A poesia antifascista de Ademir Assunção

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Bolsonaro devolveu o Brasil ao mapa da fome. Foto: reprodução
Bolsonaro devolveu o Brasil ao mapa da fome. Foto: reprodução

A pouco mais de uma semana das eleições mais importantes do país, numa quadra histórica em que o fascismo nada de braçada – e precisa ser extirpado, a bem da combalida democracia –, ainda há quem ache que arte e política não se misturam ou, pior, não devem se misturar.

Não é o caso do poeta Ademir Assunção. Paulista de Araraquara, o jornalista formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) tem mantido uma postura independente e crítica, seja em sua poesia, seja no jornalismo, seja na prosa de ficção que também escreve.

Ademir Assunção é um dos mais importantes poetas em atividade no Brasil, o que de algum modo é chancelado pelo Prêmio Jabuti que levou em 2013, com o volume de poemas “A voz do ventríloquo” (Edith Editora, 2012), mas não só.

Autor de livros como “LSD nô” (Iluminuras, 1994), “Zona branca” (Altana, 2001) e “Risca faca” (Demônio Negro, 2021), entre outros, tem dois CDs gravados, “Rebelião na zona fantasma” (2005) e “Viralatas de Córdoba” (2013), em que amplia o alcance da poesia para além da página do livro, em uma experiência sonora que está para muito além da leitura de poemas com trilha sonora – ou fundo musical.

Seus livros “Faróis no caos” (Sesc/SP, 2012) e “Deus salve a rainha e evite engarrafamentos” (Editora UnB, 2019), compilações de entrevistas e reportagens publicadas na grande mídia, valem por semestres inteiros em faculdades de jornalismo.

Ademir Assunção é também um dos mais ferrenhos críticos do governo neofascista de Jair Bolsonaro e, antes, do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. Em 2018, reagindo à prisão arbitrária do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, à época, como agora, líder em todas as pesquisas de intenção de voto, ele organizou, com Marcelino Freire, o volume “Lula livro”, trocadilho com o bordão “Lula livre”, repetido à exaustão pela militância e por toda pessoa de bom senso e senso de justiça. A obra, publicada de forma independente, reuniu 86 poetas, prosadores, intelectuais, fotógrafos e cartunistas se manifestando sobre o episódio.

Há algum tempo Ademir Assunção vem experimentando também em outro território poético. A princípio distribuía poemas animados via whatsapp; depois, começou a apresentá-los em seu canal do youtube, onde hoje lançou “Um idiota no meio do caminho”, cujo título trocadilha a pedra de Drummond para prever o desastre bolsonarista – o vídeo foi lançado hoje, mas o poema foi escrito em 2018.

A descrição do vídeo é sucinta: “poema para afugentar o maligno”, referindo-se à grande possibilidade de Jair Bolsonaro ser derrotado já no primeiro turno. Além do texto e da voz, também são de Ademir Assunção a animação, colagem sonora e efeitos.

Assista:

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