Cena de Parasita, filme da Mostra Internacional de Cinema
Cena de "Parasita", filme de Bong Joa Mostra Internacional de Cinema

COM 300 FILMES INÉDITOS E PRESENTE EM 34 SALAS, O EVENTO DRIBLA OS ATAQUES À CULTURA EM CURSO NO BRASIL

A maratona cinematográfica vai começar. A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, criada em 1977 pelo crítico Leon Cakoff como um evento exclusivo do Museu de Arte de São Paulo, vai estar presente em 34 salas, de 28 espaços, com 300 filmes inéditos. É um ato de resistência, em um ano de ataques frontais à cultura, simbolizados pelo fim de 16 anos de patrocínio da Petrobrás, pela quase não realização do Anima Mundi e pelo Festival do Rio que só aconteceu por meio de uma campanha de financiamento coletivo. E esta edição traz uma portentosa seleção de filmes premiados mundialmente.

Parasita, de Bong Joon Ho, Palma de Ouro do Festival de Cannes, e Sinônimos, de Nadav Lapid, vencedor do Urso de Ouro em Berlim, se destacam. São duas histórias fortes, que partem de situações aparentemente cotidianas, mas que em seu desenrolar se revelam imprevisíveis e incontroláveis. O filme de Joon Ho mostra um casal com um filho e uma filha que decidem enganar e viver às custas de uma família milionária. Pode-se interpretar a película como uma metáfora do mundo que cria abismos entre ricos e pobres. Mas o foco do diretor é sobre a vida parasitária, sem rodeios ou contemporizações, na qual camadas sociais se veem obrigadas a simplesmente sobreviver, como puderem. Já a ficção de Lapid traz como protagonista o jovem israelense Yoav, que foge de seu país e migra para Paris. Em uma narrativa frenética e bem humorada, Yoav decide se tornar um legítimo francês, lutando para abandonar não só sua nacionalidade, mas também sua identidade. 

Cena de Wasp Network
Cena de Wasp Network, da Mostra Internacional de Cinema – Foto Divulgação

A abertura da Mostra será em 16 de outubro, no Auditório Ibirapuera, com Wasp Network, do francês Olivier Assayas, com presença do autor, que será homenageado e ganha uma retrospectiva de suas obras. Seu novo longa é uma adaptação de Os Últimos Soldados da Guerra Fria (Companhia das Letras), de Fernando Morais, que mostra a vida de cinco cubanos presos políticos, acusados de espionagem e assassinato nos Estados Unidos. O filme tem no elenco Penélope Cruz, Gael Garcia Bernal e Wagner Moura. Para encerrar a mostra, dia 30, o filme escolhido foi Dois Papas, de Fernando Meirelles, protagonizado por Jonathan Pryce (papa Francisco) e Anthony Hopkins (Bento XVI). Amos Gitai, diretor israelense, receberá um prêmio nesta edição. Além de um livro lançado, uma seleção de seus filmes serão reexibidos (ele já foi homenageado na 31ª edição).

Mais destaques

A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Karim Aïnouz, filme brasileiro que foi indicado ao Oscar, estreará em São Paulo dentro da Mostra. Um de seus potenciais rivais é o argelino Papicha, que narra a história de uma jovem estilista, apaixonada por moda, que contesta a escalada moralista do islamismo em seu país, ao lutar para que mulheres tenham o direito de vestirem o que quiserem. Pela primeira vez, haverá exibições de filmes no Theatro Municipal. Os ingressos e as entradas permanentes para o evento começam a ser vendidos no sábado dia 12, a partir das 11 horas.

43º Mostra Internacional de Cinema. De 17 a 30 de outubro. Programação em 43.mostra.org.
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