Marcos Sacramento e Zé Paulo Becker repetem hoje em Atins homenagem a Baden Powell

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Vinícius de Moraes e Baden Powell, parceiros nos afro-sambas, base do repertório do show do duo. Foto: reprodução
Vinícius de Moraes e Baden Powell, parceiros nos afro-sambas, base do repertório do show do duo. Foto: reprodução

Acompanhado do violonista Zé Paulo Becker, o cantor e compositor Marcos Sacramento fez uma apresentação antológica na Concha Acústica Reinaldo Faray, na Lagoa da Jansen, na última quarta-feira, dia 8 de setembro. O show, em que o duo presta homenagem a um dos maiores violonistas do Brasil em todos os tempos, Baden Powell, foi um verdadeiro presente de aniversário para a aniversariante São Luís, capital maranhense. O espetáculo integrou a programação da 13ª. edição do Lençóis Jazz e Blues Festival, evento realizado pela Tutuca Viana Produções, com patrocínio da Equatorial, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Maranhão.

 

Em 2012, os artistas lançaram juntos, com repertório da parceria do violonista com Paulo César Pinheiro, "Todo mundo quer amar". Capa. Reprodução
Em 2012, os artistas lançaram juntos, com repertório da parceria do violonista com Paulo César Pinheiro, “Todo mundo quer amar”. Capa. Reprodução

Zé Paulo Becker e Marcos Sacramento revelaram estar muito felizes ao voltar a se apresentar em público, de forma presencial. Era o primeiro show deles desde o início da pandemia de covid-19. A dupla repete a dose hoje em Atins, no Circuito Barreirinhas do Lençóis Jazz e Blues Festival. Seu show acontece às 21h30.

Numa parceria entre a Rádio Timbira, a Rádio Universidade e o Farofafá, a gente conversou com exclusividade com o cantor Marcos Sacramento. A entrevista que você lê a seguir foi veiculada hoje, nas emissoras AM e FM.

Zé Paulo Becker e Marcos Sacramento na Concha Acústica Reinaldo Faray, no 13º Lençóis Jazz e Blues Festival. Foto: Guta Amabile
Zé Paulo Becker e Marcos Sacramento na Concha Acústica Reinaldo Faray, no 13º Lençóis Jazz e Blues Festival. Foto: Guta Amabile

ZEMA RIBEIRO – Você foi um dos presentes que o Lençóis Jazz e Blues Festival deu para São Luís no aniversário da cidade. Qual a sensação e o que achou da receptividade do público?
MARCOS SACRAMENTO
– É nítida a relação enorme que o maranhense tem com a música. Isso é uma coisa que fica muito clara, quando a gente chega aqui você percebe isso nos lugares. A playlist do hotel onde nós ficamos só tocava músicas maravilhosas, uma variedade enorme, mas só de coisas boas, que a gente raramente ouve em playlists de hotel ou de supermercados e coisas assim, e aqui no Maranhão a gente percebe isso. Então não podia ser diferente, a primeira apresentação presencial depois dessa pandemia horrorosa, ser numa cidade tão musical, num projeto tão maravilhoso como esse. A receptividade do público não podia ser diferente, é um público que curte, que gosta, que conhecia, que cantou junto vários trechos dos afro-sambas do Baden e Vinícius, o que a gente pode querer de melhor, pra um show onde a gente está apresentando música popular brasileira, imortal, atemporal, mas que às vezes passa batido, fica no esquecimento. Então São Luís do Maranhão foi o lugar certo, adequado para esse retorno aos palcos. A gente ficou muito feliz e realizado com essa apresentação na arena da Jansen, naquela concha acústica linda, com aquele público maravilhoso. Mesmo de máscara todo mundo, dava pra ver estampado no rosto de todo mundo, muita felicidade, muita alegria, foi muito prazeroso pra gente fazer essa apresentação.

ZR – Há rumores de que este show em duo com Zé Paulo Becker e em homenagem a Baden Powell vire disco. Procede? Qual a previsão?
MS
– Olha, vontade não nos falta, mas a gente está amadurecendo a ideia. A coisa do disco mudou muito e muito rápido, em muito pouco tempo, talvez de 10 anos pra cá não se grava mais cd praticamente. A gente lança singles, o conceito de álbum está meio que ficando ultrapassado, não pra todo mundo, claro, mas pra gente comercializar o produto disco, álbum, hoje, físico, é muito difícil. Então a gente tem sim, claro, o desejo enorme de lançar essas músicas num disco, num álbum, e a gente vai fazer isso. Só não sabemos ainda quando, por que os dois, a gente tem nosso duo, mas também tem os trabalhos solos e precisa equilibrar essas agendas e o tempo, mas a gente pretende que seja o mais rápido possível, por que a gente tá muito afiado, fazendo esse show há muito tempo, e a gente quer mostrar pro maior número possível de gente. Talvez nas plataformas em primeiro lugar, antes de lançar um disco físico, mas certamente esse registro virá.

