eleitores procuram nome de vereador na lista do TSE
foto: tiago queiroz/ae

Nosso candidato a vereador era o Nabil, que não foi eleito.
Foi eleito o Dinei, antigo centroavante de cabelo descolorido do Coringão.
Foi eleito o pagodeiro Netinho.
Foi eleito o cantor Agnaldo Timóteo.
Foi eleito o prodigioso escritor Gabriel Chalita, integrante da Academia Paulista de Letras, grande artífice do desmonte da educação pública em São Paulo. O mais votado.
Celebrities & “picareties”.
Nenhum urbanista foi eleito.
Democracia é uma coisa doida.
Eu voto no Parque D. Pedro, e já acompanhei São Paulo votando no Pitta e no Maluf maciçamente.
Quando o Pitta ganhou, houve carreata na Paulista, muito carrão, muita picape celebrando. Lembro que tive vontade de dar uma cusparada numa Mercedes que passou buzinando. Essa gente não faz autocrítica, finge que nada aconteceu depois.
Depois, vi muita gente votar no basqueteiro Oscar contra o quixotesco Suplicy.
Votaram no “empolgante” Afif contra o combativo Mercadante.
Amigos mais radicais dizem que essa cidade é reacionária por vocação.
Não sei não. Elegeu Erundina.
Contra a tragédia que representava a volta do malufismo, SP elegeu Marta (com o apoio do Covas).
Mas Covas não teve a mesma sorte ao apoiar Lula contra Collor: a maior parte dos seus votos migrou para Collor, o flagelo das Alagoas. Onde andarão esses eleitores vira-casacas? Cartas para esse departamento aqui.
Mas não fico desanimado com São Paulo, porque também tem seus momentos de grandeza. Porque meus gostos eleitorais coincidem com os de muita gente boa, e isso me deixa feliz. Não quero ser visto do mesmo lado do Wadih Mutran, me desculpem.
Não culpo tanto o eleitor por suas escolhas. Inventam muito político em laboratório apenas para firmar vaidades, deixar demarcados “territórios” políticos de caciques arrogantes, e assim manipulam a vontade soberana do eleitor.
Meu amigo Juvenal sempre me clareia as coisas quando ligo pra ele desgostoso e ele me diz: “Que é isso? Agora é que vem a parte boa da luta”.
Salve, Juvenal! É isso! O que conta é a nossa disposição para a luta. Esmorecer jamais!

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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter de jornalismo cultural desde 1986 e escritor, autor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019) e Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021)

8 COMENTÁRIOS

  1. A campanha da Marta para o primeiro turno estava de salto alto. A de Kassab mais agressiva e pontual. Eu ia votar na Soninha mas acabei votando na Marta porque esqueci o número e achei que não podia perguntar para os mesários. A Soninha tem um discurso mais claro. Um novo sopro.
    Até a vitória, sempre!

  2. Pois é… Aqui também jaz um voto para o Nabil. Só a frase do Juvenal para animar o velório.

    Quanto ao Netinho, fiquei um pouco surpreso com uma entrevista ontem em um dos jornais da Cultura. Talvez ele esteja um pouco acima das Celebrities que estamos acostumados.

  3. Também tinha esperança de que dessa vez o Nabil seria eleito. Até o encontrei na padaria da Rodésia, na manhã de domingo, e estávamos confiantes.
    Só que isso foi apenas uma espécie de prelúdio para o tapa na cara que receberíamos mais uma vez do ‘povo paulistano’.
    Agora é fazer figa, arranjar um patuá bacana, porque tudo leva a crer, infelizmente, que o fantochinho continuará sentando na cadeira da prefeitura. E ainda ter que aguentar Netinho, Agnaldo Timóteo e afins vai ser dureza! Vixemaria… Mas vamo-que-vamo! Abraço!

  4. Tão reclamado do quê, paulistanos?
    Pelo menos vcs aí têm viadutos, marginais, vias rápidas. Eu sei, o trânsito está lotado, caótico. Mas ainda assim, há saídas. Por exemplo, essa banda belga que o Jotabê recomenda – de graça.
    Agora o que dizer de uma cidade careta, de 400 mil habitantes, cujo favorito pra levar agora no segundo turno é o dono do praticamente único jornal, latifundiário e filhote legítimo da ditadura (é do PP, que nem o Maluf). Aqui não vai ter show da DAAU. Nem pagando. As únicas três salas de cinema só acolhem blockbusters. Também não tem Sescs, A universidade federal, que já foi um barato, há 16 anos amarga administrações constrangedoras. E o Itamar Assumpção nunca esteve aqui. Nem estará.
    De Pelotas – RS, Roberto

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