Mariene de Castro. Foto: Leandro Pagliaro. Divulgação
Mariene de Castro. Foto: Leandro Pagliaro. Divulgação

A artista se apresenta hoje (6), na noite dedicada às religiões de matriz africana, na programação do aniversário de São Luís

A baiana Mariene de Castro estreou em disco em 2005, com o hoje raro “Abre caminho”. Diversos prêmios e outros cinco álbuns depois – o mais recente, “Acaso casa ao vivo” (2019), dividido com o pernambucano Almério –, ela volta hoje à São Luís, para show gratuito na Praça Maria Aragão (Av. Beira-Mar), dentro da programação da Prefeitura Municipal de São Luís que celebra o aniversário de 410 anos da capital maranhense, dia 8 de setembro.

Mariene de Castro sobe ao palco trajando figurino assinado por Wilson Ranieri e acompanhada por “um time de grandes músicos”, como ela mesma se refere à própria banda: Eduardo Reis (cavaquinho), Nino Bezerra (contrabaixo), Gel Barbosa (acordeom), Marcos Bezerra (violão), Yuri Passos (percussão), André Souza (percussão), Luan Babaró (percussão) e Fábio Cunha (percussão).

Além de cantora e compositora, Mariene de Castro também é atriz, com destaque para seu papel como Dalva, na novela “Velho Chico” (2016). Com uma obra coerente e consistente, marcada pela reverência à herança africana na cultura brasileira, a artista conversou com exclusividade com Farofafá, sobre o show de hoje à noite, carreira, racismo e o novo single que lança em breve.

ENTREVISTA: MARIENE DE CASTRO

ZEMA RIBEIRO – Mariene, você chega a São Luís para um show na programação das comemorações do aniversário de 410 anos da cidade. Quais as suas expectativas e o que o público pode esperar da apresentação?
MARIENE DE CASTRO – Eu estou muito feliz em voltar à São Luís. Ainda mais feliz por cantar no aniversário da cidade numa noite cheia de asè [axé]. Me sinto honrada. Quero convidar a todos para estarem na Praça Maria Aragão, pra gente celebrar a vida. Temos muito o que agradecer! Sinto que esse show vai ser um momento muito especial. Espero todos vocês lá!

ZR – A cultura afro-brasileira é um traço marcante de tua obra. Qual o sentimento de se apresentar na capital de um dos estados de maior população negra do Brasil?
MC
– Esse lugar é mágico. O ar muda quando a gente chega aqui. Tem uma energia diferente. Reverencio meus ancestrais que por aqui passaram. Sinto que esse show será muito especial. Estamos vivendo um momento muito delicado para as religiões de matrizes africanas. E esse show tem a missão de dizer que ninguém vai fechar nossos terreiros. Venho aqui dizer um não bem grande a toda e qualquer forma de violência. Eu não entendo o porquê de as pessoas se incomodarem tanto com o povo de santo. Nós louvamos o sagrado. A ancestralidade. As forças da natureza.

ZR – O que você tem a dizer sobre o recrudescimento do racismo no Brasil nos últimos anos, a partir não apenas da omissão de quem deveria combater este crime, mas que em vez disso incentiva sua prática?
MC
– Esse país sofre de um mal súbito que leva as pessoas ao desconhecimento completo da sua própria história. Vejo que a cada dia que passa estamos voltando algumas casinhas, de muitas coisas já conquistadas. Eu nasci alforriada e ninguém vai calar minha voz. Como diz o ditado: cala a boca já morreu. Vou continuar fazendo minha parte. Vou cantar, cantar, cantar bem alto. E se a dor for maior, que o peito cante bem mais forte que a dor. A história desse país nasce de um estupro. E eu não esqueço.

ZR – Você também é atriz e fez muito sucesso como a Dalva, da novela “Velho Chico”. A atriz e a cantora que te habitam ajudam uma à outra?
MC
– Com certeza. A arte caminha junto. Tá tudo conectado.

ZR – Seu álbum mais recente é “Acaso casa ao vivo”, de 2019, dividido com o pernambucano Almério. Como se deu este encontro e parceria?
MC
– Encontrar Almério na casa de Zé Mauricio Machline [criador do Prêmio da Música Brasileira] foi um presente. Eu e Almério temos uma conexão muito forte. Muitas afinidades. Daí nesse primeiro encontro nasceu o “Acaso casa”. Foi lindo e pra sempre será.

ZR – Você também tem lançado singles, de modo a não deixar o fã clube sedento de novidades. O próximo a ser lançado é “Purificação”, uma música da compositora cearense Cyda Olímpio. O que você pode adiantar pra gente? Qual a previsão de estar disponível nas plataformas? Ela vai ser cantada no show em São Luís?
MC
– Essa música chegou e eu me apaixonei. É uma música linda! Muito em breve estará em todas as plataformas digitais. Essa canção é um afago pra alma.

ZR – E disco novo? Está nos planos? A curto, médio ou longo prazo?
MC
– Tá quente! Bem pertinho!

ZR – Que artistas da música do Maranhão você conhece e te chamam a atenção?
MC
– Cacuriá de Dona Teté, Mestre Felipe. Sou apaixonada pelo tambor de crioula. O Maranhão é riquíssimo. Alcione, Rita Benneditto, Tania Maria, Zeca Baleiro… são artistas que admiro e respeito

Serviço: Aniversário de 410 anos de São Luís. Programação gratuita na Praça Maria Aragão (Av. Beira-Mar, Centro), a partir das 18h, com apresentações de mais de 40 grupos de tambor de crioula e show de Mariene de Castro. A programação segue até o dia 11 de setembro.
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