Há um ponto de encontro entre funk, forró eletrônico, tecnobrega, rap? E se misturar ainda as novíssimas tendências do neofunk e eletrofunk com os movimentos do reggaeton e freestyle? Tem e com data, hora e local já marcados. Anotem aí: domingo, dia 1 de abril, a partir do meio-dia na Rua Estudantes da China, 500, no Itaim Paulista, periferia de São Paulo. Artistas e gêneros periféricos, nascidos na periferia, que se assumem e vivem da e para a periferia, todos juntos, reunidos para dividir um palco e, claro, entreter o público. Essa é a proposta do Festival Periferia 1000 Grau, ideia que partiu da cabeça do produtor cultural Renato Barreiros.

Barreiros está pagando para ver o que vai resultar desse encontro, num mesmo evento, de ritmos que têm identidades próprias, ocupam às vezes nichos fechados e raramente dialogam. “Acho importante que os artistas do funk ou do forró eletrônico, por exemplo, não se transformem em uma cena fechada neles mesmos e que esse diálogo exista também entre a galera da periferia”. Também será o momento de ver como o público reage aos desdobramentos do funk, que nasceu nas periferias, mas ganhou adaptações que deram origem ao neofunk e o eletrofunk e invadiram as casas noturnas do circuito Rua Augusta de São Paulo, frequentada pela classe média alta paulistana.

MC Dedê pode vir a fazer uma performance com o Factor Latin Flow, duo desconhecido de 99,9% dos brasileiros, mas apreciado pela comunidade boliviana de São Paulo. A dupla de reggaeton, ritmo muito apreciado pelos povos andinos, é formada pelo boliviano Miguel Angel Flow e pelo brasileiro Carlos Big El Patron. Na música deles, rola uma divertida mistura de vocais em espanhol e português.
O novo Brasil já não dá as costas para as periferias. E está em curso uma disputa ideológica e política por elas. Em São Paulo, o governo tucano começou a criar suas Fábricas de Cultura, uma clara resposta aos Pontos de Cultura do governo federal administrado pelo PT. São quatro até agora: Vila Curuça, Itaim Paulista, Sapopemba e Jardim São Luís, todos bairros com alto índice de vulnerabilidade juvenil. A cultura agradece. Enquanto a turma do Planalto do Central passa a dar sinais de ignorar a importância da revolução das periferias, a turma de cá começa a despertar de seu isolamento.
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