Percussionista, compositor, cantor e produtor lança novo álbum em show hoje (20) no Teatro Sesc Napoleão Ewerton
A história é por demais conhecida: num carnaval no final da década de 1970 o paraense Luiz Cláudio veio à São Luís a passeio. Na Praça Deodoro, no Centro da capital maranhense, conheceu e apaixonou-se pelo Tambor de Crioula de Mestre Leonardo, de quem rapidamente tornou-se amigo e discípulo, e só voltou ao Pará natal eventualmente a passeio.
Maranhense por afinidade e pela absorção da polirritmia característica das manifestações culturais afrobrasileiras destas plagas, Luiz Cláudio tornou-se uma das maiores referências brasileiras quando o assunto é percussão, com seu nome figurando em fichas técnicas de discos e shows de Celso Borges, Ceumar, Cesar Teixeira, Claudio Lima, Lena Machado e Zeca Baleiro, para citar uns poucos.
À frente do estúdio Zabumba Records tem realizado um trabalho importante de registro e preservação de nossas tradições, sem perder o vínculo com o pop e o contemporâneo, tendo produzido álbuns dos bois da Liberdade, Maracanã e Santa Fé, entre outros, além de realizar trabalhos com compositores como Chico Saldanha e Elizeu Cardoso.
Luiz Cláudio acaba de lançar O Som É Cruel, seu novo álbum, em que reúne ampla gama de parceiros, convidados especiais e ritmos – de bumba meu boi e tambor de crioula a tribo de índio, balada, samba, reggae e até mesmo um gipsy jazz cantado em português e francês decantado de uma toada de bumba meu boi (“Adeus”, de Mestre Zió, do Boi de Leonardo, vira “Adieu”, na versão de Manlio Macchiavello, que toca violão na faixa).
O álbum abre simultaneamente em tom saudosista e otimista, na letra de “Um Lugar Pra Ser Feliz (Aqui Ou Em Qualquer Lugar)” (Luiz Cláudio/ Zeca Baleiro), que aborda justamente essa dualidade geográfica do artista, entre a origem e o destino, cantada em dueto com o conterrâneo Allan Carvalho.
Um dos pontos altos do álbum é a faixa-título, outra parceria com Baleiro, com ecos de funk e uma reflexão sobre a capacidade que a música tem de evocar sensações e sentimentos os mais diversos. A Luiz Cláudio, na interpretação, somam-se as participações especiais do parceiro e de Elizeu Cardoso.
“Jah Não Sou Sexy” ironiza a passagem do tempo e o etarismo, com a certeza que o reggae continua vivo e pulsando, sobretudo na terra escolhida por Luiz Cláudio e seu parceiro Otávio Rodrigues (percussão e base eletrônica na faixa), o Doctor Reggae, que também voltou a morar em São Luís – os dois, inclusive, estrearam recentemente a dupla Melô Banhô, assunto para outra ocasião. Além dos autores, a faixa traz as vozes de Regiane Araújo e Anna Claudia, irmã de Luiz, como ele paraense radicada há tempos no Maranhão.
A longa lista de instrumentistas de O Som É Cruel reúne nomes como Marquinhos Mendonça (violão em “Um Lugar Pra Ser Feliz”), Mauro Travincas (baixo em “Um Lugar Pra Ser Feliz”), Fernando Nunes (baixo na faixa-título e em “Beduíndia”), Israel Dantas (violão e guitarra em “Rolê”), Madian (violão, voz e parceria em “Pungada de homi”) e Rui Mário (acordeom em “Duanna e Malu”), entre outros.
“O velho rádio jamaicano ainda pulsa”: “é reggae, lambada, tambor,/ pedrada na beira do mar”, sintetizam os versos de “Jah Não Sou Sexy” e da faixa-título, respectivamente.
Serviço: Luiz Cláudio lança O Som É Cruel em São Luís em show hoje (20), às 20h, no Teatro Sesc Napoleão Ewerton (Condomínio Fecomércio, Av. dos Holandeses, Jardim Renascença). O músico estará acompanhado por Dicy (voz e vocais), Jeff Soares (baixo, guitarra, violoncelo e violão nylon), Daniel Nobre (violão aço e guitarra) e Luís Cruz (bateria e percussão), com participações especiais de Ricardo Sandoval (percussão), Kadu Galvão (percussão) e Fernando San (violão), além dos convidados Djalma Chaves, Elizeu Cardoso, Otávio Rodrigues, Anna Claudia e Manlio Macchiavello. Os ingressos custam R$ 20,00 e podem ser adquiridos na bilheteria do teatro.
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Ouça “O Som É Cruel”: