Patrimônio Histórico Nacional tomba a coleção Nemirovsky

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Exposição de parte da coleção Nemirovsky

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) anunciou hoje o tombamento definitivo da coleção de arte Nemirovsky, acervo que está sob a guarda da Pinacoteca do Estado de São Paulo desde 2004. A coleção tombada inclui 211 obras e foi avaliada em R$ 320 milhões em 2014.

Além da obra Antropofagia, de Tarsila do Amaral, o acervo inclui obras referenciais de Portinari, Volpi, Di Cavalcanti, Brecheret, Ismael Nery, Picasso, Lasar Segall, entre outros. Foi formado nas décadas de 1960 e 1970 pelos colecionadores José e Paulina Nemirovsky, ambos já mortos. O casal Nemirovsky criou uma fundação para manter o valioso material e assinou, em 2004, contrato de comodato, renovável, com o governo do Estado de São Paulo. A entidade passou a ter como sede o segundo andar da Estação Pinacoteca, prédio do museu Pinacoteca do Estado.

Em 2011, uma briga judicial opôs os herdeiros de Paulina e José, sua filha Beatriz e os netos Gabriel e Carolina, aos conselheiros da fundação, entre eles o arquiteto Jorge Wilheim, que renunciaram coletivamente. Havia uma ideia de que os herdeiros planejassem comercializar obras do acervo. Foi então que se passou a conjecturar o tombamento, que foi pedido primeiro ao órgão estadual, o Condephaat.”Estão achando que vou vender os quadros, mas como vou tirar uma coisa que já é do Estado?”, disse Beatriz Nemirovsky à repórter Camila Molina, negando a intenção.

HISTÓRIA

José Nemirovsky era argentino, mas veio para o Brasil ainda criança e cresceu no Rio, onde se formou em medicina. Casou com Paulina Pistrak em 1943, vindo morar em São Paulo. Conta-se que sua coleção começou com um erro: em 1958, Nemirovsky comprou uma imagem sacra acreditando que era um busto talhado pelo Aleijadinho. Não era, era uma peça europeia. Sentindo-se frustrado, ele passou a estudar arte com avidez. Logo, iniciou a aquisição de obras e, por mais de trinta anos, fez de sua casa em São Paulo uma galeria, com pinturas como as de Tarsila e Volpi ao lado de imagens de arte sacra; o Bicho, da hipermoderna Lygia Clark, junto a peças de artesanato popular; e peças de Gallé e Lalique misturados a recordações de viagens e fotos de família.

Em 1987, sabendo-se gravemente doente, Nemirovsky criou a fundação que cuidaria das obras, com 187 peças. Em 3 de julho do mesmo ano, foi feita a Escritura Pública de Instituição da Fundação José e Paulina Nemirovsky, no 4º Tabelião de Notas, na cidade de São Paulo. Com o falecimento de José Nemirovsky, em 5 de julho de 1987, coube à viúva, dona Paulina, zelar pelo acervo. Em julho 2004, ela assinou com a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo o comodato que iniciou a guarda das obras na Pinacoteca, num espaço de cerca de 700 m2 para a exposição de seu acervo e mais biblioteca, escritórios e reserva técnica.

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