Jair Bolsonaro enviou para o Senado Federal, para sabatina, o nome de dois novos diretores para compor a diretoria colegiada da Agência Nacional de Cinema (Ancine). O detalhe é que são os mesmos e contestados nomes de sempre: para o cargo de diretor-presidente da Ancine, foi ratificado o nome de Alex Braga Muniz, que já vinha exercendo a função em caráter interino desde a renúncia de Christian de Castro. O outro nome indicado é o de Vinicius Clay Araújo Gomes – a surpresa foi a retirada oficial do nome de Edilásio Barra, o pastor Tutuca, da indicação ao Senado. Assim, o pastor, que chegou como amigo pessoal do presidente, parece carta fora do baralho agora.
Ocorre que o Senado terá que examinar e eventualmente aprovar o nome de dois réus na Justiça Federal por improbidade administrativa. Alex Braga e Vinicius Clay. Eles serão julgados, juntamente com Edilásio Barra e o procurador Fabrício Tanure, pela 11ª Vara Federal. No dia 19 de maio, deverão ser ouvidos pelo juiz Vigdor Teitel e apresentar à Justiça “propostas para a definição de prazos e cronogramas para o regular funcionamento da produção cultural audiovisual do país”.
Segundo a publicação do presidente da República no Diário Oficial desta sexta-feira, o esquema de manutenção da diretoria atual da Ancine prevê que haverá uma espécie de vácuo no colegiado: o mandato de Alex Braga Muniz como diretor da agência expira agora em 14 de maio, e o novo mandato como diretor-presidente (dessa vez efetivo) deverá se iniciar em 20 de outubro de 2021 (quando expiraria o mandato de Christian de Castro). Se Alex Braga fosse sabatinado agora, só lhe restaria cumprir o resto do mandato de Castro, cinco meses. Portanto, ele deverá exercer um “mandato-tampão” até sua efetivação pelo Senado para um mandato cheio de 5 anos.
A outra questão relativa a esses nomes diz respeito ao seguinte: sua situação na Ancine é irregular. Eles ocupam os postos na diretoria colegiada como diretores substitutos há um ano e meio, fazendo um sistema de “rodízio”: como a regra diz que não podem ficar mais de seis meses como substituto, eles têm sido reconduzidos para vagas alternadas de diretores que já saíram.
Outra publicação relativa à direção da Ancine publicada hoje no Diário Oficial indicou três novos nomes para compor a lista de substituição na direção da agência. Os três nomes saíram de uma lista tríplice feita em fevereiro dentro da agência e indicada ao presidente. O primeiro substituto é Mauro Gonçalves de Souza. Ele é de cota política do grupo no poder, é ligado à deputada Soraya Santos, da tropa de choque do Centrão, e foi assessor parlamentar do deputado bolsonarista Philippe Poubel, do PSL do Rio de Janeiro. Poubel invadiu um hospital de campanha em São Gonçalo, em janeiro de 2020, armado.
Os outros dois nomes são Tiago Mafra dos Santos (segundo substituto) e Jorge Luis da Rosa Gomes (terceiro substituto).
Depois da companhia DOCAS-RJ, ai está a deputada Soraya Santos dominando a Ancine e o FSA pelos próximos 5 anos. Vamos lembrar que ela é do partido do Valdemar da Costa Neto e sempre foi a principal aliada do…EDUARDO CUNHA!
É muito amor pelo audiovisual!
Todo esse debate não pode ser apenas pontual, sob risco dos problemas se repetirem sazonalmente. Não interessa quem é o lacaio ou preposto da vez atuando na Ancine! O que interessa é mudar o sistema de regulação e fomento, democratizar a política pública do audiovisual e das comunicações no Brasil. É preciso, antes, compreender a superestrutura criada e alimentada cotidianamente pela elite hegemônica.
Dados da própria Ancine demonstram concentração da captação de recursos do FSA nas mãos de poucas empresas produtoras, como Gullane, Glaz, O2, Conspiração e outras que fazem o atual “núcleo duro” da produção e que cresceram nos últimos 15 anos, desmontando as estruturas do “baronato” do “cinemão”, que possuía suas raízes no cinema novo. Um mérito (?), mas que merece reflexão, especialmente em relação aos malefícios que trouxe para o funcionamento da agência e para o sistema de financiamento e regulação: a burguesia audiovisual integra a elite hegemônica.
