Roberto Riberti reúne constelação em “Estrela é o Samba”

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O cantor e compositor Roberto Riberti - foto: Gal Oppido/ divulgação
O cantor e compositor Roberto Riberti - foto: Gal Oppido/ divulgação

A lista de parceiros e intérpretes de Roberto Riberti é ampla e seu arco abarca nomes como Arrigo Barnabé, Beth Carvalho (1946-2019), Eduardo Gudin, Eliete Negreiros, Elton Medeiros (1930-2019), Fátima Guedes, Hermelino Neder, Leila Pinheiro, MPB4, Nelson Cavaquinho (1911-1986), Paulinho Nogueira (1927-2003), Paulo César Pinheiro e Vânia Bastos, entre outros.

O cantor e compositor acaba de lançar Estrela é o Samba, seu novo álbum, que sucede Tateando a Cidade (1986), e é apenas o quinto título da discografia do artista, iniciada com o homônimo Roberto Riberti (1977).

"Estrela é o Samba" - capa/ reprodução
“Estrela é o Samba” – capa/ reprodução

Este novo trabalho joga luz sobre sua faceta sambista. Produzido e gravado ao longo de mais de 10 anos, o surpreendente registro é também uma homenagem a parceiros que já abandonaram a boemia, como ironiza “Todo Mundo me Diz”, letra de Paulo Vanzolini (1924-2013), escrita na década de 1940, que ganhou melodia de Riberti – para termos ideia do tempo de gestação do álbum, o arranjo da faixa é de Magro Waghabi (ex-MPB4), falecido em 2012.

A Estrela é o Samba comparecem também, como convidados especiais, Germano Mathias (1934-2023) (em “Túmulo do Samba”, que abre o disco ressignificando a famosa frase de Vinícius de Moraes [1913-1980]), o MPB4 (na citada “Todo Mundo me Diz”), Elton Medeiros (em “Pobre Amor” e “Estrela”), Isaías Bueno de Almeida (em “Euforia”), Dona Inah (1935-2022) (em “Delicadeza”), Adriana Moreira (em “Quando o Amor Invade”) e Ana Bernardo (em “A Força do Bem”).

A lista de instrumentistas é extensa e entre eles, destacamos o próprio Roberto Riberti (violão), Osvaldinho da Cuíca (percussão), Elton Medeiros (caixinha de fósforos), Silvério Pontes (trompete e flugelhorn), Isaías Bueno de Almeida (bandolim), João Parahyba (timbatera e percussões), Beto Bertrami (piano) e Mário Manga (violoncelo), além de Janja Gomes (pandeiro e tamborim) – que assina a engenharia de som e divide a produção com Riberti – e os coros das Pastoras do Kolombolo Diá Piratininga (Roberta Oliveira, Lígia Fernandes, Laura Ghellere e Mô Trindade) e As Filhas do Seu Benedito (Elisete Aparecida de Castro, Sandra Virgínia de Castro, Sônia Regina de Castro e Silvana Maria de Castro).

Roberto Riberti não nega seu sotaque paulista, mas não constrói muros nem se preocupa com fronteiras. Quem quiser encontrar o samba de São Paulo e comprovar que o endereço está longe de ser seu túmulo, veio ao lugar certo, as 11 faixas de Estrela é o Samba.

Roberto Riberti conversou com exclusividade com FAROFAFÁ.

O cantor e compositor Roberto Riberti - foto: Gal Oppido/ divulgação
O cantor e compositor Roberto Riberti – foto: Gal Oppido/ divulgação

ENTREVISTA: ROBERTO RIBERTI

ZEMA RIBEIRO: São 38 anos desde seu último álbum. A que devemos tamanha espera?
ROBERTO RIBERTI: Pois é, 38 anos é muito tempo. Mas, enfim, eu nunca me liguei muito nessa coisa do tempo, é engraçado. Quando eu tinha 20 e poucos anos eu nem esperava chegar aos 72. Mas as coisas foram acontecendo e faltaram, são 38 anos que você diz aqui, o tempo de espera. Não foi bem espera, foi porque faltaram oportunidades e eu fiquei um tempo assim, dando canja na noite, e curtindo os meus sambas, principalmente o “Velho Ateu”, que eu fiz com o Eduardo Gudin, e dava canja aqui e ali, cantando músicas de outras pessoas também, como o “Pressentimento”, que eu adoro cantar, que é do Elton Medeiros e do Hermínio Bello de Carvalho. Enfim, houve também, quando eu lancei o meu quarto vinil, em 1986, que é o Tateando a cidade, tem uma música que eu gravei, que foi o “Existe”, que é uma canção romântica, meio bossa nova, a segunda parte, mas ela está mais para canção mesmo, e ela começou a tocar muito no rádio, mas aí a gravadora não fez os investimentos que deveria fazer; na época as rádios, as rádios FM principalmente, tinham uma grande influência na divulgação do artista, e principalmente televisão. Então eu fiz alguns programas periféricos, assim, era uma música bem romântica, e poderia ter acontecido de uma maneira para me projetar, para me sustentar. Porque eu sempre fiz uma música meio que lado b da coisa, uma música mais, muita música política também, fazia shows explicitamente políticos, mesclando poesia com música, e colocava “O Operário em Construção”, do Vinícius, para falar de uma canção que falava sobre mais-valia etc.; e outras também sobre problemas da terra, como uma que eu fiz, que chama “Roça”, que está no meu vinil Cenas (1979). Então tinha todo também um engajamento. E normalmente o pessoal das rádios não gostava muito do jeito que a gente fazia as coisas. E eu era militante da música independente, fiz até um artigo na Folha uma vez sobre isso. Lancei meu disco independente em 1982, logo depois que o Boca Livre fez sucesso com o disco independente que eles fizeram. Então é uma série de motivos, e aí tinha a sobrevivência, você tinha que correr atrás, fazer outras coisas e foi isso que resultou nessa espera toda [risos].

