Desde que lançou seu álbum de estreia, Mansa fúria (2018), Josyara já dizia a que veio: cantora potente, compositora inspirada, violonista com personalidade.
Nesta sexta-feira (11) a artista lança Avia (Deck, 2025), seu terceiro álbum autoral (faça aqui a pré-save) – sozinha ou em parceria, ela assina oito das 10 faixas do novo trabalho. As exceções são as releituras de “Eu gosto assim” (Anelis Assumpção), que abre o disco, e “Ensacado” (Cátia de França e Sérgio Natureza).
São parceiras de Josyara Iara Rennó (em “Seiva”), Pitty (em “Sobre nós”), Juliana Linhares (em “Eu não sou prova de amor”) e Liniker (em “Peixe coração”).
Josyara assina todos os arranjos do álbum, além de dividir sua produção com Rafael Ramos. Nesta multiplicidade de funções, reafirma sua baianidade e a força da mulher nordestina, atestando suas competências em todos os ofícios.
“Pra me sacar não tem segredo/ sou bem fácil de acessar”, dizem os primeiros versos da faixa de abertura, em que Josyara (violões, samples, piano e voz) desfia gostos e desgostos acompanhada por Alberto Continentino (baixo), Carlos Malta (flautas e saxofone) e Kainã do Jêje (bateria e percussão).
Se “Eu gosto assim” fala de escolhas (gostar disso e não daquilo), a segunda, “Seiva”, é sobre o direito ao prazer e também a escolhas, à liberdade em suma, sem nunca perder de vista a poesia.
O violão percussivo de Josyara, característica que nela se destaca desde o álbum de estreia, ganha evidência em “De samba em samba” (Josyara), em que além de Alberto e Kainã, está acompanhada por Thiago da Serrinha (cavaquinho, cuíca e surdo), Carlinhos 7 Cordas (violão sete cordas), Felipe Ventura (violino e viola), Marcus Ribeiro (violoncelo), Diogo Gomes (trompete), Jorge Continentino (saxofone e flauta) e Marlon Sette (trombone), além do coro de Cleyde Jane, Fael Magalhães, Janeh Magalhães e Rômulo Nascimento. Josyara assina os arranjos de cordas (com Felipe Ventura) e de sopros (com Diogo Gomes).
A faixa seguinte é outra que merece destaque: “Eu não sou prova de amor” tem levada de samba-choro. É outra composição que versa, em seu menos de minuto e meio, sobre a liberdade feminina e exigir o recíproco: no amor ninguém merece ter menos do que dá. “Eu sou, eu sou assim/ O que posso dar/ mas prova não sou/ não me peça tão pouquinho/ se não for pra me beijar”, diz a letra.
Avia tem ainda participações especiais de Chico Chico – em “Oasis (A duna e o vento)”, que fecha o álbum – e Pitty, com quem canta na releitura de “Ensacado”, lançada por Cátia de França, referência confessa de Josyara, em seu icônico álbum de estreia, 20 Palavras ao Redor do Sol (1979).
“Avia significa deixar correr, caminhar, despachar, adiantar, concluir. A escolha por esse nome para o disco sugere exatamente essa interpretação: seguir em frente, fazer acontecer”, comenta Josyara, que, livre para decidir os rumos que quer tomar, vem constituindo uma obra singular, ainda (ou justamente por isso) que com álbuns tão distintos entre si.
Mandinga multiplicação (Deck, 2024), título do EP que dedicou ao repertório da Timbalada, é síntese possível de sua trajetória: sua personalidade plural firma a artista como um dos nomes mais importantes de sua geração, quando o assunto é música popular brasileira.