O “baronato no cinemão” se estabeleceu nos anos 70 em parceria com a ditadura militar, como sócia na Embrafilme, apesar do discurso de esquerda e as composições com qualquer governo, de Médici a Temer, passando por FHC, Lula e Dilma, com o hiato do desmonte Collor. A “nova burguesia” do audiovisual se estabeleceu no governo Lula, aumentando a sua influência nos sindicatos, CSC e CGFSA até a ponto de chegar a ter vaga na diretoria da agência. Muito mais sutis e articulados que o baronato; mais próximos dos jovens realizadores e com discurso progressista, porém com o mesmo interesse patrimonialista do “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Quanto mais, melhor, afinal, quem faz melhor do que eu? É uma versão gourmet do feudalismo e das capitanias, com um núcleo pensante que se resume em poucas ruas do Leblon, Jardins e demais bairros da nobreza no eixo Rio-SP, que observa as desigualdades sociais do país com os seus confortáveis filtros e lentes. A eles cabe dizer o que o povo quer ou como o povo é.
A “nova burguesia” do audiovisual tem um bom discurso de esquerda, até genuíno na origem; tem qualidade nos seus “produtos”, mas o mesmo comportamento do baronato anterior: apetite por concentração recursos, fazer composições com as majors e se manter como a “nomenklatura” estabelecida, ditando o seu modelo de linguagem.
A apropriação de recursos no fomento direto do FSA, no qual tais empresas chegam com vantagens competitivas desiguais baseadas em falso discurso de mérito, se repete na concentração de recursos na captação no fomento indireto, via imposto de renda no caso dos arts. 1º e 1º-A, e, especialmente, na relação com a Globo, com os grandes distribuidores estrangeiros (majors) – em relação aos arts. 3º e 3º-A, e nas programadoras internacionais, em relação ao art. 39, no benefício fiscal da Condecine Remessa.
O sistema é desigual e excludente!
Formou-se um ciclo vicioso, que se retroalimenta. Exemplo: se me alio a Globo, uso seu star system, me projeto, é natural que consiga atrair futuramente mais investimentos da própria Globo e com isso me alavancar nos concursos de captação de fomento indireto nas grandes empresas patrocinadoras (BNDES, Petrobras etc). Para isso, aceito ceder os anéis e os dedos na cessão de direitos à GloboFilme. Eventualmente, essa parceria me dá direito a ser terceirizado em produções da Globo ou dos canais da Globosat (Multishow, GNT…) ou tê-los como parceiros quando concorrer ao fomento direto do FSA. Ter a Globofilme como “codistribuidor” (eufemismo para “investidor privado com dinheiro público”) ou um canal da Globosat como licenciado para primeira exibição e contar com um star system de atores e diretores da Globo, faz a pontuação “alavancar” nos editais do FSA, o que naturalmente concentra recursos. Ao acessar mais facilmente os recursos do FSA, por sua vez, tenho maior poder de barganha para obter recursos de fomento indireto com patrocínio de empresas ou mesmo vencer editais regionais de fomento direto.
Daí a dificuldade de uma produtora de Pernambuco, Ceará, Minas, Rio Grande do Sul ou demais estados fora do eixo RJ-SP furar o bloqueio.
Com raras exceções, muitas dessas empresas que pavimentaram um canal com a Globo possuem um DNA identificável: sócios com antecedentes na grande publicidade; ex-funcionários da própria Globo ou filhos de pessoas estabelecidas no mercado e na classe artística (pedigree).
No caso de quem vem da publicidade, o acesso à parte comercial é desigual; existem pontes estabelecidas. Além do mais, são empresas que mantém sua atuação publicitária e sua fonte alternativa de renda. Para quem é filho de peixe, as portas e sorrisos estão naturalmente abertas; é o movimento natural da elite, que se protege e detesta outsiders.
O processo, em maior ou menor grau, se repete junto às majors e programadoras internacionais. Da mesma forma que nas representações locais das majors antigamente existiam quadros oriundos da Embrafilme, atualmente a ponte comercial, os consultores e escritórios de advocacia especializados que atuam para os diversos agentes e outros elementos criam a sinergia concentradora. Novamente, claro, há um custo para tal acesso.
Num primeiro momento, não há nada de errado ou ilegal nisso, são movimentos capitalistas naturais. Sim, capitalistas: por maior que seja o discurso de esquerda, todas essas grandes empresas produtoras são capitalistas; algumas montadas como sociedades anônimas, baseadas no lucro, na distribuição de resultados para os seus sócios, associações comerciais com grandes grupos de mídia (e submissão aos seus interesses), parcerias com investidores rentistas etc. Lógico que são “capitalistas à brasileira”: maximizam resultados e lucros com recursos públicos, no qual o Estado paga seus custos e compra seus riscos.
