Depois de levar as vidas de Zezé di Camargo e Luciano ao cinema, Breno Silveira volta a investir na emoção musical, com novos filmes inspirados em Roberto Carlos e em Luiz Gonzaga.

O cineasta Breno Silveira se notabilizou em 2005, quando lançou o filme 2 Filhos de Francisco, ao mexer num vespeiro e narrar, sem estereótipos ou caricaturas, as vidas dos ídolos sertanejos goianos Zezé di Camargo e Luciano. Desprezando o desprezo da intelligentzia brasileira por aqueles artistas e suas obras, costurou uma narrativa forjada em sinceridade, dignidade e delicadeza.

Sete anos mais tarde, Breno dará sequência dupla à tarefa, visitando outras duas das nascentes fundamentais da música popular brasileira. Em vez de voltar a príncipes do pop de extração sertaneja como Zezé e Luciano, irá diretamente às fontes de dois reis do pop brasileiro: o capixaba Roberto Carlos e o pernambucano Luiz Gonzaga.

Cena de "À Beira do Caminho", de Breno Silveira, que estreia em agosto - Foto divulgação

Em 10 de agosto estreia À Beira do Caminho, cuja sinopse é assim resumida pela autora do argumento original (e assessora de comunicação de Roberto Carlos), Léa Penteado: “É simples, a relação de um caminhoneiro e um menino”. O detalhe é que a viagem se dá sob trilha sonora recolhida diretamente do cancioneiro do rei do iê-iê-iê e do romantismo. Passam pelo filme “Esqueça” e “Nossa Canção” (1966), “Só Vou Gostar de Quem Gosta de Mim” (1967), “À Distância…” (1972), “O Portão” (1974) e “Amigo” e “Outra Vez” (1977).

“Roberto viu o filme para autorizar as músicas. Breno o dirigiu recentemente, num comercial para a Credicard”, conta, com discrição, Léa, que antes de trabalhar com Roberto assessorou por anos o apresentador televisivo carioca Flávio Cavalcanti (1923-1986), a quem dedicou a biografia póstuma Um Instante, Maestro!(1993).

Cena de "Gonzaga - De Pai para Filho", que tem estreia programada para outubro - Foto divulgação.

O filme seguinte, que tem estreia programada para 26 de outubro próximo, é Gonzaga — De Pai para Filho, o mergulho do diretor no legado do rei do baião — que completaria 100 anos em 13 de dezembro — e na relação entre Gonzagão (1912-1989) e seu filho, o também músico carioca Gonzaguinha (1945-1991).

A proximidade das estreias das duas produções se deve a contingências da vida particular de Breno. No ano passado, entre a filmagem e a montagem de À Beira do Caminho, sua esposa descobriu um tumor raro e não resistiu ao tratamento. “É a vida imitando a arte, pois o filme conta a história de um homem que passa a ser caminhoneiro fugindo da própria história, que inclui a perda da mulher”, explica Léa.

A tomar por 2 Filhos de Francisco, a emoção é algo que Breno Silveira não tem qualquer receio de enfrentar e abordar. Juntando história pessoal do diretor, Luiz Gonzaga e música sertaneja do Nordeste, Roberto Carlos e música sertaneja do Sudeste, é de aguardar para breve uma temporada de lágrimas musicais sinceras e abundantes nos cinemas nacionais.

 

 

 

(Texto publicado originalmente no blog Ultrapop, do Yahoo! Brasil.)

 

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2 COMENTÁRIOS

  1. Quem vê eu esnobando zezé de camargo,na certa imagina eu de terno e gravata num gabinete na avenida paulista.Engano,vivo no interiorzão do Brasil,sou bóia fria,homossexual,quase gago,feio e doente.Na próxima encarnação prometo ser preto,favelado,zarolho e manco.

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