David Harvey, um dos intelectuais marxistas mais citados no mundo, mostra em Os sentidos do Mundo (editora Boitempo) como a geografia mundial está constantemente sendo feita, refeita ou destruída para absorver os excedentes de capital que se acumulam rapidamente. Cita, como exemplo e argumento inicial, a construção de uma cidade chinesa para 130 milhões de pessoas financiada com dívida pelo governo da China. Poucos países podem se dar a esse luxo nos dias de hoje. Mas, acompanhando a história desde os anos 1970, Harvey consegue mostrar que essa é a tônica do capitalismo mundial.
Essa obra reúne ensaios escolhidos pelo próprio autor, abarcando temas que vão do imperialismo às crises financeiras, da urbanização à ecologia, do espaço e lugar ao meio ambiente. Em sua concepção, o desenvolvimento geográfico desigual é um elemento ativo para fazer girar a máquina capitalista, que necessita de excedente barato de mão-de-obra, terrenos disponíveis para expansão da produção e apaziguar crises sociais e políticas. Leitura complexa, mas necessária.