o goleiro waldir ofende a meta do morro da formiga futebol clube

suspeito que o waldir nem gostasse de futebol.
mas, para completar o time, entrava no gol.
aguentava na boa o sol na testa, buscava a bola na ladeira, sem reclamar.
divertia a trupe com suas defesas involuntárias.
uma mistura de waldir perez com sancho pança com cejas com rodolfo rodriguez com homer simpson.
como escreveu o pinduca no blog dele, o waldir nunca se alterava – todo mundo se inflamava falando de política e ele sempre com um sorriso, tranquilo.
era o braço direito do edvaldo santana.
de vez em quando ligava aqui para mim, timidamente, e dizia: jota, o edvaldo estará esse final de semana lá no sesc, você quer ir?
eu sempre correndo, sempre perdendo coisas fundamentais no caminho.
mas a voz do waldir ao telefone sempre parava tudo, o cara nasceu monge zen.
não sabia que tinha morrido, foi enterrado em guaianases.
ninguém me contou…
waldir, goleiro do sorriso tranquilizante, o que contrariava o belchior (“estava mais angustiado que goleiro na hora do gol…”).
o juvenal capturou a alma da figura.
waldir, deus te guarde!

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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter de jornalismo cultural desde 1986 e escritor, autor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019) e Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021)

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