ZR: O novo álbum levou mais de década entre gravação e produção até chegarmos ao lançamento. Ele traz participações especiais de artistas que já estão em outro plano. Revelar estas gravações inéditas é também uma forma de homenageá-los?
RR: O álbum foi feito nestes 13 anos, com várias interrupções e paradas para esperar um ou outro amigo que pudesse participar etc.; foi todo feito de uma maneira artesanal mesmo e as participações dos amigos que fizeram parte da minha história eram imprescindíveis. Tanto nas parcerias como nas participações mesmo, cantando e tal. O Magro do MPB4, por exemplo, que participa fazendo o arranjo das vozes no “Todo Mundo me Diz”, que é a música que eu fiz com o Paulo Vanzolini; ainda o grupo MPB4 só tinha saído o Ruy e o Magro pode participar e fazer o arranjo das vozes, até uma brincadeira na música, imitando os Demônios da Garoa e tal [risos], ficou bem bacana. Aí a Dona Inah, que já tinha gravado música minha, tinha gravado “Velho Ateu”, que é minha e do Gudin, e “Euforia”, que a melodia foi feita pelo Nelson Cavaquinho a primeira parte, a segunda parte o Gudin e a letra foi minha, isso é de 1982, e a Dona Inah gravou isso aí, eu não sei bem a época, deve ser 2000 e pouco, começo dos anos 2000. Aí você tem o Germano, que participou também, que é uma música que eu fiz para ele, um samba sincopado, brincando com o “Túmulo do Samba”, brincando com aquela frase, a frase do Vinícius, e o Elton Medeiros, que já é um parceiro de 82, que a gente já fazia música, nessa época a gente fez o “Estrela”, que dá nome ao disco, é uma canção que eu nunca tinha gravado. Então não deixa de ser uma homenagem a eles e as coisas aconteceram desse jeito. Eu gostaria que eles estivessem todos aí, pra gente fazer um grande show juntos. Mas está aí, o registro está aí e vai poder ser ouvido nas plataformas.

