Morre Carlos Gonzaga, intérprete de ‘Diana’, pioneiro herói negro do rock’n’roll

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O cantor e compositor mineiro Carlos Gonzaga, morto aos 99 anos

No início de tudo, na década de 1950, antes de Ronnie Cord, Tony Campello, Demetrius e Erasmo, houve Carlos Gonzaga.

Nascido na pequena Paraisópolis, Minas Gerais, Carlos Gonzaga morreu nesta sexta-feira, aos 99 anos, num hospital da cidade italiana de Velletri, no Lácio, segundo informou sua página no Facebook. Ele entrou para a história do rock’n’roll brasileiro em 1958, com uma versão de Diana, de Paul Anka, vertida para o português por Fred Jorge. A balada foi um marco para o gênero no Brasil, ajudando a consolidar o emergente rock’n’roll como uma febre da juventude brasileira. Ele também fez muito sucesso com o tema da série de TV Bat Masterson, de faroeste, nos anos 1960.

Negro e pobre, Carlos Gonzaga não teve caminho fácil para o estrelato na música da juventude. Garoto ainda, carregava malas de viajantes e chamava a atenção por sua afinação e repertório moderno. Após ser contratado pela Rádio Piratininga, já com talento e afinação reconhecidos nacionalmente, seguia trabalhando numa fábrica de pratarias para complementar a renda. Cantava guarânias, calipso e samba canção até 1957, mas o rock’n’roll (e antes o twist e foxtrot) o empurrou para o sucesso, levando-o até o Festival de San Remo e lhe deu diversos prêmios, como o Roquette Pinto. Em 1960, passou a atuar também no cinema, no filme Virou Bagunça, ao lado de Emilinha Borba, Zezé Macedo e o Trio Irakitan.

Foi astro de uma era de versões, nas quais pontificou com, além de Diana, Só Você (Only You), Quero te dizer (It’s not for me to say), Meu Fingimento (The Great Pretender) e Passeando na Chuva (Just walking in the rain). Também gravou composições próprias e ficou mais de 20 anos como artista contratado da RCA Victor. Seu declínio começou com o avanço da Jovem Guarda, que modernizou os ritmos importados e passou a impor um repertório mais autoral aos intérpretes. Nos anos 1970, com a novela Estúpido Cupido, voltou a ficar em evidência – sua gravação de Diana estourou de novo nas paradas de sucesso. Vivendo nos últimos anos em Santo André (SP), chegou a participar de programas de auditório de Raul Gil e do Programa Silvio Santos, no quadro Para ou Continua.

Apesar de um certo ostracismo, os fãs nunca o esqueceram. Alguns postaram mensagens de saudação. “Vem viver pra mim, Diana!”, escreveu Eder Alves no Facebook, lembrando seu maior sucesso.

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