ZR – Quais as expectativas em relação à Barreirinhas? Alguma mudança no roteiro em relação ao show do circuito São Luís?
MS –
Expectativa enorme, por que esse ano parece que o festival estreia num novo local, que é Atins. Na verdade, chegamos em Barreirinhas, pegamos uma lancha, descemos o Rio Preguiças até chegar aqui no vilarejo de Atins, nos Lençóis Maranhenses. É a primeira vez que eu venho aqui, eu conheço São Luís, mas eu não conhecia os Lençóis, é um paraíso, é deslumbrante, a paisagem, já a descida do rio já é uma viagem de deslumbramento. O roteiro do show vai ser exatamente o mesmo que a gente fez na concha acústica, na arena de Jansen, e a gente não pretende mudar nada, mas nunca se sabe. A expectativa é grande, por que é uma viagem de aventura, chegar nos Lençóis, e toda mobilização da produção para que tudo dê certo. Parece que vai ser a primeira vez que vai ter um festival no vilarejo de Atins, então a gente está com uma expectativa muito grande, aquele nervosinho gostoso que dá, que move a gente. Posso falar por mim, mas enfim, vamos com tudo. Paisagem alucinantemente bela. Tem tudo para ser uma grande noite. Não só nós, como os outros artistas, o [o clarinetista e saxofonista Nailor] Proveta, também o Kléber [Dias, guitarrista], o Jefferson [Gonçalves, gaitista], todo pessoal que está aqui com a gente, a Vanessa Moreno. Eu acho que vão ser duas noites realmente de muita magia nesse ambiente, nesse cenário, repito, deslumbrantemente lindo. A nossa expectativa é muito grande. Vai ser lindo!

ZR – Durante o show de São Luís você revelou que era o primeiro show presencial desde o início da pandemia. A gente sabe que para o artista faz toda diferença esse contato com o público, a reação da plateia, os aplausos. A gente sabe que a pandemia ainda não acabou, mas quais os planos daqui pra frente e como é que está a sua agenda?
MS
– São coisas muito diferentes, são situações e realidades muito diferentes, você transmitir um show online de dentro de um estúdio, ou mesmo, como eu fiz algumas vezes, lá do Rio, às vezes até de um teatro vazio, sem o calor dos aplausos, sem o calor da plateia, sem a resposta, sem aquele eco que a plateia faz pro que a gente tá ali no palco transmitindo, é muito diferente. Então foi muito emocionante ontem [quarta-feira, 8]. Zé Paulo e eu, a gente estava assim muito emocionado, muito ansioso com esse retorno, com o retorno da plateia, o barulho dos aplausos, os assovios, os gritos, as reações, enfim, que bom que foi em grande estilo, com muito aplauso, e assim, eu acho que é muito diferente, é muito diferente, a gente tava realmente, a gente até brincou, “puxa, eu desacostumei até de fazer mala”, um ano e meio, mais de um ano e meio com as atividades artísticas normais, como elas são normalmente, completamente paradas, sem sair de casa, só fazendo transmissões por celular ou pelo computador, enfim, online, então assim, é muito diferente, é muito diferente. A gente estava com muita saudade desse contato mágico com o público, essa coisa, essa troca que acontece, essa relação entre artista e público nada subsitui, nada online nunca vai substituir isso. A pandemia ainda não acabou mas a gente precisa ser otimista, precisa torcer pra que as campanhas de vacinação continuem, cada vez mais intensas, pra que a gente saia realmente desse buraco no qual a gente se meteu. Politicamente a gente tá muito mal. Não sei se você vai cortar isso que eu vou falar, mas enfim, a gente está literalmente desgovernado, nós estamos sem governo, sem orientação, sem campanhas públicas intensas para que a população siga rigorosamente os cuidados, se vacine, a gente poderia estar muito mais vacinado, um número muito maior da população podia já estar vacinado, imunizado. A gente sabe que isso não garante 100%, mas garante muito. A pandemia trouxe muitas dúvidas, muitas incertezas. Realmente, como você disse na pergunta, não acabou, mas a gente precisa continuar acreditando que vai acabar. Então, para o ano de 2022 tem muitas coisas, algumas viagens para a Europa, por que eu estou lançando um disco das minhas parcerias com o [poeta português] Tiago Torres da Silva, mas como é um outro duo, que é o duo que eu tenho com o [violonista] Luiz Flávio Alcofra, a gente vai começar a lançar os singles desse disco agora, no final do ano de 2021. É um disco que foi gravado inteiramente durante a pandemia, em dois dias, na minha casa. Meu engenheiro de som trouxe todo equipamento, Luiz Flávio trouxe todo o equipamento dele pra minha casa, pro escritório de meu apartamento, nós gravamos o disco inteiro ali, é um disco inteiro de voz e violão, com algumas intervenções aqui e ali, mas é um disco essencialmente de voz e violão, com 12 parcerias inéditas do poeta Tiago Torres da Silva comigo. Então a gente espera que a gente possa no ano de 2022 lançar esse disco nas plataformas, fazer viagens, a gente já tem algumas coisas programadas para a Europa e aqui no Brasil também, eu espero que a coisa ande, que ande pra frente e que a gente consiga sair desse atoleiro e voltar a viver normalmente em todos os sentidos, em todos os níveis. Os planos são muitos.

ZR – Então eu quero te deixar à vontade para reforçar o convite para nosso ouvinte para o show de hoje à noite em Atins, no Circuito Barreirinhas do Lençóis Jazz e Blues Festival.
MS
– Venham, quem estiver em Atins, quem estiver em São Luís e quiser partir pra aventura, venham para esse lugar lindo, esse paraíso, que são os Lençóis Maranhenses, esse vilarejo coberto de areia que é Atins. Vai ser realmente muito mágico fazer um show aqui. Não percam! Você que está em Atins, de férias, você que não está e que tá de bobeira e quiser vir, vem por que vai ser muito bom dividir com vocês esse momento. Um beijo!

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Ouça a entrevista:

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