ZR: Estrela é o Samba reafirma sua versatilidade, basta observarmos sua ficha técnica, entre parceiros e convidados. Qual o segredo para este seu bom trânsito entre tantos parceiros valorosos?
RR: Estrela é o Samba foi concebido para mostrar o meu lado sambista por inteiro. Porque eu tenho uma certa facilidade em trafegar por outros gêneros, eu gosto de vários gêneros de música, a música sempre me fascinou, eu sempre ouvi um pouco de tudo, eu já ouvia a música da década de 1930, a época de ouro, como se chama, eu curtia muito quando já era garoto. Meu pai vendia vinis na lojinha que ele tinha, ele trazia para casa, tem um disco do Silvio Caldas (1908-1998) que eu quase furei de tanto ouvir [risos]. Quando eu comecei a gravar, em 1977, já no meu primeiro disco, meu primeiro vinil, eu já tinha essa coisa com os parceiros. “Não Demore”, por exemplo, que a gente fez em parceria, eu, Gudin e o Paulo César Pinheiro, depois é uma música que foi gravada pelo MPB4, é um samba que a gente fez no Bar do Alemão, um bar famoso aqui de São Paulo na época, que era um bar na Avenida Antártica, onde se reunia o pessoal do samba e quem vinha aqui pra São Paulo, a Clara Nunes (1942-1983), a Beth Carvalho, o próprio MPB4, o Vinicius frequentou algumas vezes, enfim, era um lugar que a gente ia, o Gudin já frequentava esse bar, e lá a gente compôs alguns sambas. Teve um outro samba também que a gente fez com o Maurício Tapajós (1943-1995), que é o “Rendição”, que eu fiz a letra também. Então o meu primeiro disco já tinha isso e o MPB4 participou cantando o samba bem político que eu fiz, nessa época, “Apenas Mais Um”, e eu pedi para eles cantarem junto. A produção foi do Fernando Faro (1927-2016) e teve a participação do Paulinho da Viola também, num samba dele que eu cantei, o Paulinho tocou violão e tocou tamborim, um samba que chama “Ruas Que Sonhei”, que era um lado b de um compacto que ele tinha lançado e era uma música que não estava muito… e o Fernando Faro me mostrou: “que tal gravar isso aqui?”. Eu falei: “ah, maravilhoso, vamos lá!”. Então vamos chamar o Paulinho pra fazer o violão e o tamborim, a gente fez uma pegada bem intimista, ficou bacana. Você pergunta do bom trânsito entre tantos parceiros valorosos, eu acho que eu já tinha desde o primeiro, e o próprio Eduardo Gudin, que foi o grande parceiro, foi e é, a gente não tem feito coisa nova, mas foi e é. A gente não tem tantas obras, mas a gente tem umas obras bem interessantes, que eu acho. Alguns choros, as valsas, as valsas em parceria com Arrigo Barnabé, que o Gudin fez a primeira parte, que é o “Cidade Oculta”; desculpa, a primeira parte é do Arrigo Barnabé e a segunda é do Gudin. Tem o “Lenda”, que também a primeira parte é do Arrigo e do Hermelino Neder e a segunda é do Gudin e a letra é minha também; no “Cidade Oculta” a letra é minha também. Quando eu comecei, já com o Gudin, gravando já num disco que ele lançou pela Odeon, “Mãos Vazias”, eu já comecei, a gente já andava junto por aí, nos tornamos amigos, a gente se conheceu num festival, e daí as coisas foram fluindo, porque os amigos dele também se tornaram meus amigos, então eu acho que as coisas fluíam naturalmente, tanto essa parceria com Nelson Cavaquinho, que aconteceu nessa época, na década de 1980, como a parceria com Elton Medeiros, e por aí afora. A gente ia fazendo as coisas, e as coisas iam fluindo, as pessoas iam gravando, porque nessa época, de boemia e de encontros musicais, a música, a MPB fluía de uma maneira meio que instantânea, sabe? Eu lembro de a gente ter feito “Velho Ateu” e logo depois que a gente mostrou pro MPB4, isso em 1978, eles pegaram e falaram, “a gente vai gravar agora, a gente já vai colocar no show”; era um show que eles iam fazer, “Bons Tempos, Hein?”, que era um show com texto do Millôr Fernandes (1923-2012), que ironizava os aspectos da ditadura militar e tal, e aí a música entrou e já começou a ser cantada nas rodas de samba e fluía. O MPB4 gravou o nosso “Não Demore”, parceria minha, do Gudin e do Paulo César Pinheiro, e depois um choro da gente também, chamado “Águas Passadas”. No caso da Beth Carvalho também, quando ela gravou “Velho Ateu”, as coisas iam, elas iam acontecendo. Então esse disco, Estrela é o Samba, ele é uma consequência de tudo isso aí, de todo esse bom trânsito que você fala entre parceiros valorosos, ele vem dessa época. Eu tive esse interregno [risos], essa parada, mas, sei lá, retornou na minha cabeça tudo que eu já tinha feito e acho que a gente não perde essa vibração interna que a gente tem. Eu não gostaria de ter parado, mas por vários motivos eu me afastei um tanto, mas estava lá guardado, e aí veio à tona, eu fiz coisas novas, e saiu o Estrela é o Samba.

