Museu que desalojou acervo de Haroldo de Campos alegando “umidade e traças” teve restauro há um ano e meio por R$ 4,2 milhões

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A Casa das Rosas, museu na Avenida Paulista que desalojou 21 mil obras do poeta concretista Haroldo de Campos alegando “risco ao acervo” por conta de “umidade e traças”, concluiu um restauro de R$ 4,2 milhões de reais há um ano e meio em sua sede. O investimento no restauro, feito pelo Governo do Estado de S.Paulo na gestão de Rodrigo Garcia (PSDB-SP), foi centrado na reparação de problemas da estrutura física do imóvel (rachaduras, infiltrações e renovação dos sistemas elétrico e hidráulico). Também reformou os banheiros, colocou piso tátil e corrimãos duplos e placas em braille nas instalações.

A remoção do acervo de Haroldo de Campos para um depósito em Barueri, noticiada pelo FAROFAFÁ no dia 6 de fevereiro (e, posteriormente, pelo resto da imprensa), chocou a comunidade literária brasileira. Primeiro, porque parece nonsense em museu negar-se a abrigar a coleção que lhe dá sentido cultural. Segundo, porque a Casa das Rosas foi reaberta restaurada em outubro de 2023. Segundo o então diretor da Casa das Rosas, Marcelo Tápia, o museu-casa, renovado e com ambientes novos abertos à visitação, teria um novo conceito museológico e expográfico, abrindo-se (além da literatura) para as artes visuais e outras identidades artísticas, como as performances.

A alegação de falta de condições para manter o acervo foi divulgada pela atual diretora da Rede Museus-Casa do governo, Maria Beatriz Henriques. A Casa das Rosas alega que fez a remoção das obras com anuência da Secretaria de Estado da Cultura, que informou que as peças da coleção (livros, objetos, cartas, fotografias) são “raras e históricas”. A consulta ao acervo deverá ser reaberta em março, mas ainda não há detalhes sobre essa operação. O poeta Augusto de Campos, de 93 anos, irmão de Haroldo de Campos, classificou a remoção como um “crime cultural” e pediu a intervenção do Ministério da Cultura no caso para intermediar uma solução, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. O poeta e ensaísta Frederico Barbosa, que primeiro assinalou a ausência da coleção na Casa das Rosas e denunciou em suas redes sociais o problema, está sendo ameaçado de processo pelo governo.

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