Existe até certa boa intenção de parte desta elite; gostam de tratar de temas sociais, de inclusão. A famosa “consciência social”; expiação de culpa de quem tem comida farta no prato e dorme em cama confortável.
Porém, a cadeia de concentração montada, as relações habituais e a pouca transparência degenera e cria situações deletérias. As irregularidades observadas na gestão dos mecanismos de fomento, como demonstrado nos relatórios de auditoria da própria Ancine, indicam um quadro no mínimo desorganizado. Os estudiosos das políticas públicas do audiovisual encontrarão ali um manancial inesgotável para compreender o que realmente é o audiovisual brasileiro.
O mesmo ocorre no trabalho feito pelo TCU. A pergunta deveria ser: a quem interessa ou interessou não ter análise de prestações de contas entregues por quase 20 anos? Quem se beneficiou disso? Uma agência que fez tantos concursos e alterou a lei para ampliar o quantitativo de cargos, pode alegar falta de pessoal? Como ocorria o planejamento das ações? Foi mero erro de gestão por quase duas décadas? Por que isso não constava como problema efetivo em relatórios de gestão ou nas atas do CSC, CGFSA ou da diretoria da agência? Como eram dados os pareceres técnicos ou jurídicos? O tratamento dado aos agentes era equânime?
Outra pergunta é se poucos se beneficiam da política de fomento e regulação da agência e se muitos se prejudicam; do acesso aos recursos à análise da prestação de contas.
As redes de interesse, cooptação e domesticação instituídas criam um clima de submissão aos grandes interesses de quem detém o poder econômico. A burocracia instalada dá um ar de legalidade e os discursos dúbios dão uma base de legitimidade. A maioria aplaude o circo e a boiada passa.
Isso tudo é uma perversão odiosa aos princípios da política setorial, baseada na pluralidade de conteúdo e na diversidade das fontes de informação. Alguém acredita que empresas produtoras com grande custo operacional e hábito de boa vida possuem interesse sincero na regionalização, em abrir mão ou diminuir a sua fatia no bolo para possibilitar o ingresso e estabelecimento de novos entrantes, quebrando as barreiras de entrada e mudando a atual lógica do “mérito” na captação de recursos? Tais empresas estão preparadas para aceitar uma cláusula de saída e diminuir a sua participação para que o audiovisual seja mais plural e diverso? Elas estão preparadas para correr seus próprios riscos, captando recursos privados, com retroinvestindo seu lucro (sim, lucro)? Elas estão preparadas para mudar o sistema de financiamento e perder assento no CSC e no CGFSA para pequenos produtores, coletivos e trabalhodores(as) do setor? Tais empresas bancam projetos de empresas pequenas sem exigir direitos, ou praticam outro tipo de ação de responsabilidade social?
A história nos demonstra que a burguesia esclarecida costuma se aliar aos anseios populares no primeiro momento, proporcionando uma mudança que lhes beneficie, tornando-se depois na nova classe exploradora. O audiovisual hoje possui a nova aristocracia, que tem representação no CSC e CGFSA, mas se cala perante dos desmandos de um governo reacionário; ou vimos alguma manifestação combativa dos membros destes conselhos denunciando de maneira vigorosa o desmonte, nas suas reuniões e atas, na proposição de ações? Estão domesticados, silenciados, calados, com uma ou outra manifestação tímida em entrevistas ou eventos; exceto, claro, nas rodinhas e nos bares.
Somente rompendo com isso será possível transformar a Ancine, de uma agência potencialmente capturada por interesses privados ou sob ingerência autoritária do governo da vez, em uma arena plural, democrática e efetiva na implementação das políticas públicas.
Não serão os agentes da “burguesia do audiovisual” ou os remanescentes do “pelotão do cinemão”, encastelados em seus vícios pequenos burgueses, suas redes estabelecidas e com sua revolta domesticada que trarão qualquer mudança sistêmica.
