Gusttavo Lima durante live em que chorou e falou em parar de cantar após escândalo; parece que mudou de ideia porque fez um show de 1 milhão em Magé nesta quarta, 8

O deputado Alencar Santana Braga (PT-SP), líder da Minoria na Câmara dos Deputados, oficiou no dia 1º de junho o Ministro da Economia, Paulo Guedes, para prestar esclarecimentos a respeito da atuação da empresa One7, fundo de investimentos que administra a carreira do cantor sertanejo Gusttavo Lima, e explicar sua relação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Segundo o requerimento de informações, o deputado diz que a One7 é um fundo de investimentos que fechou contrato milionário com Gusttavo Lima no auge da pandemia, comprando a administração da carreira dele (e de outros 6 artistas sertanejos) por R$ 200 milhões. Desde então, em tese, seria a empresa a cuidar das negociações de turnês – embora, ressalta o deputado, a agenda de shows, logística e locações continue nas mãos do cantor. “E ela tem parcerias pra lá de estranhas com o setor público”, diz o requerimento. A One7 chamou a atenção pelo nome (Um Sete, ou 17, número de campanha do então candidato Jair Bolsonaro na eleição de 2018).

Ainda segundo o requerimento, há cinco meses, o CEO do fundo One7, João Paulo Fiuza, compartilhou em seu Linkedin uma comemoração: “Muito honrado com a seleção da One7 no edital do BNDES que avaliou o potencial de 73 empresas em relação ao alcance de MPMEs em busca de crédito, fortalecendo nosso propósito de impactar positivamente a vida das pessoas. Na chamada pública, One7, XP Asset (gestora da XP Investimentos, que cancelou essa semana uma pesquisa de intenção de voto por causa do resultado, que desagradou seus investidores) e a Acqio atuaram juntas na apresentação da proposta selecionada. Ao total teremos R$ 400 milhões disponíveis para novas operações”, afirmou Fiuza. O BNDES confirmou a informação, por meio de seu site, de que iria investir R$ 320 milhões em um fundo para ajudar pequenos e médios empresários. Porém, a empresa que cuida de Gusttavo Lima só investiu R$ 20 milhões, embora administre um valor quase vinte vezes maior.

O cantor Gusttavo Lima teve diversos shows cancelados após a revelação de que receberia 1,2 milhão de reais para tocar no dia 20 de junho em Conceição do Mato Dentro (MG, a 167 km de Belo Horizonte) – 275 mil a menos do que o que os Rolling Stones receberam do Banco do Brasil em 2015 para apresentar a turnê 14 on Fire em quatro capitais brasileiras (1,475 milhão por show). O show cancelado do sertanejo em Conceição do Mato Dentro seria em um município cuja população é estimada em cerca de 17 mil habitantes e o orçamento anual é de apenas 689 milhões de reais. Durante uma live posterior, o cantor chegou a chorar e ameaçar parar de cantar. Mas a sangria desatada não foi estancada: nesta quarta-feira, 8, Gusttavo fez show em Magé, Rio de Janeiro (cujo prefeito manteve a extravagância, apesar das advertências), cobrando 1 milhão de cachê ao município (dez vezes mais do que a prefeitura investe em cultura em um ano inteiro).

O cancelamento provocou um efeito dominó na agenda de shows dos sertanejos em todo o País, com diversos cancelamentos de artistas já milionários, como Wesley Safadão – cachês faraônicos contrastam com a situação de penúria da maior parte dos municípios brasileiros, como Teolândia, na Bahia, um caso revelado pelo FAROFAFÁ.

O deputado salienta que a linha de crédito do BNDES se destina a empréstimos a pequenos e médios empreendedores, e a imprensa já noticiou que o faturamento anual de Gusttavo Lima chega a 100 milhões de reais. “Chama a atenção que ela (a empresa) tenha bancado tanto para o sertanejo, mas apenas 5% para o fundo federal. A finalidade do presente Requerimento de Informação é entender quais os critérios utilizados para a aprovação e qual o objetivo da contração pela empresa One7 junto ao BNDES na concorrência que destinava R$ 320 milhões para pequenos e médios empreendedores do Brasil. (…) Esta resposta servirá para elucidar se houve afronta aos princípios e garantias constitucionais”.

O requerimento de informação, que ainda aguarda um despacho do presidente da Câmara, Arthur Lira, contém 8 perguntas ao ministro Paulo Guedes, que são as seguintes:

1. Quais os critérios utilizados pelo BNDES para declarar vencedora a empresa One7 junto ao BNDES na concorrência que destinava R$ 320 milhões para pequenos e médios empreendedores do Brasil?

2. A empresa One7 pode ser considerada empresa de pequeno ou de médio porte?

3. Quais os objetivos da contração da One7 por parte do BNDES?

4. Quais os valores repassados pelo BNDES junto à empresa One7 até o momento?

5. Qual o valor total a ser repassado pelo BNDES à empresa One7 pelo BNDES?

6. Por qual razão a empresa One7 foi contratada para fazer empréstimos a outras empresas? Por qual razão o BNDES não faz tais empréstimos diretamente?

7. Para quais empresas a empresa One7 fez empréstimos e foram beneficiadas com os empréstimos? Quanto a empresa One7 ganhará com os empréstimos?

8. Qual o perfil das empresas contempladas nos empréstimos? Quais os setores destas?

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