Esta é uma cidade muito doida.
Debaixo dela e nas beiradas dela corre um esgoto fabuloso.
Acima dela, os bares jorram um chope sedoso, o calor de 34 graus é espantado por galerias de ar-condicionado eterno. Até nas bancas de jornal tem ar-condicionado. Mulheres fantásticas entram e saem do bar a todo momento, e uma delas que está sentada numa mesa grande, sozinha, me deixa ver sua calcinha generosamente, deliberadamente.
A garota sarada toma suco de limão e come salada.
A gordinha vai à calçada fumar de 10 em 10 minutos e acabou de comer bisteca com polenta.
Terceiro chope e a mina já tá trançando. Continua com seu show off Broadway particular, já tirou a calcinha. Eu conto os trocados no bolso e preparo a retirada. Antes que ela tenha ideias.
Não consigo deixar de pensar que debaixo de nós corre um esgoto fabuloso, essa é a ideia que mais me assombra enquanto chego à estação.
O foda do metrô são essas batidas policiais. Estou na Estação Trianon-Masp quando entram os tiras, empurrando quatro pitbulls eletrônicos. Passam os aparelhos em todo lugar, nas botas do punk, na sacola de pão da velhinha, no meu laptop. Procuram drogas. As máquinas caninas substituem os antigos pastores alemães viciados das alfândegas do século 20, que cheiravam malas em aeroportos. É um software que reproduz a sensibilidade das células do epitélio nasal dos cães. A geringonça que resultou disso parece uma raposa mecânica, com uma bola na ponta do nariz metálico, lubrificada sei lá com o quê, mas que pinga nas coisas da gente – apostila, bolsa, hambúrguer, o que você estiver segurando -, como se fosse um cachorro resfriado. Essa merda cheira até 100 vezes mais do que um nariz humano.
A coisa passa por mim e me dá um calafrio, e o polícia com um rayban gigante e barba por fazer quase pisa no meu pé. O aparelho detecta alguma coisa na bolsa de escola de um moleque de uns 15 anos, provavelmente ‘canabissaris’, uma maconha alterada quimicamente, e eles o arrastam para fora do metrô. Seus gritos desesperados ainda ecoam no vagão quando chego na Estação Clínicas. Desço e passo pelas cabines Sexo Limpo. Foram instaladas aqui pelo Prefeito há um ano, o cara que se diz socialista. A prostituição é braba, ele resolveu fazer o mesmo que fazem em Amsterdã com os junkies. As moças de vida fácil podem fazer o serviço nas cabines, custa 1,50. Mas deveriam fechar as portas. Passo e olho inadvertidamente para dentro. O sujeito lá está batendo com força na cabeça da mulher que está agachada abraçada a sua cintura. É pancada de derrubar um boi, mas ela não interrompe o serviço. Sigo em frente.
Às vezes eu me reconheço em homens muito feios na rua. Nem sou essa ruína, mas estou em algum estágio a caminho daquilo, eu penso. O rosto parece ir derretendo aos poucos, as bochechas caem, os lábios pendem, como um boneco de cera perto de uma caldeira. Não se vê mais contornos nos olhos, eles estão embaralhados. Os dentes de baixo corroídos e protuberantes lembram os de um pequinês.
trecho do policial de ficção científica inédito A MORTE ENGARRAFADA, que talvez eu afinal lance em 2011, quem sabe?
Se vc lançar eu compro. Juro!
João, meu querido amigo, um natal azul prá vc!
Beijoos
Cris (Galatéia no mundo virtual,rsrs)
Garota, vc será sempre a mais linda da turma de 82/2!
Enviarei um autografado (escreverei "Para Cris: from Paraíba")
Hehehehehehehe
Saudade
ôpa, tô dentro! se vc lançar, eu vendo! e nem se preocupe com os autógrafos…eu mesmo os faço!
abs pra vc e bjs para a galatéia (uau!)
hahahahaha!
o velho careca!
falsificou muitos autografos no tempo do best-seller `certas palavras`, deste que vos fala e marquinho el negro!
besos
j.
peraí. fui citado em palavras incertas de velhos camaradas. então, convoco el pájaro, la gata galatéia y el carecone. todos falsificarão autógrafos no meu livro de auto-destruição ´às margens do rio são lourenço empaquei meu jegue e chorei`. a renda será revertida para a ong de proteção às lágrimas de crocodilo.