Também não serão os servidores da Ancine que farão essa transformação. Como Marx e Engels sinalizavam e Lenin tão bem nos ensina em “Estado e Revolução”: “[…] Na posse do poder público e do direito de recolher os impostos – escreve Engels -, os funcionários ficam, como órgãos da sociedade, acima da sociedade. O livre respeito voluntário que era devido aos órgãos da constituição gentílica não é bastante para eles, mesmo se o pudessem ter…. Criam-se leis especiais acerca da santidade e imunidade dos funcionários. […] Na república democrática – prossegue Engels – a riqueza exerce o seu poder indiretamente, mas com tanto mais segurança», a saber: em primeiro lugar, por meio da «corrupção direta dos funcionários (América), em segundo lugar por meio da «aliança de governo e Bolsa» (França e Alemanha). […] O poder de Estado centralizado, próprio da sociedade burguesa, surgiu na época da queda do absolutismo. As duas instituições mais características desta máquina de Estado são: o funcionalismo e o exército permanente. Nas obras de Marx e Engels fala-se repetidas vezes de como mil laços ligam estas instituições precisamente à burguesia. […] O funcionalismo e o exército permanente são um «parasita» no corpo da sociedade burguesa, parasita gerado pelas contradições internas que dilaceram esta sociedade, mas precisamente um parasita que «obstrui» os poros vitais. […] a pequena burguesia é atraída para o lado da grande e é submetida a ela, em grau significativo, por meio deste aparelho, que dá às camadas superiores do campesinato, dos pequenos artesãos, dos comerciantes, etc., lugarzinhos relativamente cómodos, tranquilos e honrosos, que colocam os seus possuidores acima do povo.[…] A este respeito é particularmente notável uma medida da Comuna sublinhada por Marx: abolição de todos os dinheiros de representação, de todos os privilégios pecuniários dos funcionários, redução dos vencimentos de todos os funcionários do Estado ao nível do «salário operário». É aqui exatamente que se manifesta de modo mais evidente a viragem da democracia burguesa para a democracia proletária, da democracia dos opressores para a democracia das classes oprimidas, do Estado como «força especial» para a repressão de uma classe determinada, para a repressão dos opressores pela força geral da maioria do povo, dos operários e dos camponeses. […] A elegibilidade completa, a amovibilidade a cada momento de todos os funcionários públicos sem excepção, a redução dos seus vencimentos ao habitual «salário operário», estas medidas democráticas simples e «compreensíveis por si mesmas», unindo completamente os interesses dos operários e da maioria dos camponeses, servem ao mesmo tempo de ponte que conduz do capitalismo para o socialismo. Estas medidas dizem respeito à reorganização estatal, puramente política da sociedade, mas só adquirem, naturalmente, todo o seu sentido e importância em ligação com a realização ou a preparação da «expropriação dos expropriadores», isto é, com a transformação da propriedade privada capitalista dos meios de produção em propriedade social.[…] Do campesinato, assim como de outras camadas da pequena burguesia, apenas uma insignificante minoria «sobe», «se torna alguém» no sentido burguês, isto é, se converte ou em pessoas abastadas, em burgueses, ou em funcionários privilegiados e com uma posição garantida. A imensa maioria do campesinato, em qualquer país capitalista em que exista campesinato (e estes países capitalistas são a maioria), é oprimida pelo governo e aspira a derrubá-lo, aspira a um governo «barato». Só o proletariado pode realizar isto, e, ao realizá-lo, dá ao mesmo tempo um passo para a reorganização socialista do Estado.”
Os servidores, na maioria ativa, estão mais voltados a mudar para manter tudo como está: seus altos salários, seus pequenos poderes feudais, sua pseudo relevância medida pelo tamanho da burocracia que eles mesmos criam e realimentam, parasitando as estruturas, no dizer de Lênin. A grande parte dos demais tem baixa reflexão, medo de perder sua posição, seu status de pequeno burguês ou remoção para Brasília. Tem medo da mudança, de perder relevância e ir parar em outro órgão incerto. Passar num concurso vira um fim em si mesmo, que não é servir ao público, mas garantir a sua sobrevivência e conforto, os privilégios advindos. A mobilidade social faz com que os de origem pobre esqueçam de onde vieram e se sintam pequenos burgueses, ainda que jamais serão aceitos pela elite que realmente comanda. São apenas os seus servos domesticados ou escravos da Casa Grande.
A ação de improbidade comentada na notícia do Farofafá apenas traduz um tipo esperado de comportamento de grande parcela dos servidores. Quantas revoltas estamos vendo nos órgãos federais? Quantos servidores das áreas finalísticas estão pedindo exoneração dos cargos comissionados?
Não se deve esperar nada do Poder Judiciário. Mais cedo ou mais tarde, nas diversas instâncias, as redes de compadrio operam; a elite se fala e age de maneira efetiva.
