Sabe aquele tipo de sacada tão bacana que você pensa: por que raios não tive essa idéia antes?
Bom, dois escritores, Silke Leicher e Manuel Schreiner, propuseram a alguns rock stars que desenhassem, durante suas turnês, aspectos de suas vidas ou devaneios psicológicos que lhes ocorressem.
O resultado, vejo no no site da NME, é o livro Bands On The Road: The Tour Sketchbook (lançamento Thames & Hudson).
Muita gente de muita praia diferente participou, como Matt Bellamy, do Muse, Gordon Moakes, baixista do Bloc Party, Chris Cain, do We Are Scientists, Paul Smith, do Maximo Park, e Ronnie Vannucci, do Killers.
Gostei demais de alguns desenhos deles. Talvez meu favorito seja My Parents’ Home, do escocês Bob Hardy, do Franz Ferdinand. A casa paterna, onde viveu até os 18 anos. “Era silenciosa e enfadonha”, lembrou Hardy. “Mas era bom, porque a gente tinha muito tempo para ler e desenhar e ouvir música”.
Bom, Hardy estudou artes em Glasgow, não é exatamente um néscio. Eu o encontrei certa vez no aeroporto de Guarulhos, logo depois que eles vieram para abrir o show do U2 no Morumbi, e ele estava na fila da bagagem com os outros caras da banda lendo um livro. Batemos breve papo.
Mas há outros desenhos bem bacanas. Por causa do uso das cores, destaco o do lendário guitarrista Johnny Marr, Arizona Desert. “Gosto de ir até lá e me sentir bem pequeno”, explicou. “Melhor que ir ao subúrbio tomar drogas, como costumava fazer. Uma vez estive lá por 10 dias, no deserto, e não falei nada. Traz coisas interessantes à mente”.
Guy Berryman, do Coldplay, desenhou o Beaubourg, o Centro Georges Pompidou de Paris, mas numa perspectiva meio Leonilson. Ele desenhou o prédio com uma janelinha em cima e uns dizeres: “Eu achei minha saída do Centro Georges Pompidou aqui”. Berryman diz que aconteceu de fato com ele quando era criança e se perdeu no museu. “Me lembro de estar aterrorizado e me sentindo muito sozinho, pensando que iria morrer ali no teto”.
Penso em como seria se propusesse algo assim ao pessoal do rock brasileiro. Bom,
Arnaldo Baptista sempre desenhou, e sua arte é uma porta da percepção, sabemos bem disso. Mas será que daria um bom resultado?

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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter de jornalismo cultural desde 1986 e escritor, autor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019) e Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021)

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