O Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro deu 72 horas para que a Agência Nacional de Cinema (Ancine) informe qual é seu plano anual de investimentos para o ano de 2020; que comunique (no site oficial e por meio de correspondência ao MPF) quais são os projetos destinados ao fomento direto pelo Fundo Setorial do Audiovisual; que divulgue o valor atualizado do passivo de contratações de projetos audiovisuais pendentes, assim como os valores que efetivamente possui em caixa (especificando o que é destinado aos bancos de fomento, o BRDE e o BNDES); e publique o comparativo de valores empenhados e de execução financeiras dos últimos 10 anos.
O ato do MPF chama-se recomendação, e sua desobediência implica responsabilidades civis e administrativas. O procurador Sergio Gardenghi Suiama, que assina o documento, datado desta terça, 6 de outubro, passou alguns meses examinando a denúncia de omissão da Ancine no cumprimento do seu papel e concluiu que há problemas sérios na direçao da agência, segundo anota na recomendação. Por exemplo: estamos em outubro e, até este mês, não foi aprovado o plano anual de investimentos da agência para 2020; que os relatórios de gestão estão defasados; que a demora na liberação de recursos tem impacto direto nos trabalhadores do setor e na sociedade; e que a lentidão ocasionou uma chuva de ações judiciais, duas centenas de mandados de segurança “com escopo de compelir a autoridade a concluir a análise em prazo razoável”.
O Procedimento Preparatório do inquérito que está se articulando sobre a Ancine no Ministério Público teve essa recomendação precipitada, muito possivelmente, pela atitude da agência em recente audiência na Câmara dos Deputados para debater sua crise. Convidados, nem o diretor substituto da agência, Alex Braga Muniz, nem o ministro do Turismo, Marcelo Alvaro Antonio (a quem a instituição se vincula) compareceram ao Congresso.
Desde que conseguiu na Justiça suspender cerca de 200 mandados de segurança contra si, a Ancine voltou à normalidade da “operação tartaruga” que já vinha mantendo há dois anos. Mas a férrea determinação em manter-se inerme pode ter alguma surpresa nos próximos dias: as produtoras prejudicadas pela decisão recorreram e protocolaram dois agravos até esta terça visando reformar a decisão, que foi tomada monocraticamente pelo presidente do TRF-2. Como a decisão afetou diversas produtoras, todas têm direito ao recurso, que deverá ser julgado pelo colegiado do tribunal.
Tem que ser muito inocente pra não enxergar que esse presidente que está aí na diretoria é um velho conhecido… Já era Diretor desde 2017 e antes foi procurador colado com o Manoel. Mas age como se estivesse tomando pé da situação ontem… Muita cara de pau! É óbvio que a paralisação é deliberada!