e já que falávamos das cantadeiras da paraíba, continuamos então falando no feminino, nestes dias em que a condição feminina bate à porta dos nossos chavões e clichês, às vezes de modo inquieto, áspero, desesperançado. vi mulheres em carne viva ao longo dos últimos dias, e é difícil para mim entender à toda o que vai por dentro das mulheres ao longo destes dias que ameaçam se confirmar inquietos, ásperos, desesperançados – ou plácidos, macios, esperançosos.

vi renilda, mulher de marcos valério, se aparelhar do rótulo da “dona de casa” como armadura para enfrentar os leões da arena do grande circo pós-moderno da cpi. vi machos grotescos (principalmente um tal do ptb, partido do bob e da bala, pelo qual tenho até asco de soletrar o nome) tratando a renilda como devem tratar seus próprios serviçais, seus semi-escravos, suas mulheres – ou seja, como devem tratar a si próprios, impávidos colossos. vi dona renilda balangar, entre os estigmas que os machos arcaicos lhe impõem e entre os estigmas que ela própria se propõe. vi na retina da renilda o crescimento borbulhante do espetáculo do patriarcalismo, mas vi também a rachadura do patriarcado aparecendo bem na virilha, bem ali no meio onde ficam paralisados o pinto e o saco.

vi fernanda karina, cidadã brasileira pós-“big brother brasil”, pós-cida, pós-jean, se aparelhar do rótulo da “secretária sexy pelo bem do brasil” para enfrentar os leões machistas de todos os sexos da mídia grande, seja nos bancos misóginos da cpi, seja no flerte com a “playboy”, seja no namoro consumado com a “folha”. vi fernanda karenina vestir, lívida e des(res)peitada, um cínico emblema verde-amarelo de “brasil”, travesti de camiseta escrita “eu (não) te amo”. vi em suas poses e nas dos seus interrogadores, fotógrafos e repórteres o crescimento exuberante do espetáculo do cinismo, da misoginia, do sensacionalismo. vi secos & molhadas, vi secas & molhados, vi esturricados & molhadinhas.

em flashes, vi denise frossard. vi heloísa helena. (não) vi marta suplicy. (não) vi dilma roussef. vi benedita da silva. vi matilde ribeiro, negra como as noites que não têm luar. vi as mulheres que lutam pelo direito ao aborto. vi as mulheres de atenas, que seguem zelando por seus maridos, orgulho e raça de atenas.

e vi “sin city”, o mais novo manifesto bushista das hordas bárbaras de tarantino & seus pimpolhos obedientes (também conhecidos como ovelhas a balir no cadafalso do matadouro de bin laden). vi as mulheres de tarantino & robert rodriguez babando sangue de batom, pingando sangue de catchup, todas louras como os girassóis da rússia, todas aparelhadas passivamente com as fantasias masculinistas da “femme fatale”, da “vamp”, da “puta poderosa”, todas violentas, todas violentadas. vi as poças de sangue que se formam aos pés daquelas mulheres e daqueles homens de tarantino. vi que as poças e pocilgas eram todas de sangue descolorido, lívido do medo que supostamente explodirá do outro lado do mundo para cá, pálido do ódio guardado por dentro, do desejo mórbido de vingança, do mais irracional e imaturo impulso de violência & destruição. não vi (quase) ninguém constatar o lixo pútrido alucinado que borra as cores brega-chiques de “sin city”. mas vi, pelas unhas das mulheres norte-americanas dos georges w. tarantinos, o nauseabundo espetáculo da erupção letal do irracionalismo.

vi o balé dos misóginos e das misantropas, dos misantropos e das misóginas.

vi, vi tudo isso. quase acreditei que o mundo ia mesmo se acabar, a começar pelo brasil de marisa lula da silva e a terminar por mrs. bush e por mrs. bin laden (existe uma mrs. bin laden?). mas o tal do mundo não se acabou, se é que eu quisesse ver também o outro lado da lua, não só o mesmo e desbotado lado amarelo, amarelado de medo, do sol.

piscando outras pestanas, vi deize tigrona e tati quebra barraco. vi nega gizza e negra li. vi eliete mejorado e bruno verner. vi wanderléa e ivana bentes. vi maroca. vi poroca. vi indaiá.

trabalhando para me sustentar, vi zélia duncan e (re)vi cássia eller. vi e ouvi. vi, não vivi. ouvi e reouvi suas músicas e seus músculos, a meu bel prazer. vi avencas e begônias, vi flores de todas as cores (eu fiquei maluca). vi luzes piscando mansas na continuação do túnel que não tem fim.

