O beijo que ousa dizer seu nome

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O desenhista norte-americano Jim Cheung se disse surpreso com a decisão do prefeito Marcelo Crivella de promover uma caça ao seu álbum de história em quadrinhos, Vingadores: A Cruzada Infantil, alegando suposto material impróprio. Segundo Cheung, autor do quadrinho junto com o roteirista Allan Heinberg, o trabalho é de 10 anos atrás e que não tem nenhum direcionamento de público. O artista estranhou o interesse tardio e levemente oportunista do prefeito. “A cena simplesmente retrata um momento delicado entre dois personagens que estão em um relacionamento estabelecido”, afirmou Cheung, em um texto postado em sua página no Facebook e no Instagram.

Cheung disse que Crivella está dessintonizado com os tempos atuais. “A comunidade LGBT está aqui para ficar, e eu não tenho nada além de amor e apoio para aqueles que continuam a lutar pela legitimação e por uma voz para ser ouvida”.

“Como artista, a minha paixão é contar histórias; histórias de grande heroísmo, compaixão e amor, com personagens tão autênticos e diversos quanto possível. Personagens que retratem cada travessia de vida e de cor, sejam eles pretos ou brancos, marrons, amarelos ou verdes”.

O beijo entre os dois personagens masculinos foi o motivo da invasão da Bienal do Livro do Rio de Janeiro por servidores da Prefeitura hoje. A Bienal se recusou a fazer o papel de censora, e diversas editoras importantes, como Companhia das Letras e Todavia, soltaram notas condenando o episódio. Após a declaração de guerra de Crivella contra a publicação, os leitores esgotaram o estoque do álbum na bienal.

“Espero que o belo povo do Brasil, essa nação maravilhosamente diversa e orgulhosa, possa ver através desse ruído político e coloque seu foco na luz e nos caminhos da união, em vez de ajudar a semear conflito e divisão”, afirmou Cheung.

 

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