defunto pobre de luxo não precisa

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Só digo uma coisa: hoje é o #MussumDay.

E Mussúmzis está em todas as bôquis twittêiris, lá no topo dos assúntis mais comentádis do planêtis, ôbis!, obâmis!

Mas, sem brincadeira agora, hoje completam-se 15 anos da morte de Antonio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum. Efemérides quase sempre são entediantes e modorrentas, mas não esta.

Afora o legado d'”Os Trapalhões” (pedaço inseparável da minha infância, portanto da minha vida inteira), Mussum foi por uma década integrante aguerrido do conjunto Os Originais do Samba. À época o que eles faziam era tido por “samba joia”. O que à época era tido como pejorativo (nessa gaveta a ditabranca tentava empilhar Os Originais, Antonio Carlos & Jocafi, Benito di Paula, Baiano & Os Novos Caetanos, Wando, Bebeto etc. etc. etc.). Desde aquela época, era GENIAL. Por exemplo?

Os Originais cantaram o sambão “Cadê Tereza” (69) com Jorge Ben, mais Black Music do Brasil que Jorge Ben cantando “Cadê Tereza” (69) sozinho.

Criaram “Bacurucuco no Caterefofo” (69), mora? E “Vou Me Pirulitar” (69), também de Jorge Ben. E “Se Papai Gira” (69), idem.

Ganharam de Roberto e Erasmo Carlos o extraordinário SAMBA(-roque) “Eu Queria Era Ficar Sambando” (70) (e como duvidar que lá nas profundezas era isso mesmo que Roberto & Erasmo queriam?). Mais tarde (73), inventaram um desconcertante pot-pourri de canções de Roberto & Erasmo, colocando em tempo de sambão “Amada Amante”, “Quando as Crianças Saírem de Férias”, “Quando”, “Todos Estão Surdos”, “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos” e, até, “Jesus Cristo”.

A gospel-power “Jesus Cristo” em tempo de samba, cê tá entendendo?

Também encaixaram em pot-pourris sambistas artistas tão semelhantes quanto Chico Buarque e Benito di Paula.

Cantaram “É de Lei” (70), de Baden Powell e Paulo César Pinheiro (bem no início, fizeram recital com Baden e a cantora Márcia, aliás).

Do samba de fundo de quintal, devidamente blackmusiqueado, libertaram “Linha de Umbanda” (71), de Lápis (sim, Lápis). “A Subida do Morro” (71). “No Reino da Mãe do Ouro” (75). “Bate Barriga” (72). “Do Lado Direito da Rua Direita” (72), clássiquis da músiquis popularzis brasilêiris.

“Falador Passa Mal” (73) (Simonal?), outra do sambista Jorge Ben, clássiquis do samba-róquis (gênero do qual Os Originais são co-autores).

“Tragédia no Fundo do Mar (Assassinato do Camarão)” (74), nonsense absoluto (será?).

“A Dona do Primeiro Andar” (75), “estou apaixond’apaixonado estou/ pela dona do primeiro andar/ peladona do primeiro andar”. Quem pode ter sido criança, jovem, adulto ou velho nos anos 70 e não se lembrar vivamente disso?

“A Vizinha (Pega Ela, Peru)” (80), esta por Mussum em carreira solo. “Nega Besta” (80), idem, composta pelo baiano-&-novo-caetano Arnaud Rodrigues, já cantada em pleno idiômis mussumzês.

“Nego Véio Quando Morre” (77) (Mussum?), mito máximo dos meus 9 anos de idade…, que reencontro agora, assombrado e estupefato, no YouTube:

A Sony Music, ex-Sony BMG, ex-BMG, ex-RCA, é dona de todo o acervo colossal d’Os Originais do Samba. Nunca reeditou em CD mais que míseros três títulos do grupo. Mas quase todos eles estão boiando aí pela internet, disponíveis para download, ao alcance dos ouvidos por meios que exus tranca-rua do conhecimento e reacionários em geral juram “ilegais”.

Só que tem que reacionário racista nenhum jamais vai sobrepujar Os Originais do Samba. Mussum forévis!

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