Tim Maia uma vez tirou sarro de mim. Trabalhava na Folha, na Barão de Limeira, e liguei para ele por causa do boato de que o síndico tinha comprado uma emissora de rádio no Rio de Janeiro.
“Você tá falando aí da Boca do Lixo, João Batista? Não é aí que vendem um monte de carro velho?. Pô, eu tô aqui no Leblon, João Batista. Coisa chata, não?”, disse ele, e deu uma gargalhada.
Sim, o Tim Maia (que provavelmente hospedou-se bastante no velho Hotel Jandaia enquanto garimpava uns trocados na paulicéia) sabia exatamente de onde eu estava falando.
Lembrei disso no fim de semana quando fui à Rua Santa Ifigênia comprar um carregador de bateria para minha câmera fotográfica. Na volta, com a bateria já carregada, passei pela Barão de Limeira e tive uma agradável surpresa: no meio dos escapamentos de motocicletas, carros usados com placas de liquidação, lojas de som e tapetes plásticos, lá estava a feliz jaqueira carregada de jacas.
Na Boca do Lixo, como disse Tim Maia, além dos exilados da cracolândia, o luxo também resiste.

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