Poesia em dose dupla

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Rua morta. Capa. Reprodução
Rua morta. Capa. Reprodução

Luís Inácio Oliveira e Celso Borges lançam “Rua morta” e “Boi”, hoje, no Solar Cultural da Terra Maria Firmina dos Reis

A editora Isis Rost inventou a Passagens quando resolveu transformar em livro seu trabalho de conclusão de curso em Ciências Sociais, na Universidade Federal do Maranhão. “O risco do berro – Torquato, neto: morte e loucura” (2018) foi a primeira publicação de uma editora que vem colocando títulos valiosos na rua, entre livros impressos (vendidos nas melhores casas do ramo) e e-books – todos os livros, incluindo os “de papel”, estão disponíveis no formato, para download gratuito, no site da editora. Foi por lá que este repórter publicou “Penúltima página: Cultura no Vias de Fato” (2019), coletânea de entrevistas e textos publicados entre 2009 e 2016 no saudoso jornal mensal.

Boi. Capa. Reprodução
Boi. Capa. Reprodução

Dois volumes da coleção “Livrinho também é livro” serão lançados hoje, em noite de autógrafos que acontece a partir das 19h, no Solar Cultural da Terra Maria Firmina dos Reis (Rua Rio Branco, 420, Centro): “Rua morta”, de Luís Inácio Oliveira, e “Boi”, de Celso Borges. A citada coleção é composta por livros pequenos, apenas no formato, de leitura ligeira.

No caso do primeiro, um poema escrito a partir de uma fotografia antiga da Rua das Hortas, no Centro de São Luís. Professor do departamento de Filosofia da Universidade Federal do Maranhão, Luís Inácio, especialista em Walter Benjamin, flana por paisagens, memórias, dúvidas. Começa o poeta: “É uma foto da Rua das Hortas/ talvez de 1905/ ou de 1909,/ talvez de 1910,/ antes de minha avó Higina/ ou de dona Zezé Goiabeira e seu Agenor terem nascido/ não sei se tirada por Gaudêncio Cunha/ ou algum desses fotógrafos anônimos/ que foram contratados pra tirar fotos/ pitorescas da cidade,/ fotos tiradas pra virar cartão postal”. Também chama atenção o projeto gráfico inusitado do livro, que se desdobra como se fosse uma cartela de cartões postais.

Ambos datam de 2020, mas ainda não tinham ganhado lançamento presencial, em razão do isolamento social imposto pela prolongada pandemia de covid-19. “Não ouvimos as toadas, matracas e zabumbas dos bois do Maranhão em 2020. Não brincamos. Esta é a primeira vez na história, desde quando o boi se apresenta em quintais, terreiros, largos ou arraiais da cidade, que ouvimos apenas o silêncio ensurdecedor de nossa representação mítica mais potente. Este livrinho nasce dessa não voz, ou da poesia dessa voz na memória, ou do afeto que vislumbro a partir da falta do boi e suas zoadas essenciais”, escreveu Celso Borges em “O silêncio do boi não é do boi”, texto que apresenta “Boi”, coletânea de poemas e letras de música ao redor do universo do bumba meu boi, escritos por ele ao longo do último quarto de século.

Além dos títulos de Luís Inácio Oliveira e Celso Borges, a Passagens vai botar banca e outros títulos da editora estarão disponíveis na ocasião.

Serviço: lançamento de “Rua morta”, de Luís Inácio Oliveira, e “Boi”, de Celso Borges. Hoje (29), às 19h, no Solar Cultural da Terra Maria Firmina dos Reis (Rua Rio Branco, 420, Centro).
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