Noca da Portela é homenageado em projeto que reúne grandes nomes da música brasileira

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"Coleção Flores em Vida (Vol.1/EP02) - capa/ reprodução
"Coleção Flores em Vida (Vol.1/EP02) - capa/ reprodução

Mineiro de Leopoldina, Osvaldo Alves Pereira completou 92 anos em dezembro passado. Ditos assim, geografia e batismo dizem quase nada: estamos falando do carioquíssimo Noca da Portela, cantor, compositor e instrumentista que toma por sobrenome artístico o de sua escola de samba do coração.

Chegou hoje às plataformas de streaming o segundo volume do EP Coleção Flores em Vida, título que remete ao clássico “Quando eu me chamar saudade”, de Nelson Cavaquinho (1911-1986) e Guilherme de Brito (1922-2006).

A merecida homenagem reúne, em cinco faixas, a Velha Guarda da Portela, o Grupo Fundo de Quintal e os cantores Xande de Pilares, Mariene de Castro e Ciraninho, idealizador do projeto Flores em Vida. No volume 1, lançado ano passado, os convidados eram Diogo Nogueira, Zeca Pagodinho, Péricles, Jorge Aragão e Dudu Nobre. Um terceiro volume, ainda sem data de lançamento definida, completará o repertório do álbum, com 14 faixas, que trará ainda as participações especiais de Neguinho da Beija-Flor e Roberta Sá, entre outros.

A quem porventura não conheça, pela constelação envolvida é possível deduzir a importância deste monumento vivo do samba brasileiro: poucos conseguiriam reunir um dream team como este. Noca é um dos mais importantes nomes da ala de compositores da Portela, tendo sido um dos que mais emplacou sambas-enredo na avenida.

O repertório é inteiramente autoral, jogando luz sobre parcerias de Noca da Portela com nomes como Délcio Carvalho (1939-2013, “Vendaval da vida”) e Jackson do Pandeiro (1919-1982, “Festa no arraiá”, samba de tons rurais, cantado em dueto com Mariene de Castro), entre outros.

Ao álbum, fonográfico e audiovisual, cujos EPs vêm antecipando o repertório, somam-se ainda um documentário sobre a trajetória do ao ex-feirante e ex-militante do Partido Comunista Brasileiro, revelando também bastidores do projeto, e um livro/e-book com a história das 14 composições registradas.

A iniciativa de Ciraninho se inspira nos clássicos songbooks idealizados por Almir Chediak (1950-2003) e nos sambabooks, mais recentes. Com a vantagem, no caso do projeto Flores em Vida, de registrar o encontro do compositor em duetos com seus convidados.

“Esse projeto é mais do que um tributo, é um reconhecimento que o samba e seus criadores merecem, rompendo com o ciclo de esquecimento que muitas vezes atinge grandes artistas da música brasileira”, comentou Ciraninho no material de divulgação distribuído à imprensa.

“Essa coleção é um grande prêmio. Muitos dos grandes sambistas não tiveram essa oportunidade de receber uma homenagem assim em vida. Eu estou recebendo e agradeço a Deus. “Flores em Vida” é o maior prêmio que ganhei da minha vida como compositor. Zeca Pagodinho, Roberta Sá, Mariene de Castro, Xande de Pilares, Jorge Aragão, Péricles, Neguinho da Beija-Flor, todos os grandes intérpretes do momento estão lá comigo. Todo mundo feliz eu também estou muito mais. O projeto é a união desses garotos do samba com um veterano, e eu fico muito grato por isso. Graças a Deus eles entenderam o enredo do nosso samba, pois isso é um fato inédito. Aos 91 anos de vida [idade que ele tinha quando do lançamento do primeiro volume], eu recebi esse presente maravilhoso do pessoal da produção e dos artistas que participaram comigo nesse momento maravilhoso. Agradeço muito, de todo coração, principalmente a Deus, por essa oportunidade”, finalizou Noca da Portela sobre o projeto.

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Ouça Coleção Flores em Vida (Vol.1/EP02):

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