Macalé celebra 80 anos “cantando na encruza”

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Retrato: Leo Aversa/ Divulgação
Retrato: Leo Aversa/ Divulgação

“Jards Anet da vida, ou melhor, da selva, ou pior, da Silva”, apresentava-se Jards Macalé na abertura de “Aprender a Nadar” (1974). O cantor e compositor carioca completa 80 anos hoje (3) e disponibilizou nas plataformas de streaming o single “Coração Bifurcado”, parceria sua com o paulista Kiko Dinucci.

A percussão afro-brasileiríssima de Rodrigo Campos e Thomas Harres abre dizendo a que veio o novo samba do oitentão. Na sequência se ouve um coro feminino (Analimar Ventapane, Dandara Ventapane e Maíra Freitas), “dói, dói, dói, dói, dói/ um amor faz sofrer/ dois ‘amô’ faz chorar”, evocando a inspiração “romântica” dos malandros do samba.

Sobre as faixas do disco vindouro, Macalé anuncia: “eu resolvi fazer um disco falando de amor como um gesto político, mas também amoroso. É como se fossem 12 personagens: em cada faixa, um deles conta a sua história de amor. Essa foi a minha ideia”. Sempre à frente de seu tempo, há 20 anos, ele já havia colocado o amor na bandeira brasileira, no título de seu disco de 2003, “Amor, Ordem e Progresso”.

O antológico disco de estreia, “Jards Macalé” (1972), completou 50 anos ano passado e desde então, o artista tem se equilibrado entre o rótulo de “maldito” – que se costuma pregar em qualquer um que não aceite os ditames do mercado (outrora as gravadoras) – e de gênio, às vezes incompreendido, às vezes não creditado (caso dos violões e direção musical de “Transa”, de Caetano Veloso, outra obra-prima da música brasileira).

“Coração Bifurcado” intitula o novo álbum que sai em abril. Como desde sempre, Macalé se acerca de parceiros: além de Dinucci estão lá Rodrigo Campos, Clima, Guilherme Held, Alice Coutinho e Rômulo Fróes, da nova geração, Ronaldo Bastos, outrora onipresente em rádios, de uma geração, digamos, intermediária, um dos letristas mais constantes do Clube da Esquina, e José Carlos Capinan, parceiro desde antes do disco de estreia, quando em 1969 abalaram as estruturas do 4º Festival Internacional da Canção com “Gotham City”.

No single, Macalé (voz e violão) está acompanhado por Guilherme Held (guitarra), Pedro Dantas (baixo e synth bass), Rodrigo Campos (cavaquinho, ganzá, tantan, repique de anel, agogô, pandeiro, tamborim e reco-reco) e Thomas Harres (bateria, atabaque e conga), além do citado coro.

“Coração Bifurcado”, o disco que chega mês que vem, sucede “Besta Fera” (2019), em que Macalé tinha trabalhado com a citada nova geração, e “Síntese do Lance” (2021), que dividiu com o cantor, compositor e pianista João Donato.

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Ouça “Coração Bifurcado”:

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