Cinema no Brasil se recupera em ritmo mais lento do que na maior parte do mundo

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'Barbie' foi a maior bilheteria de 2023 no Brasil, com 10,7 milhões de espectadores

A maior bilheteria do cinema brasileiro de 2023 foi o filme Nosso Sonho, filme biográfico sobre a dupla funk Claudinho e Buchecha (direção de Eduardo Albergaria), com 505 mil espectadores, seguido da comédia Minha Irmã e Eu (468 mil espectadores; o detalhe é que o filme estreou na última semana do ano), Os Aventureiros – A Origem (418 mil), Mamonas Assassinas (314 mil) e Mussum, o Filmis (212 mil). Os longas-metragens nacionais tiveram uma participação de apenas 7,5% no total de sessões realizadas nos cinemas nacionais, ante 92,5% dos longas estrangeiros (Barbie foi visto por 10,7 milhões de pessoas, Super Mario Bros. – O Filme, foi visto por 6,6 milhões, e Velozes e Furiosos 10 foi visto por 6,5 milhões.

O retrato do desempenho do cinema no Brasil no ano que passou, revelado esta manhã no Informe Anual da Ancine, mostra uma desaceleração no processo de recuperação do cinema brasileiro, que o coloca no momento entre os de piores desempenhos do mundo, à frente apenas da Turquia. A média brasileira de recuperação (65,5%) é inferior à da Argentina (92%), Portugal (80%), México (67,9%), França (86%), Estados Unidos e Canadá (65,7%). O total de público ainda não retornou ao nível pré-pandemia, segundo salienta o estudo, sendo aproximadamente 36% menor em 2023 na comparação com 2019.

“As dificuldades de recuperação do setor são globais mas, respeitadas as diferenças, verifica-se que a recuperação do mercado de cinema no Brasil acontece num ritmo ainda mais lento que em outros mercados relevantes”, afirma a Ancine. Foram lançados 161 longas-metragens nacionais e 254 filmes estrangeiros no Brasil em 2023. A própria Ancine lembra que foi um ano sem Cota de Tela (sem a obrigatoriedade da exibição mínima de produção nacional nas salas de cinema), e o resultado (3,7 milhões de espectadores no ano) foi 84,6% menor do que o obtido em 2019 – antes da intervenção bolsonarista no cinema e da pior gestão da Ancine desde sua criação, contraproducente e de caráter sabotador de sua própria produção.

A agência, por meio do observatório, projeta para 2024 um ano melhor: em três meses de 2024, já se contam 5 milhões de espectadores nas salas de cinema para o filme nacional, com uma participação de mercado, até agora, de 24,9%, o que mostra uma recuperação. O retorno das chamadas públicas e editais colocou 500 milhões de reais de investimento na produção, e o resultado deve se mostrar em breve. Entretanto, não houve investimento na capacidade da Ancine – por exemplo: a agência já possui cerca de 4 mil projetos em sua superintendência de Prestação de Contas e, com os novos editais, terá agora outros 5 mil projetos para examinar contas, o que vai além de sua capacidade de análise.

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