um brasil novo, o do século xxi, é o que se pinta nas telas vívidas de “o céu de suely”, filme de karim aïnouz, ora em cartaz, se você for assisti-lo. de acordo com a proposta-mestra deste brasil novo, você troca o antiquado julgamento moral das personagens por que possa se interessar por uma outra e nova postura, a da aproximação amorosa, generosa, cúmplice destas mesmas personagens. você se aproxima de hermila (guedes), de suely e das multidões ocultas por trás delas (você ali dentro, da multidão) com afeto, graça e generosidade. porque, quando as personagens são generosas com elas próprias, você também se vê impelido/a a ser generoso/a consigo próprio/a.

e você faz isso porque está no século xxi, morando num país quente, numa sociedade moderna, florescente, de extração pós-moralista, em pleno xeque e choque de auto(re)avaliação.

na abertura de “o céu de suely”, surge de mansinho uma música de forte, fortíssimo impacto, a antecipar a personagem (ou pelo menos partes dela) que vai aparecer em poucos minutos. a música, em português, se chama “tudo que eu tenho”, e é uma versão feita por rossini pinto para “everything i own”, de david gates. a voz que a canta, em português brasileiríssimo, é de diana.


foi gravada no disco “diana”, cbs, 1972, sob direção artística de raul seixas, que é co-autor, também, de outro clássico do repertório de diana, “ainda queima a esperança” (“uma vela está queimando, hoje é nosso aniversário…”).

“tudo que eu tenho”, a música-tema que descortina um céu de suelys, é uma balada soul de altos teores, psicodélica, um roberto carlos louro de cabelos cacheados, voz aguda e cílios longos. diana, ex-esposa de odair josé, hoje sumida na multidão, é uma das formiguinhas componentes daquela multidão onde se aninham hermila(s), suely(s), eu(s) e você(s). desta diana não será possível você se aproximar sem carregar um caminhão de generosidade e amor dentro do coração, se você for ouvi-la.

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