lá vem o homem da gravata florida

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e quem já foi ver o “ninguém sabe o duro que dei”, hein? e que sentimentos o filme lhe(s) causou?

por ora, uma reflexão rápida e ligeira extraída da “carta capital” 546, de 20 de maio de 2009 (feliz aniversário, johnny alf!).

NOVO ROUND PARA SIMONAL
POR PEDRO ALEXANDRE SANCHES


Apesar de histórica resistência, Wilson Simonal (com Pelé na foto) está enfim de volta às paradas, com a estreia do documentário Ninguém Sabe o Duro Que Dei, de Claudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal, em cartaz desde sexta 15. Irônico é que Simonal atribuía à Rede Globo grande parte da responsabilidade pelo ostracismo que amargou entre 1971 e a morte, e hoje tem sua história resgatada por um funcionário da casa (Manoel, comediante do Casseta & Planeta), sob co-produção da Globo Filmes.

Simonal (1939-2000) foi o artista brasileiro mais popular da virada dos anos 1960 para os 1970, e caiu em absoluta desgraça com a disseminação da suspeita (nunca provada) de que seria informante da ditadura. Atrás do rastilho de pólvora que o implodiu no momento em que encantava Sarah Vaughan e era regravado por Stevie Wonder, estava o jornal de esquerda O Pasquim, onde surgiu a ilustração do “dedo-duro” de Simonal. Eram ligados ao tabloide os ex-parceiros comerciais do cantor Carlos Prosperi, Carlito Maia e João Carlos Magaldi, esse último futuro alto-executivo da Globo.

O tema é espinhoso e o documentário [NÃO *] chega a tocar nos nomes de Magaldi, Prosperi e Maia, todos já falecidos. Ainda assim, é trabalho que avança até onde nunca se chegou em respeito à fabulosa e trágica história do garoto de favela que virou ídolo nacional, depois inocente útil e por fim bode expiatório da esquerda e da direita. O trio diretor preocupa-se em desenhar o personagem sem lhe atribuir inocências nem culpas, e o faz com pleno sucesso.

Chocante e comovente, o filme abre caminho para próximos passos. Deixa em aberto o ambíguo papel da mídia (a Globo, mas não só ela) como coautora da ascensão e mais tarde um dos carrascos na derrocada de um artista crucial.

(*) o termo entre colchetes deveria constar do texto, mas por cochilo meu sumiu e inverteu o sentido da frase.

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