ZR: Seu álbum começa com “Túmulo do Samba”, que ironiza a afirmação de Vinícius de Moraes que ganhou música de Caetano Veloso, e nela você homenageia Adoniran Barbosa (1910-1982), Geraldo Filme (1927-1995) e Paulo Vanzolini, três gigantes paulistas do samba. Eu sou maranhense e também sempre notei essa espécie de riocentrismo quando o assunto é samba e choro. A julgar por sua música, você também leva a questão na esportiva. Eu queria te ouvir sobre isso.
RR: A música “Túmulo do Samba”, isso me veio na cabeça a frase do Vinícius. Você sabe de onde veio a frase, né? Diz que ele estava numa boate, aquela velha história, tem um vídeo do Toquinho no youtube que ele fala sobre isso; eles estavam numa boate, Johnny Alf (1929-2010) estava fazendo um show, uma boate aqui em São Paulo, e tinha um pessoal meio alterado e estava fazendo barulho, não estavam prestando atenção no grande Johnny Alf. E o Vinícius estava lá presente, ficou irritado com esse desrespeito, já tinha chamado a atenção várias vezes, para o pessoal prestar atenção, e o pessoal continuava falando alto. Chega uma hora que o Vinícius irritado falou “ah, São Paulo é o túmulo do samba mesmo”. Mas parece que tinha um jornalista presente [risos], que no dia seguinte colocou no jornal “Vinicius chama São Paulo de túmulo do samba”. Depois o Vinicius se desculpou, até tem uma história que fala que ele falou “tem o filho de um amigo meu, o filho do Sérgio Buarque [de Holanda (1902-1982)], faz uns sambas muito bacanas”; o Vinícius não era parceiro do [carioca] Chico [Buarque] ainda. Aí ficou essa história e me veio na cabeça essa coisa e eu falei: “ah, eu vou ironizar com isso”. Jamais desfazendo do Vinícius, porque, para mim, Vinícius é o grande poeta da nossa língua, e não só isso, o grande, o que deu na música popular brasileira, um outro, uma coisa única, Vinícius abriu um espaço para a poesia dentro da música brasileira, enfim. Mas com todo respeito ao Vinícius [risos], voltando, eu quis brincar com a frase dele. Aí no meio da música, eu falo justamente isso, eu faço uma homenagem ao Adoniran, ao Geraldo Filme e ao Paulo Vanzolini, que pra mim são as grandes influências paulistas que eu tenho; eu tenho influência de vários outros autores, do Noel [Rosa (1910-1937)], do Ismael Silva (1905-1978), do Wilson Batista (1913-1968), enfim, a gente tem influência, a gente é uma soma de todas as nossas influências, como já dizia Fernando Pessoa (1888-1935). Mas o caso do Adoniran, o Geraldo Filme e o Paulo Vanzolini, pra mim são os três pilares do samba paulista, você chama de gigantes, e realmente, os gigantes do samba paulista. Eles me influenciaram muito nas coisas que eu faço. Mas eu não tenho essa divisão do samba de São Paulo e eu também convivi sempre com o pessoal do Rio, não só o pessoal do MPB4, mas como os autores também, o Elton Medeiros, o próprio Nelson, a gente andava muito com ele por aí, até surgiu essa parceria, então eu não via essa divisão. Mas tem essa coisa, como o samba diz que nasceu na Bahia, até o Gudin tem uma música que ele cita isso, e no Rio ele se desenvolveu assim, o samba urbano, São Paulo às vezes é meio jogado de lado, como se não houvesse grandes sambistas aqui, com uma linguagem até própria. A minha brincadeira foi um pouco em cima disso, de homenagear, e no final da letra eu falo, quer dizer, que o samba disperso pela cidade, ele vai sem vaidade e agradece a qualquer dedicação. Porque o samba em São Paulo, porque como o Rio tem aquela coisa de zona norte e zona sul, é mais concentrado o samba, algumas rodas; aqui em São Paulo é muito disperso, tem muita coisa na zona leste, mas também tem na zona norte, também tem na zona oeste, tem na zona sul, enfim, agora mesmo abriu um bar de samba perto aqui da minha casa, que não tinha nada de samba, que é no Cambuci, e aí vão surgindo essas rodas e vão surgindo novos compositores, novas linguagens, enfim, o “Túmulo do Samba” brinca um pouco com isso e fala da frase que ficou famosa, do Vinícius.

ZR: A evocação ao samba paulista, ou, antes, a uma maneira paulista de fazer samba, é marcada também pela presença dos músicos que estão contigo no álbum, embora haja também não paulistas entre os instrumentistas arregimentados. Como é que se deu a seleção desses craques para te acompanhar?
RR: O samba de São Paulo eu acho que tem uma característica que é o seguinte: tem uma pegada que é um pouco mais lenta. Eu gosto muito disso, dessa pegada. Você pega o Adoniran, os três principais, o Adoniran, o Paulo Vanzolini, o Geraldo Filme, têm a pegada mais lenta. E tem também, o Geraldo Filme traz também muito essa coisa do samba rural, que é o samba de bumbo, samba rural foi uma nomenclatura que o Mário de Andrade (1893-1945) fez quando ele começou a pesquisar o samba do interior de São Paulo. Então eu chamo de samba de bumbo e o Geraldo Filme fez algumas coisas nesse sentido muito interessantes. Eu, até, na minha música “Santo de Casa”, eu faço essa referência a esse samba do interior de São Paulo, esse samba rural, como dizia o Mário de Andrade. Enfim, então o samba paulista tem uma certa característica dele mesmo, mas os músicos que acompanham, a maioria, claro que eles são aqui de São Paulo, são amigos mais próximos, mas aconteceu também de ter outros instrumentistas, como o Silvério, que é do Rio de Janeiro, um excelente trompetista, que toca com o Zé da Velha, acompanhava o Tim Maia (1942-1998) também, na banda do Tim Maia, um trompetista incrível. Mas aí surgiu de encontrá-lo numa festa, eu falei da música com o Elton Medeiros e ele falou… é engraçado, a gente não se conhecia, eu mostrei o “Estrela” pra ele, e ele ficou fascinado e falou: “poxa, eu conheço essa música com o Elton, muito bacana e tal, mas eu nunca toquei com o Elton, sou conhecido dele, mas nunca toquei”. Aí eu falei: “você quer participar? Dá pra você participar?”. Porque tudo foi feito assim com a boa vontade dos amigos e dos músicos, de uma forma independente, não tinha ninguém bancando o negócio, foi tudo na boa vontade mesmo. E ele: “ah, me manda lá, eu dou um jeito de arrumar um estúdio e gravo pra você um negócio”, Silvério Pontes, né? Aí mandei pra ele, ele fez, e assim foi indo, eu fui pensando em cada música, quem poderia participar, mas as coisas começaram a acontecer, sabe?, uma coisa puxava a outra, foi realmente uma sinergia, ia puxando, independente da pessoa ser de São Paulo ou não. É lógico que quem estava aqui, por exemplo, o Isaías Bueno, um excelente bandolinista, que eu pedi para fazer um solo no “Euforia”, a música que a gente fez com o Nelson Cavaquinho, então, aí ele estava aqui, mostrei pra ele, ele falou: “faz um arranjo, eu quero modular e dar um solo pra você”, e ele fez um solo incrível, fez o arranjo dele. Então as coisas foram acontecendo de uma maneira bem orgânica, foram fluindo [risos], como eu já disse antes.

