em abril de 2004, dormi na aldeia bororo no mato grosso.
era a aldeia Merure, grupamento de bororo a 500 quilômetros de cuiabá, no sudoeste
do mato grosso. 419 índios viviam lá.
dormi no galpão da missão católica.
aprendi a dizer uma palavra, “pemegare”, que é um cumprimento, tipo: tudo bom?
aquela aldeia tinha sido visitada pelo antropólogo francês
claude lévi-strauss em 1935, encontro registrado no livro saudades do brasil
(plon, 1994, e companhia das letras, 2001).
70 anos depois de levi-strauss, 60% dos habitantes da aldeia sofriam com problemas de alcoolismo.
houve uma festa de noite no mato, ao lado de uma fogueira, e uma menina perdeu o cocar e eu o recolhi do chão. feito de uma única folha seca de bananeira, está comigo até hoje.
claude lévi-strauss, o que detestou a baía de guanabara, morreu hoje, aos 100 anos.

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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter de jornalismo cultural desde 1986 e escritor, autor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019) e Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021)

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