vi (e vivi) modos femininos de pensar e de sentir, intuí modos menos tarantino e menos josé serra, modos mais myriam e mais marisa. não cheguei a conclusão nenhuma, até porque elas é que são as mulheres. sem qualquer conclusão (já que só do lado feminino da força essa conclusão poderá germinar), apresento modos femininos que estudei em duas edições diferentes da carta capital. no número 349, de 6 de julho de 2005, a resenha “a frágil potência” revisita o modo cássia de ser feminino(a). no 351, de 20 de julho de 2005, a reportagem “a cigarra é a formiga” pesquisa o modo zélia de ser feminina(o). [entre uma e outra, no 350, estacionou-se folgadamente espremida a reportagem sobre a “vida cigana” brasileira, que já habitou as “páginas” deste blog, lá para baixo.]

nesses jardins sem estátua, onde adubando dá, onde em se plantando tudo dá, onde habitam lulas mamíferas e itamares nunca dantes navegados, brotam férteis dos solos, aos borbotões, cássias e zélias. chuvarada boa, sô.

A FRÁGIL POTÊNCIA
Biografia confronta a força artística e a instabilidade pessoal da cantora Cássia Eller

por Pedro Alexandre Sanches

Duas instâncias se confundem e se misturam quando o assunto em pauta é retratar e biografar Cássia Eller (1962-2001), representante brasileira daquela casta rara e conturbada de artistas que vivem depressa demais, que morrem jovens demais.

Mais imediata e imediatista, a primeira instância envolve as circunstâncias de sua morte. Essas ainda não foram totalmente esclarecidas e podem avizinhar perigosamente a empreitada do sensacionalismo.

A outra instância, delicada devido à pouquíssima distância histórica entre o presente e a participação meteórica da cantora no leito da música brasileira, é a relevância artística real do objeto da investigação. Essa ainda não foi amplamente reconhecida num Brasil que teve e perdeu Cássia Eller, cantora grave que ocupou vácuos de musicalidade, rebeldia e intensidade na confusa história local dos anos 90.

A biografia Apenas uma Garotinha – A História de Cássia Eller, escrita pelos jornalistas Eduardo Belo e Ana Cláudia Landi, assume o risco e passeia pelas duas instâncias, sofrendo a urgência de documentar sua história, mas também a exigüidade dos menos de quatro anos decorridos desde sua morte.

No aspecto pessoal da trajetória da mulher que seria e foi a artista Cássia Eller, o livro contém informações que zanzam no fio da navalha do sensacionalismo, mas não chegam a se entregar a ele. Para agir dessa forma, contam com o trunfo da postura – e diferencial – de Cássia, que sempre praticou os hábitos da sinceridade e da transparência.

Não causarão surpresa detalhes que o livro carrega sobre o abuso de drogas, a bissexualidade, os ideais familiares libertários e o casamento aberto de 14 anos com Maria Eugênia – tudo isso esteve explícito no discurso ideológico e artístico da protagonista. Tampouco surpreende a descrição da morte abrupta e prematura – o livro sustenta a versão oficial, de que não houve overdose, mas sim recaída de um problema cardíaco de longa data.

Mas a pesquisa avança (e se arrisca) na pormenorização dos últimos dias da vida de Cássia, dos quais se reconstituem um crescente estado de instabilidade psicológica, ataques de fúria, um empréstimo de R$ 15 mil que ela teria feito a algum familiar e, no alicerce disso tudo, a extrema fragilidade que seria uma das marcas de sua personalidade.

Ali, Apenas uma Garotinha bambeia num complicado limiar ético entre história e especulação. Suscita dúvidas sobre qual seria a utilidade da exposição das fragilidades de um semi-ídolo nacional, mas é justamente por ousar fazê-lo que conquista vitórias marcantes.

Desse mergulho íntimo extrai, por exemplo, elementos para cobrar, com dureza (e justeza), o comportamento da mídia, povoado por suposições tratadas, de modo irresponsável, como quase certezas. Também dá pistas para desvendar o inferno particular que se pode instalar na vida de um artista tomado pelo assédio cotidiano de pessoas próximas, das máquinas de fazer lucro, de traficantes de drogas, de oportunistas em geral.

Tudo isso até pode ser entendido como sensacionalismo, mas também contém um modo menos romântico e irrealista de desnudar ângulos “negativos” da sensibilidade extrema de um artista genial. Unindo os vieses fofoqueiros e os mais nobres, Apenas uma Garotinha explora com demasiada descrição a faceta artística, mas permite que o leitor atento deduza que se trata aqui, sim, de um artista brasileiro ímpar, dos poucos que se destacaram da média entediada dos difíceis anos 90.

A força furiosa exibida pela artista nos palcos, pode-se inferir, seria uma espécie de antídoto formulado pela mulher para dispersar as próprias fragilidades. Para artistas, empresários, executivos de discos, jornalistas e outros satélites que leiam a biografia, o alerta está dado, ainda que de modo sutil: é preciso investir na potência das pessoas frágeis por trás dos mais fortes artistas, sob a pena de a história se consumar, tristemente, como o cumprimento de uma profecia que estava traçada desde o início, naquele mito punk belo (mas bobo) de que é preciso morrer cedo para permanecer “bonito”.

