dando prosseguimento, segue abaixo o depoimento literal de elke maravilha sobre seu entrevero com a jurada de calouros e cantora (umas das maiores de todos os tempos no brasil, por sinal) aracy de almeida.

tu verás que o texto abaixo, “o dia em que e.m. quase apanhou de a./de/a.”, foi inspirado na fala da elke, em parte livremente, em parte presamente ao ângulo de visão dela (aracy não está mais aí para contar essa, nem nenhuma, história). uns samples, umas colagens, umas invenções, umas reinvenções (alguma mentira, será?)…

brincadeira, brincadeira, só brincadeira, mas o que é que tudo isso suscita em cada um de nós, hein? como estão impressas no computador interno da gente as figuras da aracy, do chacrinha, do paulo sérgio, do pedro de lara, da elke, da joanna, da maria de fátima?

até tenho umas caraminholas na cachola, mas queria era ouvir de vocês…

à fala de elke, então, por favor:

“ah, chacrinha é o máximo (ri). Uma pessoa muito, muito incrível. um gênio, gênio no palco, gênio fora do palco. uma pessoa que era brasileiro mesmo. ele era brasileiro. o programa dele foi a última coisa brasileira que tivemos, né? porque ele botava tudo: preto, branco, roxo, com dente, sem dente, santo, demônio, puta, mau-caráter, louco, careta, tudo ali. Mostrava: ‘isso somos nós’.”

“logo que comecei, me botaram do lado do pedro de lara. ah, foi sopa no mel. uma coisa maravilhosa, pedro era uma coisa. (pergunto sobre aracy de almeida) aracy!, também lá, no chacrinha. aracy de almeida, maravilhosa, uma vez ela quase me deu porrada. Teve que vir a turma do deixa-disso, que ela ia me dar porrada.”

“seguinte. um dia chacrinha fez um programa na globo com todos os que foram calouros dele, os que deram certo e ficaram famosos. então foi a joanna, foi o paulo sérgio, foi… quem mais, meu deus? foram todos. e quem ganhasse, uma instituição de caridade ganharia um dinheiro, não sei o quê. e tinha uma moça que tinha recém-ganho no chacrinha, maria de fátima, me lembro até o nome. cantava muito bem, mas ainda não estava assim um sucesso. mas era muito boa. e eu era a primeira a votar.”

“nesse dia, eu me lembro muito bem, eu estava com um cabelo desse tamanho e uma pomba branca na cabeça, e era uma pomba de verdade, empalhada. uma pomba branca na cabeça, enorme. eu era a primeira a votar, pensei com meus botões: ‘sabe uma coisa? eu vou votar na maria de fátima, porque, coitada, ela não vai ter um voto. todo mundo vai votar na joanna ou no paulo sérgio’.”

“eu: ‘maria de fátima’. gente, eu votei na maria de fátima, todo mundo votou na maria de fátima. (enfatiza) todo mundo votou na maria de fátima. só ela, aracy de almeida, que votou no paulo sérgio, que ela era apaixonada. e ela pensou que eu tivesse feito uma tramóia com o júri. agora olha para a minha cara, se eu sou disso. mas parece que chamou, né?”

“gente, ela veio com tudo pra me dar porrada, um monte de homem teve que segurar ela, porque ia me dar porrada. ia. disse que eu estraguei o programa, que não sei o quê. aí o painho: ‘mas, elke maravilha, o que que você fez?’. falei: ‘painho, eu não fiz porra nenhuma, eu votei na maria de fátima porque achava que eu ia ser a única!’. olha…”

“(pergunto se ficaram brigadas depois disso) não, eu nunca briguei com ela, e ela também esqueceu (gargalha). ela tinha até o direito de me dar porrada, porque ela podia (gargalha). aquela podia (ri).”

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Editor de FAROFAFÁ, jornalista e crítico musical desde 1995, autor de "Tropicalismo - Decadência Bonita do Samba" (Boitempo, 2000) e "Como Dois e Dois São Cinco - Roberto Carlos (& Erasmo & Wanderléa)" (Boitempo, 2004)

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