De almas & diabos

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Anitta - Site oficialTodo fenômeno pop pressupõe alguma forma de negociação com o diabo, não vamos nos enganar. Não deve ter sido uma homenagem consciente, claro, mas o fato de Anitta ostentar em seu primeiro CD seu nome, escrito em purpurina rosa, finalizado com um rabinho do demo vem a calhar para o texto que se segue.

Habemus demônio, portanto. A questão número 1 é: quanto da alma teve de ser trocada em nome da comunicabilidade massiva e rápida? E a número 2 é: como era, antes do contrato, essa alma que foi vendida?
Anitta vem sendo apresentada como uma espécie de capitulação do funk ao mainstream, mas será que não poderíamos pensar que é o contrário? Que o funk tornou-se tão grande e importante que o confusíssimo negócio da música de massa teve de prestar atenção nele? E em seu aspecto feminino, mais desafiador?

Mesmo admitindo que só tenha ganhado gravadora, TVs e exposição maluca porque domado, “Show das Poderosas” joga um dos aspectos mais interessantes do funk, a afirmação de uma sexualidade feminina aberta e num combate ambíguo com o poder masculino, na arena dos leões. Está lá a mulher que manipula consciente e programaticamente sua sexualidade por diversão, mas sobretudo porque pode. E quer.

CD Anitta-Anitta-FrenteO conjunto das 15 faixas do CD soa bem mais domesticado que o hit que transformou Anitta num fenômeno. É mais tíbio musicalmente, é mais frouxo nas intenções e, sim, soa muito mais canhestro no geral. Pior: faz crer que a possibilidade de surgirem outros “Show das Poderosas” não esteja num horizonte tão próximo.
O que é pena, porque, das últimas personalidades pop dos últimos tempos, Anitta parecia estar num terreno ao mesmo tempo mais provocador e numa trilha de construção musical mais parecida com personalidades pop da gringa, como Beyoncé, que, por vezes, vendem a alma com mais qualidade e com músicas melhores.

A ver os próximos passos. Se Anitta tiver uma alma realmente fogosa e decidir enfrentar a preguiça, pode fazer diferença. Se não, esqueceremos dela em 3, 2, 1…

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15 COMENTÁRIOS

  1. “Se Anitta tiver uma alma realmente fogosa e decidir enfrentar a preguiça, pode fazer diferença.” Considero que tal cultura, antes marginalizada mas agora de certa forma até elitista, agora tem capacidade e força para crescer. Hoje querendo ou não, a mídia vem abraçando essa cultura. Talvez vendo que não tem como mais fechar os olhos para tal movimento que ganha cada vez mais expressão.Ganhando forças de expressão como seus próprios programas de Tv, entrevistas, reportagens e análises comportamentais. Com isso, mudando também a cabeça da Dona Maria, que acostumada aos clássicos de Cartola, mas que agora de tanto ouvir no carro dos netos, também conhece Mr Catra, Racionais, Anitta e Os Hawaianos. e o mais legal: os aceita ouvir.

    • É um desdem chamar isso de elitista. Uma coisa que não acrescenta em nada em nossa vida. Respeito o funk e todas as suas vertentes, entretanto o uso indiscriminado da sexualidade e músicas tolas só degrada sua imagem cultural.

  2. Santa inocência, Batman! Mídia só tá pegando o que tá vendendo bem pro povão (funk) e criando produtos bonitinhos, plastificados pro mercado classe média. Madonna já faz há umas 3 décadas o que o povo tá falando que a Anitta está “revolucionando” agora. Acorda, gente! Despertador tocou faz tempo.

  3. Não considero o fato d imagem do rabinho d diabo ser uma homenagem ao próprio, mas uma evocação da própria luxuria e sexualidade feminina, naum do ponto de vista pecaminoso, mas propriamente sexual.

  4. o funk é chamado assim pq nos anos 80 nas periferias as pessoas chamavam qualquer balada de funk, até de musica eletronica. isso pq entre as várias musicas que tocavam nessas baladas o funk estava entre elas. mas as pessoas chamavam, até os anos 90, de rap também. é só ver o rap das armas, rap da felicidade o rap do romário e edmundo, e muitos outros. mas com o passar do tempo pra diferenciar até mesmo pra midia fizeram essa diferenciação.

  5. Triste viver em um “país” onde Anita e funk são considerados como musica, todo país tem sua musica pop geralmente extremo lixo, mas e a musica boa brasileira existe?

  6. O texto, me perdoe a simplicidade da resposta, mas foi totalmente desnecessário…
    Explico, ou tento:
    Demônio vem da representatividade religiosa e funk vem da pura representatividade musical, dai os dois se misturarem, muitas águas ainda rolam por cima de nossas cabeças carecas de saber que o “demo” é puramente psicológico.
    Confuso?
    Não tanto se formos ver pelo lado de que qualquer coisa pode ser relacionada ao sagrado ou ao profano, minha mente é quem dará a direção que a coisa tomará.
    Anitta é apenas mais uma “estrela” já pronta para perder seu brllho para qualquer outra concorrente mais, ou menos poderosa no sentido financeiro do nosso ramo musical. Tudo é apenas moda e como tal, tem prazo de validade curtíssimo (alguns, graças ao bom senso da população!).
    Beyonce, citada no texto, deve se revirar do avesso ao ser quase comparada com Anitta…a americana tem personalidade, estilo próprio e já provou que terá um prazo maior de validade senão pela cultura, mas pela originalidade de sua voz e postura de palco com coreografias bem elaboradas (par quem aprecia a arte).
    O rabinho da capa do cd de Anitta não vejo como um sinal da besta expulsa do paraíso, mas sim como um breve lembrete às mulheres (não necessariamente suas fãs) de que o lado feminino sempre pede aquela ousadia para a conquista. E toda sedução por si é demoníaca…é para tirar qualquer um do sério lado religioso.
    Resumindo: não dá para misturar as duas estações.
    O rabo do demônio na capa do cd é figurativo e comparativo com o próprio rabo de Anitta, a poderosa, a gostosa, a mulher quente que todas as mulheres devem ser SEMPRE!

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