Nada se deve esperar de um governo autoritário e que tem desprezo pela cultura e sonha em domesticar seus agentes.
Tão pouco se deve esperar algo dos membros do Ministério Público. As conversas vazadas na Lava Jato demonstram um alinhamento servil à elite, até preconceituoso. O espasmo de um membro isolado do MPF que parece ter uma militância sincera não é suficiente para que se acredite que outros membros estejam imunes às redes de compadrio; afinal, muitos são da mesma elite do Leblon e dos Jardins, os vasos comunicantes e interesses cruzados ou familiares, que podem acarretar em seletividade ou visão distorcida dos fatos, são muito fortes. A credibilidade do MPF hoje está arranhada na sociedade.
A mudança virá dos excluídos, do povo, dos coletivos, dos pequenos produtores, dos militantes das Tvs comunitárias e universitárias; do real campo público. É preciso uma revolta. É preciso uma reflexão e propostas reais de mudança. É preciso pressão.
As diversas entidades que não foram drogadas ou domesticadas pelas relações concentradoras de recursos precisam se levantar. A matéria precisa ir para um debate na Câmara, no Senado, nas redes. Ganhar densidade, ter propostas factíveis e concretas sobre regionalização; alocação de recursos baseada em conceitos de redistributivos e acesso democrático; radicalização da diversidade de conteúdos e pluralidade das fontes de informação; capacitação inclusiva e ações afirmativas no acesso aos recursos; simplificação da estrutura burocrática na concessão de recurso – inclusive com sistemas de distribuição que não inclua a Ancine, separando fomento da regulação; ruptura com os interesses dos grandes grupos de mídia; regulação dos serviços de streaming (VoD); regulação efetiva da concessão da radiodifusão (TV Aberta).
Depois disso tudo, claro: FORA BOLSONARO! FORA DIRIGENTES SUBMISSOS DA ANCINE! POR UM AUDIOVISUAL DEMOCRÁTICO!
Ué???
Agora é que eu não mais nada mesmo… O presidente anterior foi afastado por minar a candidatura de Alex Muniz por “notícias falsas” (mas que ao que parece ainda estão em apuração).
Isso significa dizer que o que “estragou” a candidatura foi uma mera notícia de irregularidade.
Agora o mesmo Diretor que É RÉU DE UMA AÇÃO DE IMPROBIDADE é indicado pelo presidente.
ISSO NÃO FAZ O MENOR SENTIDO!!!!! Coisa de louco!
Rememorando Tarantino em “Bastardos Inglórios”, esse pessoal tem que lembrar que estão tatuando “BOLSONARO” na testa para o resto das suas vidas. Vale a pena?
ALEX BRAGA, VINICIUS CLAY, TUTUCA e outros serão tão lembrados quanto IPOJUCA PONTES é lembrado como coveiro do cinema brasileiro na era Collor. São os “NOVOS IPOJUCAS”, só que muito piorados. Ipojuca seguia um governo neoliberal, cujo presidente foi afastado em escândalo de corrupção, só que seguia institucionalmente mal ou bem a democracia, foi opção programática de eleitores equivocados e até arrependidos. Já Bolsonaro é considerado um pária mundial, sob acusação de ter concorrido para o agravamento de uma pandemia que ocasionou a morte de, até agora, 400 mil pessoas. Um governo que patina com 37% de aprovação, odiado por mais da metade da população, odiado internacionalmente, imerso numa profunda crise econômica, considerado por muitos um governo tecnicamente desqualificado, despreparado e medonho.
Os nomes indicados hoje são os nomes DESTE GOVERNO, considerado por muitos autoritário, reacionário, machista, homofóbico e enrolado em rachadinhas, que não governa, apenas vive tentando evitar um impeachment a qualquer tempo.
Que essas pessoas não se enganem: não vão conseguir se esconder ou “ter um cargo” pelos próximos 5 anos. O mandato só existe se a Ancine existir. De um lado, Bolsonaro não parece ter qualquer apreço em manter a Ancine e é conhecido em atirar em aliados e puxa sacos pelas costas; adora usar mas se livra fácil de aduladores. Por outro lado, se o (des)governo perder em 2022, basta o novo governo propor por MP no dia seguinte EXTINGUIR ESSA ANCINE DECRÉPITA E MORIBUNDA, e criar uma outra estrutura. Os carguinhos serão extintos e esse pessoal vai parar na lata de lixo da história. Não vai adiantar mudar de pele, o B de BOLSONARO estará tatuado na testa.
