O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) realiza no Rio de Janeiro nesta quarta-feira, 30, das 9 horas às 18h30, no Teatro do BNDES (Avenida República do Chile, 100, Centro), o seminário BNDES do Audiovisual Brasileiro. O seminário, coordenado pelo ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira (atualmente assessor da presidência do banco), aponta para uma retomada do papel do agente financeiro como impulsionador da produção audiovisual brasileira. “O Ministério da Cultura chegou a ser extinto. Políticas do cinema e do audiovisual foram particularmente afetadas. Instalou-se um ambiente de perseguição e difamação no setor, e ampliaram-se as dificuldades para o cinema e o audiovisual, desregulamentando sua economia e retirando regras e normas para seu bom funcionamento”, escreveu Juca Ferreira em artigo no jornal O Globo, fazendo um diagnóstico de tempos recentes no setor.
Ferreira fará o encerramento do seminário, do qual participam o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e a ministra da Cultura, Margareth Menezes. O ex-ministro da Cultura diz que o seminário foi organizado para escutar as vozes da produção, distribuição, exibição, do setor técnico e outras e iniciar um novo ciclo no cinema brasileiro. Para Juca Ferreira, que também revelou intenção de criar um Departamento de Cultura no BNDES, a desregulamentação do ambiente cinematográfico no Brasil esteve na ordem do dia no setor.
“Pela importância cultural e econômica, o tema tem que ser tratado como interesse nacional, parte da nossa soberania. São muitos os aspectos desta economia que estão sem regulação. Esse ambiente ‘terra de ninguém’ vem tendo um impacto considerável sobre o cinema e o audiovisual brasileiro e sua economia e pode inviabilizar nosso cinema”, defendeu, em agosto. “Alguns aspectos dessa falta de lei e das regulações necessárias podem ser resolvidos imediatamente. Cota de tela é uma delas. Impedir que um filme blockbuster estrangeiro ocupe praticamente todas as salas de exibição no período das férias escolares é tão escandaloso que não tem discussão. Outros temas, mesmo precisando de regras urgentes, dependem de certa elaboração, como é o caso da regulação do VOD e do streaming e as regras para funcionamento das plataformas globais no mercado brasileiro. Cada dia que passa, ficamos mais vulneráveis e o cinema brasileiro e sua economia mais longe de se viabilizar”.
O diagnóstico de urgência feito por Juca Ferreira não coincide com a agenda seguida pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) nos últimos anos. Os investimentos desapareceram, a perseguição política foi institucionalizada e o regime de terror se utilizou de argumentos fiscalizatórios para instaurar um regime de exceção política na agência. Apesar disso, o aparato contraproducente instalado na Ancine persiste sendo o mesmo dos últimos 6 anos – dois deles no governo de Michel Temer e quatro no de Jair Bolsonaro.
Na programação do seminário, haverá uma homenagem ao decano produtor e cineasta Luiz Carlos Barreto e à atriz Fernanda Montenegro, além da participação do ator Lázaro Ramos, com fala a respeito da importância do audiovisual para o desenvolvimento do país. Há pouco tempo, Ramos acusou censura da direção da Ancine, assim como Wagner Moura indicou perseguição à sua produção Marighella. O evento terá quatro painéis, com os temas: “Experiências de fomento nacionais e internacionais”; “Infraestrutura, tecnologia e qualificação”; “Audiovisual e cinema: perspectivas para um novo ciclo” e “Articulando as instituições do audiovisual no Brasil”. Participarão dos debates gestores públicos, especialistas, representantes de associações de profissionais e de empresas do setor, incluindo a secretária do Audiovisual do MinC, Joelma Gonzaga; os presidentes da Ancine, Alex Braga; da ApexBrasil, Jorge Viana; da EBC, Antonia Pellegrino; da Embratur, Marcelo Freixo; e do Sindicato da Indústria Audiovisual (Sicav) e vice-presidente da Firjan, Leonardo Edde.
O evento será transmitido ao vivo no canal do BNDES no YouTube: youtube.com/bndes.
SERVIÇO:
Seminário BNDES do Audiovisual Brasileiro. Nesta quarta-feira, 30 de agosto, das 9h às 18h30. Teatro BNDES – Av. República do Chile, 100, Centro, Rio de Janeiro
