Projeto dos arquitetos Diller, Scofidio + Renfro para o Museu da Imagem e do Som (MIS), no Rio

O secretário Especial de Cultura do governo federal, Mario Frias, negou nesta quarta-feira,9, o recurso da Fundação Roberto Marinho, das Organizações Globo, e manteve a reprovação do projeto de construção do Museu da Imagem e de Som (MIS), na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Em julho do ano passado, devido à gestão da obra do MIS, o governo inabilitou por três anos a Fundação Roberto Marinho para a captação de recursos públicos e cobra de sua administração a devolução de R$ 54 milhões ao Fundo Nacional de Cultura (FNC). A gestão de Frias declarou guerra aberta às Organizações Globo, ironicamente a empresa que abrigou o “core” da carreira do atual secretário de Cultura, Mario Frias, quando ele foi ator da soap opera Malhação.

Premiado projeto do escritório norte-americano de arquitetura Diller, Scofidio + Renfro, o prédio do Museu da Imagem e do Som (MIS) é uma obra do governo do Estado do Rio de Janeiro e está com a conclusão de sua construção interrompida desde 2016. O atual governador, Cláudio Castro, que é aliado de Jair Bolsonaro, chegou a anunciar a reinauguração para 2023.

Segundo o jornal Extra, cerca de 70% das obras físicas do MIS do Rio já foram concluídas. Até hoje foram investidos, de acordo com o governo estadual, R$ 79 milhões de recursos públicos (R$ 50,3 milhões foram captados pela Fundação Roberto Marinho pela Lei Rouanet junto à iniciativa privada). Faltariam R$ 52 milhões para concluir o MIS.

Além dos Museus da Língua Portuguesa, do Museu da Imagem do Som, Casa das Rosas, Museu de Arte de Belo Horizonte, Museu do Futebol e do Museu do Amanhã, a Fundação Roberto Marinho já captou R$ 223 milhões para obras e atividades culturais tão distintas quanto a iluminação e o som do Convento de São Francisco, restauro do Planetário, Memorial Jorge Amado, Casa do Poeta de Araxá, Casarão de Padre Cícero, Muralhas do Bairro do Recife, Cristo Redentor, Retiro dos Artistas, livros e oficinas de toda natureza.

Ocupados em fazer guerra ideológica e perseguição cultural, os gestores da cultura bolsonarista tentam criminalizar, pela via burocrática, todos os que consideram “detratores” de sua cruzada. Isso acontece em todos os organismos da cultura federal, da Ancine à Fundação Casa de Rui Barbosa, do Iphan ao Ibram. O leque, portanto, é muito amplo e não se restringe aos “poderosos”, como querem fazer crer. O resultado é uma guerra subterrânea, de fundo negacionista, que dissemina a confusão e a perseguição – produtores culturais de todo o País têm recebido, nos últimos dias, diligências da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura de adequação à nova Instrução Normativa (IN) da Lei Rouanet com exigências caudalosas e prazo quase inexistente. A ideia é exatamente inabilitar (ou dar ao secretário da área a primazia de inabilitar por decisão pessoal) tudo que for possível, especialmente os projetos que possuem orientação ideológica e cultural diferente. Eis um caso relatado na semana passada à reportagem de quase desespero de um pequeno proponente:

“Boa tarde. Um proponente recebeu uma diligência para se adequar à nova IN. Chegou no dia 22 de fevereiro e o prazo é de 10 dias. Como é muita coisa e ainda teve o feriado para dificultar a coleta de informações, alguém sabe se é possível responder pedindo mais prazo para a resposta? Uma prorrogação?”.

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