ZR: Por falar em seleção, o repertório de Estrela é o Samba equilibra músicas inéditas e músicas que você grava pela primeira vez. Como se deu essa escolha?
RR: A seleção das músicas começou como uma espinha dorsal. O “Estrela”, que foi a música que eu fiz a letra para a música do Elton Medeiros e do Eduardo Gudin, eu fiz a letra em 1982, mas só que o Eduardo Gudin gravou, o Elton Medeiros gravou, a Vânia Bastos gravou, teve uma cantora de Belo Horizonte também que gravou, que agora não me vem o nome, e mais alguém deve ter gravado por aí. Mas eu nunca tinha registrado, eu nunca tinha gravado, desde 1982, quer dizer, 40 anos, 42 anos, é isso? [risos]. Eu não tinha gravado, quer dizer, então eu falei: “não, eu vou gravar essa música”. Eu cantava por aí, mas ainda não tinha gravado. Então eu comecei a montar essa espinha dorsal. O “Euforia”, que era uma música que a gente tinha feito com o Nelson Cavaquinho, também no início dos anos 1980, 1981 ou 82, aí um dia o Eduardo Gudin estava fazendo, acho que foi em 2004 isso, ele estava fazendo um cd que tem disponível nas redes, que chama Um Jeito de Fazer Samba. Aí meu parceiro Gudin ligou: “sabe aquele samba que a gente fez com o Nelson, “Euforia”?”. Eu falei: “lembro sim”. Mas já estava meio que esquecido. Porque também é o seguinte, é aquela coisa: fazer uma coisa, uma música com um cara do tamanho do Nelson, o Nelson, a gente andava com ele por aí, a gente tinha, existia uma empatia muito grande, mas era uma reverência também muito maior, ele era o papa, a gente está com o papa do samba, o cara é um dos que reinventaram o samba. Mas o Nelson quando vinha aqui para São Paulo, ele ficava num hotel na Rua 13 de Maio, no Bixiga, um hotelzinho simples, e a gente ficava sabendo que ele veio porque também ele tinha uma aproximação maior com o Gudin, ele inclusive convidou o Nelson para ser padrinho de batismo da primeira filha do Gudin, a Joana, ele tinha uma aproximação e também porque o Nelson, ele tinha essa aproximação com o Paulinho Pinheiro e com a Clara e com a Beth Carvalho. Lembro que uma vez a gente foi visitar a Beth lá no Rio e a gente foi pro Cacique de Ramos e estava lá sentado, tomando uma cerveja, ouvindo o pessoal tocar, e já era umas duas horas da manhã, aí Beth falou: “eu vou chamar o Nelson”. E a gente falou: “são duas horas da manhã”; e ela falou: “ele adora ser tirado de casa às duas horas da manhã e vocês estão aqui” e tal. Ela foi lá buscar o Nelson e a gente ficou até umas cinco tocando e cantando e etc. O Nelson tinha esse negócio, ele era muito simples também, meio quieto, mas ele andava sempre com o violão e muitas vezes a gente ia buscá-lo no hotel onde ele ficava aqui em São Paulo, ele já estava no bar do lado, tomando uma e cantando pro pessoal, que muitos às vezes nem conheciam muito ele, mas as músicas todo mundo conhecia. E o Nelson vinha fazer pequenos shows, ninguém dava o valor que ele merecia, mas era o Nelson, ele tinha uma figura santa. Numa dessas, ele já gostava do “Velho Ateu”, que é o samba que a gente fez, que a Beth Carvalho gravou, muita gente gravou. Ele já gostava e um dia ele mostrou uma melodia, uma primeira, “ta-ra-ra-ri, ri-ri-ri” [solfeja], aí o Gudin perguntou: “e a segunda?”. “Não tenho ainda, ainda não fiz”. “Deixa eu fazer?”. E fez. Gudin é um grande violonista e já pegou e já fez a segunda parte. Eu estava presente e falei: “a letra é minha!”. Já demos um jeito de gravar, arrumamos um gravadorzinho e tal, levei a fitinha pra casa e fiz a letra. Só que ficou parado isso aí. Porque talvez essa reverência tão grande que a gente tinha pelo Nelson, sabe? Será que a gente não cometeu um sacrilégio de ter feito um samba? Enfim, o samba ficou congelado. Aí em 2004, acho que foi, o Gudin foi gravar esse cd, Um Jeito de Fazer Samba, e me ligou e falou, se eu lembrava da letra inteira, que ele lembrava só uma parte, eu fui dar uma olhada nas minhas coisas, e estava lá guardadinha a letra, eu só mudei algumas coisinhas, e foi em 1982 mesmo, eu guardei até a data, original, escrito em máquina de escrever. Eu falei: “tá aí, Gudin”. Depois disso a Dona Inah também gravou, num cd dela. E aí eu falei: “bom, agora chegou a minha vez, deixa eu gravar o “Euforia””. Então a espinha dorsal desse Estrela é o Samba ficou com “Estrela”, o “Euforia” e ia entrar o “Velho Ateu” também, só que o “Velho Ateu” eu fiz um