“O Hóspede Americano” relembra expedição Rondon-Roosevelt

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Cena de "O Hóspede Americano", sobre a expedição Rondon-Roosevelt
"O Hóspede Americano", sobre a expedição Rondon-Roosevelt - Foto: Divulgação

No meio da floresta amazônica, um rio chama a atenção por seu nome americanizado: Roosevelt. A distinção é mesmo uma homenagem ao ex-presidente Theodore Roosevelt, que em 1913 se aventurou em fazer uma viagem pelo afluente até então desconhecido do rio Amazonas. Na época, ele era o último rio não cartografado do Brasil. Acompanhado do marechal Cândido Rondon, então coronel, Roosevelt tinha 55 anos e queria poder realizar sua “última chance de ser um menino”. A história baseada em fatos reais virou a série da HBO O Hóspede Americano, que começa a ser exibida neste domingo (26).

A expedição amazônica, batizada de Expedição Científica Rondon-Roosevelt, quase matou o ex-presidente norte-americano. Alertado pelos riscos de navegar um curso de água desconhecido, explorado anteriormente e em apenas um pequeno trecho por Rondon (interpretado pelo ator Chico Diaz), o Rio da Dúvida tinha um traçado selvagem e sinuoso. E as corredeiras eram alguns dos menores perigos a serem enfrentados pela equipe expedicionária. Carregadores, exploradores, cientistas e seu filho Kermit (Chris Mason), de 23 anos, tiveram de enfrentar terrenos montanhosos, doenças tropicais, indígenas isolados. A expedição, narrada por Roosevelt no livro Through the Brazilian Wilderness (Nas Selvas do Brasil), mostra que metade dos animais de carga morreu de exaustão. Várias canoas tiveram de ser construídas, porque as primeiras foram destruídas pela força da água.

Theodore Roosevelt encontra o então Coronel Rondon, em cena de "O Hóspede Americano"
Theodore Roosevelt encontra o então Coronel Rondon, em cena de “O Hóspede Americano” – foto Divulgação

Roosevelt, protagonista da série em quatro episódios da HBO, é interpretado por Aidan Quinn. Ele dá vida a um personagem teimoso, arrogante e decidido a não dar o braço a torcer. Sua personalidade forte conflita com a de Rondon, um expedicionário experiente, já com larga experiência na Amazônia e que ensinará ao político que é preciso respeitar o meio ambiente. “A única forma de sobreviver aqui é ser um visitante respeitoso, porque estamos na terra deles (dos indígenas)”, ensinou Rondon a Roosevelt.

O militar brasileiro Rondon foi responsável por levar quilômetros de linhas de telégrafos por lugares inóspitos do país. Já Roosevelt vinha ao Brasil decidido a se afastar da terra que o banira nas urnas, perdendo a eleição de 1912 para o democrata Woodrow Wilson. Naquele pleito, o ex-presidente foi atingido com uma bala no peito, projétil que o acompanhou na viagem aos trópicos.

A série O Hóspede Americano, dirigida por Bruno Barreto e com roteiro de Matthew Chapman, é falada em inglês e não chega a ser 100% fidedigna aos fatos. Roosevelt só veio ao Brasil porque antes tinha aceitado o convite para visitar a Argentina, e não por ter sido seduzido pelo padre Zahm (Gene Jones), que o convencerá a fazer uma expedição por outro rio brasileiro.

Durante a expedição pelo Rio da Dúvida, no hoje estado de Rondônia, Roosevelt quase é mordido por uma cobra venenosa, sofre um corte na perna, adoece gravemente e até pede para morrer na floresta. A épica história perde um pouco do brilho na transposição para a série televisiva, em parte pela visível barreira enfrentada por elencos falantes das línguas inglesa e portuguesa (trata-se de uma coprodução Brasil-Estados Unidos) e outro tanto porque grande parte das filmagens foram feitas em cenário natural (gravadas durante 45 dias, antes da pandemia, em Alta Floresta, no Mato Grosso). As interpretações ficam pequenas diante da magnitude da paisagem. Mas, historicamente, vale para descobrir como um ex-presidente dos Estados Unidos quase morreu no coração da Amazônia.

O Hóspede Americano. De Bruno Barreto. Na HBO Max, a partir de 26 de setembro, em quatro capítulos.

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