Palmares nomeia assessor de deputado que insultou o papa e o arcebispo de Aparecida

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O deputado Frederico D'Avila, que insultou o papa, o arcebispo de Aparecida e a CNBB, em peça de divulgação de ato pró-monarquia no Congresso Nacional, ao lado do parceiro Eduardo Bolsonaro

O governo Bolsonaro nomeou nesta quarta-feira, 21, como Chefe de Gabinete da Fundação Cultural Palmares, um assessor do deputado paulista Frederico D’Avila (PSL-SP), que insultou o Arcebispo de Aparecida e o papa Francisco no último dia 14 chamando-os de “vagabundos” e “pedófilos safados” e disse que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) era um câncer e deveria ser extinta. Pelo discurso de ódio de D’Avila, o deputado estadual Raul Marcelo (PSOL-SP) entrou na terça-feira (19/10), com representação na Comissão de Ética da Assembleia Legislativa de SP (Alesp) pedindo a cassação do seu mandato.

Bruno André Ferreira Costa de Jesus, o assessor de D’Avila que vai ganhar cerca de 7 mil reais como Chefe de Gabinete, também trabalhou como secretário de Gil Diniz, o Carteiro Reaça, entre março de 2019 e fevereiro de 2020. Em 2019, Jesus foi identificado como autor de uma notícia-crime contra o deputado Arthur do Val, o Mamãe Falei (de quem Diniz é notório desafeto), acusando Do Val das práticas de rachadinha e abrigar funcionário fantasma. A denúncia foi arquivada. O próprio Gil Diniz (que chegou a ser cassado pela Alesp em 2020 por envolvimento na divulgação de fake news), foi acusado das mesmas práticas também por um ex-assessor, Alexandre de Andrade Junqueira.

Tanto Frederico D’Ávila quanto Gil Diniz mantêm relações estreitas com o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente (Diniz trabalhou como assessor do 03), e todos têm ligação com o grupo que tem sido acusado de fabricação e disseminação de fake news para atacar adversários do presidente e órgãos e instituições, como o STF, o Congresso e a imprensa. Eduardo Bolsonaro, assim como seus irmãos Carlos Bolsonaro (vereador pelo partido Republicanos-RJ) e Flávio Bolsonaro (senador, do Patriota-RJ), foram denunciados no relatório final da CPI da Pandemia por promoverem “informações falsas” que “estimulam a infração de medidas sanitárias preventivas decretadas durante a pandemia”, enquadrável como incitação ao crime no art. 286 do Código Penal.

Frederico D’Avila, que integra a Sociedade Rural Brasileira, foi coordenador da campanha de Jair Bolsonaro junto aos ruralistas e já chegou a apresentar um projeto de lei complementar para extinguir a Ouvidoria de Polícia Civil e Militar do estado de São Paulo. Também é monarquista – chegou a participar de uma live sobre o tema ao lado de Eduardo Bolsonaro em junho do ano passado.

O monarquismo é uma pauta muito presente no cotidiano desse grupo. O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, postou recentemente em uma rede social o que chamou de visita real: “Recebemos, nesta sexta, 15, a ilustre e Real visita de Sua Alteza Dom Bertrand de Orleans e Bragança e comitiva. Foi um fraternal encontro. Comungamos dos mesmos valores. Fé cristã, família, pátria e liberdade!”. Logo em seguida à visita, postou foto com um retrato na parede do gabinete e o texto: “O retrato da Princesa Isabel, a Redentora, que me foi presenteado, nesta sexta-feira (15), por Dom Bertrand de Orléans e Bragança, já está pendurado numa das paredes do meu Gabinete, na nova sede da Fundação Cultural Palmares. Muito obrigado, Alteza!”.

A área cultural do governo se tornou uma infestação de indicações políticas que privilegiam bolsonaristas militantes: além dos próprios secretários da pasta, há também militantes furibundos em áreas técnicas, como a secretaria de Direitos Autorais (ocupada por outro ex-assessor de Gil Diniz, Felipe Carmona Cantera).

Muitos chegam às generosas tetas do governo sob indicação de aliados radicais dos filhos de Bolsonaro, como o vereador baiano Alexandre Aleluia, que emplacou não apenas seu ex-sócio André Porciuncula como secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, como também seu advogado, Lucas Jordão, como secretário substituto de Porciuncula.

Como o presidente da Fundação Cultural Palmares está proibido de nomear na instituição por decisão da Justiça, a nomeação de Bruno André Ferreira Costa de Jesus foi assinada pelo ministro do Turismo, Gilson Machado.

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