registro muito interessante no meu vinil de 1982, que foi o vinil independente que eu fiz, com a capa do Elifas Andreato (1946-2022), tem no spotify, dá para ouvir, tem nas plataformas. Está escrito Riberti assim e tem um homem sendo construído, uma capa do Elifas Andreato. É um disco independente, o Elifas ajudou, me deu essa capa, e os músicos participaram também para me ajudar e tal. E o “Velho Ateu” eu fiz um  registro muito interessante nessa época, eu chamei os sambistas de São Paulo, porque a música começou a ser cantada nas rodas de samba, aí eu chamei o Zeca da Casa Verde (1927-1994), o Silvio Modesto, que ainda está vivo, quem mais? Geraldo Filme eu chamei, mas ele não pode vir. E chamei o Toniquinho Batuqueiro (1929-2011). Então, figuras do samba de São Paulo, porque o samba já era cantado. Aí depois teve até um rapaz, um que fazia pontas em vários filmes e tal, que era coadjuvante em vários filmes, um cara muito legal, que chamava Cachimbo. Esse Cachimbo andava na noite, no Baixo Augusta, no tempo que a gente frequentava o Piolim [cantina], e aí ele batia no peito e falava: “eu sou o velho ateu”. Eu falei: “então você vai cantar comigo”. Então eu queria uma voz do povo, aí fiz uma modulação e eles cantaram, fizeram um coro pra mim, e o Branca di Neve (1951-1989), grande Branca di Neve, tocou surdo, nessa época ele era percussionista do Toquinho e do Vinicius. Depois é que ele virou cantor, mas ele era um grande percussionista, tocava um surdo que era único. E ele também, só que eu não sabia que ele sabia cantar [risos], que ele cantava tão bem, se não ele teria cantado também, no coro. Então eu fiz esse registro, aí eu falei: “bom, então eu não vou regravar o “Velho Ateu”, eu já coloquei nas redes”, eu pretendia já colocar nas redes, e aí ficou assim. Aí eu fui pegando as outras, as outras músicas eu tinha um pedaço de uma, um pedaço da outra, aí eu comecei a terminar essas músicas e montar esse repertório. E cada uma parece que ia surgindo com a cara de alguém, de algum convidado que eu pudesse chamar, parece que elas foram surgindo já com essa característica. No caso do “Todo Mundo me Diz”, que é a música com o Vanzolini, foi também uma história única, eu falei “Paulo, eu estou fazendo um cd de samba, a gente nunca fez nada junto”, eu ajudei uma vez a fazer uma música, mas isso é outra história, “mas uma coisa única nossa, a gente é amigo há tanto tempo”, e ele: “ah, mas eu não tenho nada”, e a mulher dele lembrou que ele tinha uma letra parada da década de 1940. Quando eu olhei a letra, eu falei: “nossa, isso aqui é ouro, isso é uma pérola, é uma coisa politicamente incorreta, da década de 1940, é perfeita, essa mesmo que eu vou fazer”. Aí levei pra casa e saiu uma melodia no estilo da década de 1940, que lembra um pouco o Noel, lembra um pouco o Wilson Batista, que lembra essa pegada da década de ouro, da década de 1930. E aí mostrei pro Paulo, o Paulo gostou muito, mostrei até no programa Ensaio que eu fiz em 2012, e assim foi surgindo o repertório, foi indo a partir dessa ideia, mas sempre com esse meu sotaque paulista, que não tem jeito, faz parte. Agora, o Elton, por exemplo, o “Estrela”, quando eu fui gravar o “Estrela”, tudo bem, é a primeira vez que eu gravo, mas eu queria a participação do Elton, ele está aí, eu vou ver se ele topa. Aí liguei pra ele, quando eu liguei, ele ficou bravo comigo: “pô, 30 anos que você some, você quer só uma participação especial?”. Aí eu falei: “o quê que eu faço?”. “Eu vou aí pra São Paulo, eu só canto no seu álbum novo se você fizer uma parceria nova”. “Demorou! Pô, vamos tentar”. Aí chega aqui, “cadê a melodia?”. “Eu vou fazer agora”. E pegou uma caixinha de remédio, que não tinha caixinha de fósforo, aí começou a fazer uma melodia maravilhosa, que é o “Pobre Amor”. Aí eu pedi também para ele cantar junto. Aí ele tocou uma caixinha de fósforo depois, na gravação, a famosa caixinha de fósforos do Elton Medeiros. Depois ele veio para São Paulo uma outra vez, eu perguntei se ele tinha uma outra melodia, ele fez uma outra melodia na hora, que é o “Imensidade”, eu coloquei a letra. Enfim, eu poderia ter feito muito mais coisas com o Elton, a gente tinha uma afinidade muito grande entre melodia e letra, sabe? Eu acho. Mas eu me perdi um pouco no tempo [risos]. Mas a gente acaba se achando. Como dizia Noel Rosa, “quem acha vive se perdendo”.

