hit é uma mistura de sertanejo, arrocha, pagode e axé music.
Não será fácil para o funk romper a supremacia da música baiana. Nascida nos anos 1980, a axé music passou a ter aparição midiática nacional quando, pelo menos para a imprensa da época, Luiz Caldas lança a música “Fricote”, do álbum “Magia” (1985). “Nega do cabelo duro/ Que não gosta de pentear/ Quando passa na baixa do tubo/ O negão começa a gritar/ Pega ela aí/ pega ela aí” virou o hit do carnaval de 1986, com direito a clipe no Fantástico, da TV Globo.
De lá para cá, a axé foi se moldando a partir de uma engenhosa fusão de diferentes estilos e gêneros musicais, do Brasil e do resto do mundo. Em cima dos trios elétricos, carnaval após carnaval, os grupos fundiam samba com lambada, frevo, reggae, ijexá, salsa, rock e lambada. A mistura da percussão com o som das guitarras passou a virar frequente em cada hit de carnaval. Já as coreografias davam uma forma estética à música.
Mas é lá de Pernambuco que surge uma música que mereceria toda a atenção dos foliões. A paraense Fafá de Belém lançou em seu site a música “Beija-Flor Apaixonado”, composição inédita do pernambucano Alceu Valença. É uma marchinha no melhor estilo frevo-canção dos carnavais de Olinda ou Recife. De ontem, hoje e sempre, porque lá a tradição é levada a sério.
Quem quiser, tem até o dia 10 para baixar aqui a música “Beija-Flor Apaixonado” gratuitamente.
Funk e axé, duas merdas fedorentas
O comentário é racista, ou só parece?
Parabéns e obrigado a vocês por nos darem oportunidade de curtir o que há de melhor na MPB.
Não conhecia o site “FAROFAFÁ” E NOTA + 1000.
Fafá tem razão, um dia ainda voltaremos a ouvir mais em nossas rádios e tv´s a boa música.
Oi!
Considerações/correções:
Há uns anos atrás fizeram um cd com funkeiros cantando marchinhas, não é a primeira vez.
E, também, não será a “primeira” invasão dos batidões na maior festa popular do país. Ano passado, o hit maior do carnaval já foi um funk, o incrível “Passinho do Volante”.
“Largadinho”, que foi o melhor axé lançado ano passado, vem tocando bastante esse ano, provavelmente pelo lançamento do dvd novo da Cláudinha Milk.
Axé!
“Nem axé, nem funk. Bom mesmo é um frevo-canção”
Bom, pra você, pra mim bom é Mpb e EDM paulistana.
Não entendi porque a frevo-canção deve ser ouvida e o funk e o sertanejo não. Seria esse texto uma manifestação de preconceito musical? O que faz o autor julgar que uma música merece mais atenção que a outra? Por que ele acha que uma é superior que a outra? Moralismo apenas, ou preconceito de classe em relação às músicas que vem do POVO, da favela??? Muito bem carta capital, disseminando preconceito contra as minorias. Estão de parabéns!
o comentario da colega acima foi muito bem colocado! não há sentido em fazer uma hierarquia entre generos musicais. baseado em que deve-se preferir um ao outro? preconceito de classe! muito feio pra revista esquerdista.