65 mil pessoas estarão babando à espera do AC/DC no morumbi, amanhã à noite, quando nasi e sua banda terão a espinhosa missão de subir ao palco para o warm up, o aquecimento.
rapaz, isso é que é coragem!
nasi gravou seu primeiro álbum como rocker em 1983, com o grupo voluntários da pátria. tinha uns 19 anos.
depois, integrou o ira! (já era do ira!, na verdade, mas o voluntários gravou disco antes). mais tarde, criou uma confraria chamada os irmãos do blues e atualmente está nas ruas com um disco chamado onde os anjos não ousam pisar.
nasi é o codinome de marcos rodolfo valadão, 44 anos.
sua saída do ira! foi tumultuada, teve boletim de ocorrência e processo.
falei com o nasi há pouco, fazia tempo que queria bater um papo com ele:

ira nunca mais?
ira! nunca mais! paz e amor, bicho! (risos)

mas e se acontecer como naquele dia que o mccartney foi até o edifício dakota, em ny, para tentar convencer o lennon a aceitar US$ 10 milhões para um único show? nem assim vc aceitaria?
hahahahahaha. nem assim. até pq nunca seria isso aí para o ira! a questão é a seguinte: coisas de ordem pessoal intransponíveis. o gaspa até já tocou comigo, sou padrinho do filho dele. o edgar, temos rusgas, mas eu o respeito, é um grande músico. já com o andré jung eu não subo nunca mais num palco. nossa relação era pior e foi piorando. meus ex-colegas fizeram coisas aviltantes e covardes contra mim. eu penso assim: conflitos em bandas são coisa do rock’n’roll. se isso acontece, aceito tudo, que se peguem no camarim, que vão para o hospital. mas arrivismo? peleguismo? não aceito. ainda que estivesse empurrando carrinho de pipoca por aí, e estou muito bem, eu não aceitaria. é contra o que eu e acho que os meus fãs acreditamos. além do mais, hoje tenho mais controle sobre o meu tempo. antes, eu era funcionário do esquema. não gostava também do lance do consenso. tenho uma banda, ouço opinião de todo mundo. mas lá era assim: “ou entra a minha parte ou eu faço cara feia”. não aguento isso. infelizmente, banda tem prazo de validade. no caso do ira!, não tem retorno, ou então é na justiça.

vi que o ator hugh jackman, o wolverine, quando esteve aqui, levou o teu disco para casa…
hahahahahahahaha. é verdade! os caras do cqc levaram para ele. nunca tive tanta repercussão na vida! foi o maior marketing que um disco meu já teve! e ele continuou falando, disse que não faria filme do wolverine aqui porque perderia, o posto já está ocupado, tem muito bom humor.

como aconteceu o convite para o ac/dc?
fui convidado. não tenho empresário big shot, tô sem gravadora. passei por dois crivos: os promotores brasileiros me indicaram, e os gringos me aprovaram. eu nem mandei disco nem nada. disse para eles: entra aí no meu site, você vê meu trabalho, minha história. tinha mais gente na parada.

você tá trabalhando num dvd, o que vai ter nele?
passo por todas as fases do meu trabalho desde o voluntários da pátria. desde meu início no pós-punk. haverá coisas de gravações com o picassos falsos, com o eddie, joão bosco e aldir blanc. da minha carreira no ira! só coisas menos batidas. não vou repetir coisas, tem muita coisa bacana que foi mal aproveitada. por exemplo: por amor, que vou fazer mais elétrica e com uma pegada the who. e milhas e milhas. vai ser meio mod, em alguns momentos, e blues, em outros. o blues marcou minha carreira solo.

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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter de jornalismo cultural desde 1986 e escritor, autor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019) e Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021)

2 COMENTÁRIOS

  1. Fala, Jotabê. Aqui é Helder Maldonado, repórter da Revista SUCESSO! Cara, estamos fazendo uma matéria com os principais jornalistas de música do país para saber suas opiniões sobre temas como: revelação de 2009, promessa para 2010 etc. Se não me engano, você até participou dessa enquete ano passado. Se tiver interesse em participar mais uma vez, me mande um e-mail para [email protected] Obrigado, meu caro.

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