ZR: Talvez seja cedo para falar, mas você acredita que este novo álbum marca uma retomada de sua carreira musical? Você pensa em novos álbuns? Planeja shows de lançamento, turnê?
RR: Olha, sem dúvida. Eu realmente estou retomando, tenho já, eu tenho várias músicas que nunca foram gravadas, são canções. Eu acabei de fazer uma valsa com o Luiz Cláudio Ramos, que é um maestro incrível, que você deve conhecer. O Luiz Cláudio Ramos fez cinco arranjos do meu vinil Cenas, aquele que é mais político, que eu falei. É um elepê que eu gosto muito, metade dos arranjos foram feitos pelo Magro e metade pelo Luiz Cláudio Ramos, que é um violonista incrível também, e ele tocou, inclusive, fez o arranjo, do “Passageiro”, que é a música que entrou na novela Os Gigantes, da Globo, isso em 1979, quando o MPB4 estava fazendo aquele show “Bons Tempos”, com texto do Millôr Fernandes, eles estavam fazendo aqui no Tuca, se não me engano, é, da PUC. Aí eu falei, vou ver se eles topam, fazer um disco novo, isso em 1979, com a participação de todo mundo da banda, porque eles estavam super entrosados, então esse álbum aí de 1979, ele é feito todo, o Luiz Cláudio Ramos estava tocando com eles. E eles cantavam o “Velho Ateu”, que foi gravado por eles nesse show “Bons Tempos”, que virou um elepê, isso em 1979. E eu tive a ideia, eu já tinha umas músicas que combinavam muito com o MPB4, e aí eu mostrei pra eles, perguntei se eles topariam, e a gravadora, a Chantecler, na época, topou bancar o vinil, e tem cordas, tem uns arranjos incríveis, tanto do Luiz Cláudio Ramos, quanto do Magro do MPB4; eu mostrei pro Magro, porque eu não tinha muita amizade com o Luiz Cláudio; mostrei pro Magro, ele falou: “olha, eu não vou conseguir fazer todos os arranjos, porque eu estou entre Rio e São Paulo, volto fim de semana pra lá, fico aqui fazendo show, depois volto pra São Paulo, tenho outros compromissos; mas eu dividiria com o Luiz Cláudio Ramos”, e eu falei: “ah, perfeito”. Eu conhecia, do Luiz Cláudio Ramos, o arranjo do “Mulheres de Atenas” (de Chico Buarque e Augusto Boal [1931-2009]), e eu achava incrível aquilo lá. Eu falei: “então tá bom, vamos lá”. Aí os dois fizeram os arranjos, a gente gravou esse disco inteiro com a banda do MPB4, à época o Bebeto Castilho (1939-2023) tocou flauta e contrabaixo; acho que no disco ele só tocou contrabaixo, salvo engano, ele tocava no show flauta e contrabaixo; e ele tocava um baixo incrível, uma baita pegada. E aí todo mundo tocou, Magro tocou, Luiz Cláudio etc.; ficou muito legal. E o Luiz Cláudio eu reencontrei recentemente, quando ele veio fazer o show do Chico aqui em São Paulo, o último show, ele me ligou: “você já viu o Chico?”. Eu falei: “não”. Aí eu fui ver, ele me arrumou o ingresso, fui ver, depois a gente foi conversar e ele me mostrou essas músicas; já fiz uma valsa com ele e tem uma outra que eu estou fazendo. E tem outras coisas, que eu tenho feito, que eu já fiz há um tempo, umas canções. Eu não sei se o próximo vai ser só de samba, talvez seja variado, como sempre eu fiz, essa miscelânea de gêneros que eu costumo fazer. Eu não sei como vai ser o próximo projeto. Quanto ao show, a minha ênfase vai ser pro Estrela é o Samba, já estamos vendo com quem a gente pode contar, com quem a gente pode, quer dizer, os músicos que participaram de todas as gravações, como o João Parahyba, por exemplo, que é do Trio Mocotó, que participou, é um grande batuqueiro, que participou de todas as gravações desse álbum, do Estrela é o Samba, então a ênfase vai ser pro Estrela. Mas eu pretendo colocar “Passageiro”, essa canção que eu fiz em 1979, que foi da novela Os Gigantes, foi um dos temas lá, da Dina Sfat (1938-1989). E também, acho que eu pretendo colocar duas valsas, pelo menos o “Cidade Oculta”, que a letra é minha, que eu fiz pro Arrigo e pro Gudin, a melodia é deles; e o “Lenda”, que é uma valsa lindíssima que eu tive a honra de fazer a letra, que também é do Arrigo, do Hermelino Neder e do Gudin; sempre vai ter um pouquinho de variedade, mas a ênfase vai ser o Estrela é o Samba, que eu quero divulgar e mostrar e fazer uma boa batucada, seja em São Paulo, no Rio de Janeiro ou onde for.