Não é possível que uma pessoa que se RECUSA a comparecer em audiências públicas na Câmara, que desrespeita o legislativo, possa ter seu nome indicado para sabatina no Senado Federal. Deputado Calero, o Senhor lembra? Deputada Jandira, Deputado Tadeu Alencar, Deputado Paulo Teixeira, Deputada Lídice da Mata, vocês lembram? Dr. Sérgio Suiama, do MPF, o Senhor lembra?
Não consigo entender tanto apego. Por que desejam continuar aferrados ali? O que querem? Protegem ou escondem algo? Ou é por ideologia bolsonarista? É amor ao cargo, a comissão? Ego? Vaidade? Necessidade de autoafirmação? Necessidade de curar traumas, frustrações ou rejeições através do pequeno poder? Não tem lógica, são réus em ação de improbidade exatamente por paralisarem a Ancine, sem considerar a hipótese de terem concorrido ou se omitido com a situação promovida pelo Osmar Terra quando tentou cancelar o edital da EBC com recursos do FSA.
Que os deputados e senadores REPROVEM tais indicações ainda na comissão. Se a comissão aceitar, que sejam REPROVADOS no plenário.
Vamos ver se o SIAESPE, SICAV, ABRACI, APACI, ABD, API, CONNE, BRAVI e tantas outras entidades assistirão isso passivamente. É a hora de todos e todas enviarem emails aos deputados(as) e senadores(as) contestando tais indicações. De protestarem perante o senador(a) relator(a). De irem nas reuniões da Comissão responsável para protestar e pressionar cada senador e senadora. De lotarem as galerias do plenário se tais aberrações prosseguirem.
É hora da massa do audiovisual em cada estado, os que foram prejudicados por essa trupe com a paralisação da Ancine, promover encontros com seus deputados e senadores, independente do partido, e pressionar pela reprovação. É a hora dos secretários(as) estaduais de cultura reprovarem tais indicações, assinarem moção de REPÚDIO.
É a hora do MPF protestar contra esse absurdo e promover as medidas juridicas cabíveis.
Não podemos assistir passivamente os “camisas pardas” tomarem passivamente de assalto o “Reichstag”, pois sabemos que isso desagua na Noite dos Cristais (Kristallnacht), na perseguição, na tortura, nos campos de concentração e no extermínio programado.
Quem se calar não poderá reclamar no futuro. Não há espaços para isentões.
O que eu quero saber é se esse grupo político aí de indicados vale “um pequi roído”.
Se vale, tudo bem, bota no arroz, mas cozinha bem e cuidado com espinhos… Se não vale, vai pro lixo, sem dó nem piedade.
Sobre essa questão fálica de poder, quantidade e tamanho…essa necessidade de cargos para curar frustrações incrustadas no ser, eu deixo aqui a canção da Paula Toller e do Leoni…
Garotos gostam de iludir
Sorriso, planos
Promessas demais
Eles escondem
O que mais querem
[…]
São sempre os mesmos sonhos
De quantidade e tamanho…
Garotos fazem tudo igual
E quase nunca chegam ao fim
[…]
São sempre os mesmos sonhos
De quantidade e tamanho…
[…]
Garotos perdem tempo pensando
Em brinquedos e proteção
Romance de estação
Desejo sem paixão
Qualquer truque
Contra a emoção…
Choooora esquerdalhada! Não sei o motivo de tanta farofada! É porque acabou a mamata? Estão com medo da análise das prestações de contas?
VAMOS DEIXAR OS MENINOS DO BOLSONARO EM TRABALHAR EM PAZ!
Tenho certeza que com ALEX BRAGA e VINICIUS CLAY na Ancine, conduzidos por nosso brilhante Secretário MÁRIO FRIAS e sob o braço forte e mão amiga do nosso Presidente JAIR MESSIAS BOLSONARO, não teremos mais filmes indecentes como “Bruna Surfistinha” nem apoteose de comunistas, como “Mariguella”.
Queremos que o dinheiro público seja utilizado para filmes educativos, que traduzam os valores da PÁTRIA, da FAMILIA e do CRISTIANISMO.
Todo apoio a ALEX BRAGA e VINICIUS CLAY na marcha da valorização da CULTURA NACIONAL CONSERVADORA!
BRASIL ACIMA DE TUDO, DEUS ACIMA DE TODOS!
FORA COMUNISTAS!!!!!!