Ladrões entram no Museu do Trem, no Rio, e furtam 16 sinos de bronze

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Vagão pertencente ao acervo do Museu do Trem, no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro

Ladrões entraram na madrugada desta segunda para terça-feira, 2 de agosto, no Museu do Trem, no bairro do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, e furtaram 16 sinos de bronze, entre eles uma peça da época do Império, da Estrada de Ferro D. Pedro II, que tinha um peso de cerca de 200 quilos. Como o Museu do Trem é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2011, a competência sobre o caso é da Polícia Federal, que foi ao museu e iniciou uma investigação.

No momento do roubo, o museu mantinha dois vigilantes armados no local, e a polícia quer saber como os ladrões levaram peças pesadas de forma tão sorrateira. Seria necessária uma picape ou um caminhão para carregá-las, ou então diversos homens. Experts consideram que o valor das peças é inestimável, já que são insubstituíveis. O museu vive uma situação de descaso insólita: está atualmente acéfalo, sem diretoria, e é frequentemente usado como depósito da Superintendência Regional do Iphan no Rio.

Com mais de mil itens, o acervo abrange equipamentos ferroviários, utensílios, mobiliário e locomotivas – entre elas a primeira locomotiva brasileira, a célebre Baronesa, construída na Inglaterra, movida a vapor e a primeira a trafegar na estrada de ferro de Petrópolis, em 1854. Outros destaques são um vagão usado pelo ex-presidente Getúlio Vargas e outro onde viajou o Rei Alberto I, da Bélgica, quando esteve no Brasil em visita oficial, em 1922. O Museu e a sua coleção pertenciam à Rede Ferroviária Federal (RFFSA), extinta em 1999, cujo acervo de valor histórico e cultural foi transferido aos cuidados do órgão local do patrimônio histórico.

Instalado nas edificações onde ficava o galpão de pintura da antiga Estrada de Ferro Pedro II, o Museu do Trem foi montado e inaugurado em 1984 e, pela relevância história de seu acervo, reconhecido e tombado pelo patrimônio. Mas o abandono e o descaso já comprometem de tal forma sua manutenção que a situação chamou a atenção do Ministério Público Federal (MPF). Em 2015, o MPF-RJ recomendou obras emergenciais de conservação no museu, além de projetos para execução de obras completas de restauração. A recomendação também pedia o retorno de parte significativa do acervo. Dois anos depois, o MPF/RJ ajuizou ação civil pública para garantir o repasse de recursos do governo federal para a preservação da história ferroviária abrigada no museu, além de garantir a segurança e a manutenção de seu edifício e acervo tombados.

O MPF constatou irregularidades em inspeções que mostraram que o museu teve a sua área de extensão total diminuída de 250 mil m² para 6 mil m² por conta das obras de construção do Estádio do Engenhão, em 2011. Por conta disso, parte do acervo foi parar na Estação Leopoldina, onde foi mantido de forma inadequada.

Alguns dos sinos que foram deixados para trás pelos ladrões no Museu do Trem; muitos já estavam pelo chão do museu, com a deterioração de seus suportes

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