ZR: Nelson Sargento (1924-2021), outro grande mestre do samba, preconizou: agoniza mas não morre. Que novos nomes te chamam a atenção fazendo samba?
RR: O Nelson Sargento eu conheci quando, ele tinha um disco independente que era distribuído pela Eldorado. Eu não sei se era independente ou se tinha sido lançado pela Eldorado. A Rádio Eldorado tinha um selo e ela começou a distribuir os discos independentes. O Boca Livre, por exemplo, estourou na época, vendeu 80 mil, era um grande número na época, ou vendeu até mais, e quem distribuía era a Rádio Eldorado, o selo Eldorado. Eles tinham um estúdio também, muito grande, eu gravei lá várias vezes. Eu fui pro Rio de Janeiro divulgar o meu disco independente, visitar umas lojas, com o meu vinil independente de 1982. E lá eu conheci Nelson Sargento, ele era pintor também, um pintor incrível, e grande figura, um cara muito simpático e um grande sambista, muito legal. Essa coisa, o samba, dizem os estudiosos, que é o gênero que tem mais autorreferência, que fala dele mesmo. E ele fala que o samba agoniza mas não morre. É um jeito de falar, porque vêm outros gêneros que vão, mas o samba é uma entidade, viram uns modismos, algumas coisas, o próprio pagode. O Paulinho da Viola falou uma frase interessante quando começou a surgir a onda do pagode: isso é interessante, porque pode ajudar a divulgar mais o samba tradicional. E eu acho que acontece mais ou menos isso mesmo. Eu vejo várias rodas de pagode e de repente o pessoal começa a cantar Cartola (1908-1980), começa a cantar Nelson Cavaquinho, começa a cantar o próprio Nelson Sargento, enfim, e vai que vai, quer dizer, os sambas antigos, tem um pessoal que pesquisa bastante, aqui em São Paulo tem uns grupos que pesquisam, que sabem. O Elton Medeiros uma vez veio fazer um show aqui, num evento que o pessoal fez para fazer uma homenagem ao Elton, um pessoal da zona leste, se não me engano. E o pessoal conhecia umas músicas do Elton que ele não lembrava que era dele. Ele falou: “os caras me fizeram cantar umas coisas aqui que eu não lembro mais”. Então tem gente que pesquisa, tem muita gente compondo também, de uma maneira muito bacana. Eu não quero ser vaselina e fugir da raia e citar nomes, você perguntou se eu citaria alguém, mas eu não quero ser injusto, porque eu também, às vezes me isolo um pouco e ouço uma ou outra música, aqui e ali. Eu sei que tem muita coisa acontecendo, interessante, e tem alguns amigos que tem feito coisas bacanas, mas acho ruim citar nomes porque eu vou ser injusto com algum amigo. Mas do que eu tenho ouvido, existe um movimento que daí vão surgindo novos autores, e eu acho que o samba é uma entidade que abraça a gente, não é a gente que “ah, eu sou sambista”. O samba é uma entidade generosa, ela realmente abraça a gente, eu faço samba desde moleque e fui fazendo e uma hora eu achei que eu estava pronto para começar a mostrar, comecei de uma maneira muito precária, fazendo pouca coisa, assim, um trechinho de uma música. Eu acho que tem muita gente boa, mas eu não sei citar os nomes porque eu não tenho acompanhado o trabalho de uma maneira mais abrangente, do pessoal novo. Eu tenho visto coisas isoladas e bem bacanas, às vezes eu não sei de quem que é direito. Eu não quero ser injusto de citar e depois, “poxa!”. Tá bom?

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Ouça Estrela é o Samba:

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