Com o formato de discos e álbuns praticamente em colapso, cada vez mais os shows (o ao vivo) se consolidam como o território da sobrevivência e da argumentação estética. Isso dito, curioso notar que alguns dos shows de impacto mais profundo foram de artistas dos anos 1960 e 1970, como Patti Smith e Ave Sangria. Isso parece indicar que o que se diz é hoje tão ou mais importante do que a forma como se diz. Significado, é a questão-chave para selecionar os melhores shows de 2019.
1) Patti Smith, no PopLoad Festival
O show da inspiradora da blank generation e referência história do punk rock foi um acontecimento no Memorial da América Latina: ela quebrou as cordas da guitarra, berrou, cantou, sorriu e abençoou, numa jornada que poderia perfeitamente seguir noite adentro que ninguém reclamaria. A missa redentora do ano.
2) Cláudio Lima, na Pequena Companhia de Teatro
No último dia 17 de maio, Dia Internacional de Luta Contra a Homofobia, Claudio Lima vestiu-se com as armas que têm e subiu ao palco da Pequena Companhia de Teatro para apresentar o show “Com a lira”, o título, um trocadilho com o termo pejorativo “qualhira”, usado no Maranhão para se referir a homens afeminados. No repertório, canções de temática homoafetiva ou de compositores assumidamente gay. O espetáculo seria reapresentado outras duas vezes no mesmo palco e, nesse meio tempo, o cantor ganhou a inédita “Qualhira” de presente de Zeca Baleiro. (Zema Ribeiro)
3) Ave Sangria, no Sesc Pompeia
Após 45 anos, o grupo pernambucano desembarcou no Sesc Pompeia, na Zona Oeste de São Paulo, para um show na choperia. Trazia consigo o fogo do Black Sabbath, a fúria premonitória do Cego Aderaldo, a compreensão de Patativa do Assaré, o desfalecimento sensorial da guitarra do Led Zeppelin. Parecia uma miragem, mas era o Brasil.
Veja quem votou na categoria “Os melhores shows de 2019”: