FLYING CARS

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Carros que voam?
Das fantasias da ficção centífica, essa sempre foi a possibilidade que me fascinou mais, até mais do que viajar pelo tempo. Desde os Jetsons até o precário carro voador de Blade Runner, eu ficava fascinado imaginando um mundo em que o guarda de trânsito e o semáforo tivessem de ficar parados a 10 km de altura.
Sonhava em um dia entrar no Minhocão e, ali pela altura de Santa Cecília, onde havia no passado aqueles onanísticos outdoors de lingerie enfeiando aqueles prédios lindos, eu decolaria e sairia voando por cima da bandeira de São Paulo que fica no alto do prédio do Banespa.
Iuppiiiiiiiii! (juro que não tinha fumado nada)
A ficção nunca parou de sofisticar esse meu sonho. Os carros que voam transversalmente em Minority Report, o DeLorean voador de Marty McFly, aquela espécie de biga de combate voadora em que o garoto Anakin Skywalker combate em Star Wars: tudo muito legal.
Aí essa semana leio num blogue de tecnologia que uma empresa americana chamada Terrafugia Transition já está trabalhando forte na possibilidade comercial de um negócio chamado de “aeronave de rodagem”.
Um carro que tem a habilidade de voar sobre as ruas da cidade e que você pode “baixá-lo” a qualquer momento em sua garagem.
Carl Dietrich, um dos cabeças da Terrafugia, fala em vender centenas de veículos do tipo em um ano. O carro é assim: anda a cerca de 30 milhas (60 quilômetros?) por hora com gasolina regular. O “piloto” só precisa ter 20 horas de vôo para ser habilitado a voar.
Ocorre que esse tipo de carro não é novidade. O primeiro deles já tinha sido patenteado há 90 anos. Então, porque nunca voou comercialmente?
O problema desse tipo de veículo são dois, na verdade.
O problema UM era o peso e as condições de segurança. “Basicamente, um carro é mais seguro quanto mais pesado ele for, e um avião voa melhor quanto mais leve ele for”, diz um estudo da Spectrum, da IEEE.
Um carro que fosse adequado para voar não poderia pesar mais de 590 quilos, o que dá cerca de 200 quilos menos do que um Smart. A Terrafugia diz que resolveu o problema com alguma esperteza que eu não consigo entender direito (algo como um baixo centro de gravidade e uma base de aço mais longa, além do centro de massa na parte dianteira do carro).
A empresa também garante que fez testes (presenciados por seguradoras) que mostram que os materiais que usam atualmente são mais seguros que os dos carros normais, e não tão caros. O motorista fica numa espécie de gaiola ultrasegura.
O outro problema: o carro voador seria terminantemente à prova de seguros – nenhuma seguradora iria querer bancar o risco.
A Terrafugia diz que o carro vai custar inicialmente US$ 194 mil, não muito diferente do preço de um Lexus que os americanos compram aos milhares ou a um pequeno avião Cessna.
A revista PopSci reportou que o primeiro teste do novo aerocar está marcado para novembro. Se der tudo certo, 10 funcionários da fábrica vão iniciar os trabalhos para entregar os primeiros Transitions no ano que vem ou no máximo no início de 2010.
Bom, tava tudo indo bem, mas foi só eu ver a etiquetinha do preço no artigo sobre o novo flying car que eu saquei: por muito tempo ainda, vou continuar apenas voando com minha bike no Parque Villa Lobos. Sonhando com os carros voadores que provavelmente vão cavucar ainda mais a camada de ozônio do planeta.

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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter desde 1986 e escritor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019), Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021) e O Último Pau de Arara (Grafatório, 2021)

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