A CIGARRA É A FORMIGA
Entre canções, shows, produções e cursos de letras e choro, Zélia Duncan firma-se como uma artista completa

Por Pedro Alexandre Sanches

Se passar por sua cabeça a sólida fábula sobre o conflito entre a cigarra e a formiga, deixe-a de lado por um instante. A música popular está repleta de cigarras cantadeiras hedonistas (ou “preguiçosas”, segundo formigas detratoras), mas Zélia Duncan existe para dizer “não” ao paradigma. Nela, a cigarra e a formiga são a mesma pessoa.

Há muito tempo o cenário musical sabe da existência de Zélia Cristina, como era (des)conhecida uns 15 anos atrás. Nunca se ouviu falar, no entanto, que ela fosse a salvação da lavoura, a próxima Elis Regina, o novo ovo de Colombo. Sua história diverge das dos ídolos instantâneos que emergem para um sucesso fulminante, para então seguir carreiras suavemente descendentes, quando não para simplesmente desaparecer no meio de uma multidão sempre ansiosa por novos “fenômenos”.

Não, Zélia corresponde mais a uma geração de artistas que foram surgindo mansa e lentamente, uma geração que inclui, entre outros, Lenine, Zeca Baleiro e Cássia Eller. Aliás, sua trajetória pré-fama coincide em vários pontos com a de Cássia, sua amiga e ex-colega de elenco em musicais brasilienses de Oswaldo Montenegro.

Formiguinha nascida em Niterói (RJ), crescida em Brasília (DF) e só bem mais tarde radicada carioca, Zélia cantou na noite, quase anônima, durante toda uma década, a partir de 1981. “Por muitos anos eu pegava meu fusca e atravessava a ponte Rio-Niterói para cantar de segunda a sábado”, lembra.

Começou a gravar discos em 1990, mas só ficou relativamente conhecida em 1994, com o sucesso comercial da balada folk pasteurizada Catedral. À parte aquele êxito súbito, continuou trabalhando com dedicação para virar o híbrido de cigarra e formiga de hoje em dia. Pois nesta primeira década dos 2000 os suprimentos armazenados pela Zélia-formiga têm agido como sementes e rendido florações ininterruptas e frutos polpudos. Nos últimos quatro anos, ela não sossegou um só minuto, e não foi só para dar provisão à carreira “regular” na grande indústria.

Também dividiu com o percussionista Naná Vasconcelos um show em honra de um de seus principais influenciadores, o cantor, compositor e poeta Itamar Assumpção (1949-2003). Dedicou o show Eu me Transformo em Outras a fogosas releituras pop de clássicos do samba. Mesmo continuando ligada à Universal Music, fundou o selo Duncan Discos, para lançar a versão em CD do show, que a gravadora multinacional não julgava suficientemente comercial. Produziu um tributo a Hermínio Bello de Carvalho.

O movimento mais recente da formiga-cigarra foi bancar, na Duncan Discos, o financiamento, a gravação e o lançamento de mil cópias do disco Paralelas, uma parceria entre a cantora e compositora Alzira Espíndola e a poeta Alice Ruiz, ex-mulher de Paulo Leminski. A mais nova travessura da cigarra-formiga é voltar a atuar como cantora e compositora de músicas inéditas, no CD recém-lançado Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band (Universal, R$ 30).

O novo disco chega com toda a pinta de ser o mais importante de seus trabalhos autorais, intumescendo qualidades musicais e ampliando o rol de parceiros. Entre os artistas que colocaram melodia nas letras cada vez mais apuradas de Zélia estão nomes tão variados como Lulu Santos, Mart’nália, Lenine, Pedro Luís, Moska etc. Misturando todas as estações, o “rei do pop” Lulu Santos entregou um samba (Quisera Eu), a sambista (e filha de Martinho da Vila) Mart’nália concebeu uma balada feminista (Benditas), e assim por diante. “Acho que fico confundindo a galera”, brinca a Zélia-cigarra, referindo-se ao passeio amplo que vem fazendo sobre modos, gêneros e convicções musicais.

A faixa-título expande ainda um pouco mais suas atividades e a lança como provocadora, o que se evidencia nos versos: Todo mundo quer ser da hora/ Tem nego sambando com o ego de fora e moderno, eu não enxergo bem/ Tá cego, mas tá guiando alguém – do outro lado da muralha social, Zélia vê o mesmo que vêem as Ceguinhas de Campina Grande, no filme A Pessoa É para o Que Nasce. Mais provocação à cegueira geral da nação surge na faixa Braços Cruzados: Alguém aqui acredita que não tem nada com isso?/Será que nada tem vínculo, tudo é por acaso?

O crescimento parece se dar, simultaneamente, em música e atitude, em melodia e poesia. A explicação tem raízes subterrâneas: nas horas em que ficam vagos os afazeres da cigarra, a formiga incansável ainda se dedica a cursar letras (está no quarto semestre, na Faculdade Cândido Mendes) e a estudar violão, pandeiro e as manhas brasileiríssimas do choro, todo sábado, na Escola Portátil de Música (de Maurício Carrilho, Luciana Rabello e Pedro Aragão).

“O lance de estar na faculdade é puro prazer, lá parece que estou em outra encarnação. Ali eu estou no bolo, e isso me faz ficar mais confiante quando tenho de ser um só”, reflete, referindo-se à vida atual em cima do palco, mas evocando o passado de quem fez escola de teatro e freqüentou muita sessão de cinema para pavimentar a estrada da cantora conhecida.

“É como se tudo isso fosse mantimento. Agora me vejo tomando atitudes sérias em direção ao que sempre quis, como por exemplo lançar um disco de Alice Ruiz e Alzira Espíndola”, define a ex-formiga que em 2001 fez um disco chamado Sortimento.

Acontece que, gozando de fama e prestígio crescentes, a atual cigarra contradiz a norma e também já faz provisões. “A carreira musical é difícil, sei que não vou ficar aparecendo o tempo todo. Quando não estiverem me vendo muito por aí, é porque estou estudando”, concentra-se, antes de cair na brincadeira: “No segundo semestre, modéstia à parte, só tirei notão. Meus colegas de 18 anos perguntam ‘o que a Zélia Duncan está fazendo aqui?’, eu respondo: ‘Calma, um dia você vai me entender'”.

A cigarra, paradoxalmente, pena e sofre com afazeres de formiga que se escondem atrás da tarja de pop star. “Tudo que envolve carreira é muito chato, um saco”, define. “O rádio é um meio tão bonito, tão bacana, tão espontâneo, e conseguiram destruir. Ficam com papo de ‘música de trabalho’, a gravadora faz reunião de marketing para decidir que música do disco pode fazer mais sucesso, ficamos todos tentando achar soluções que não existem. Eu queria poder entregar o disco inteiro para o cara da rádio e fazer ele ouvir música, uma vez na vida”, exemplifica.

Reclama, também, dos programas de tevê que exigem um “gancho” para levá-la a mostrar seu trabalho: “Pedem ‘algo engraçado’. Eu até sou engraçada com meus amigos, mas se for para isso aparecer tem de ser espontâneo. A alguns programas eu não vou, em certos casos eles é que não me querem mesmo. Tudo isso é muito cansativo, difícil”.

Reclama menos da comprida fila de fãs ao final de cada show, que Zélia cultiva por rotina atender um por um, até o último freguês. “No começo era comovente, eu tinha o desejo infantil de abraçar cada pessoa que vinha me ver. Peguei o hábito, tem sido bom. Mas isso também pode ser vampirizante, os fãs estão lá oferecendo carinho, mas também querem levar algo. Às vezes é difícil, as pessoas acham que ser famoso é sinônimo de ser feliz”, move-se na corda bamba.

Outra corda bamba é o fio invisível que divide “arte” e “comércio”, de cujas armadilhas Zélia mostra ter plena ciência: “Eu fui me filiando, paguei o preço, fui rotulada por Catedral. A maior tentação, aí, é reproduzir o rótulo, até porque é uma delícia cantar para milhares de pessoas. Nunca vendi tanto disco como na época de Catedral, e provavelmente nunca vou vender. Mas eu tenho onde morar, graças a Deus”.

Se o caso é falar de poesia, não só o curso de letras tem sido determinante. O peso de poetas como Alice Ruiz e Itamar Assumpção cresce continuamente em sua criação. De Itamar, ex-maldito evitado por dez entre dez grandes gravadoras, o novo disco inclui nada menos que quatro engenhosas composições. Duas delas são parcerias com Alice Ruiz: Tudo ou Nada e a já conhecida Milágrimas, que revela a voz densa de Anelis Assumpção, filha de Itamar, e sublinha o pontiagudo verso “a cada mil lágrimas sai um milagre”.

“Espero que minha poesia tenha cada vez mais a influência de Itamar, eu adoro pensar que tem”, emociona-se Zélia. “Fiquei muito ligada a Itamar, cuidei dele, levei para participar de meus shows. Um dia, no camarim, ele chegou para mim e disse assim: ‘Se um dia você cair, eu te seguro’. Quando ele foi embora levei um baque, pensei ‘e agora, quem vai me segurar?’. Mas sinto que ele me segura, até hoje”, afirma a cantora-autora de Catedral e Milágrimas, que aprendeu com o mestre maldito que a verdadeira cigarra é a formiga e vice-versa.

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