Lúcia Santos autografa “Macabéa Desvairada” hoje (5) no Chico Discos

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A poeta e letrista Lúcia Santos - foto: Luiz Pires/ divulgação
A poeta e letrista Lúcia Santos - foto: Luiz Pires/ divulgação

Com calma de bordadeira, alma de flâneuse, olhar aguçado e muita sensibilidade Lúcia Santos vem tecendo uma das obras mais originais da poesia brasileira, dona de uma voz muito particular, seja nas páginas de um livro ou nas vozes de diversos intérpretes que já gravaram letras suas.

A maranhense exercita os ofícios de poeta e letrista com igual desenvoltura. Não se trata aqui, da pergunta surrada sobre uma coisa ser a outra, letra de música e poesia. Ela explora ambos os universos com interesse e dedicação.

"Macabéa Desvairada" - capa/ reprodução
“Macabéa Desvairada” – capa/ reprodução

Macabéa Desvairada (Ponto de Bala, 2024, 72 p.) revela-nos sua produção poética mais recente e o livro funciona como uma espécie de encarte (incluindo a ficha técnica com crédito para os músicos) para o álbum Eu Não Quero Prosa Se Não For Pra Tanto (Saravá Discos, 2024), disponível nas plataformas de streaming (ouça ao fim do texto) – o livro traz um QR Code que direciona para o álbum.

"Eu Não Quero Prosa Se Não For Pra Tanto" - capa/ reprodução
“Eu Não Quero Prosa Se Não For Pra Tanto” – capa/ reprodução

O título do livro surgiu por acaso, algo meio intuitivo, revela a poeta. “Macabéa, personagem de Clarice Lispector (1920-1977), do livro A Hora da Estrela (1977), uma nordestina que vai para o Rio de Janeiro, cheia de sonhos, então eu fiz um paralelo comigo, que sou nordestina, que fui para São Paulo, e daí veio também o desvairada como uma referência a Pauliceia Desvairada (1922), do Mário de Andrade (1893-1945). Gostei da sonoridade, mas no momento que o título veio eu não havia pensado em todas essas coisas. O título veio antes da explicação do título”, conta.

Transcrevo o poema que intitula o livro: “as cordas do violino diziam você é linda/ em frente ao conjunto nacional./ a moça feia passou e sorriu discreta./ atravessou a paulista toda tão certa/ daquele sonho de padaria da augusta.”.

“Alguns poemas do livro eu já venho divulgando há algum tempo, mas eu não havia publicado porque alguns poemas se perderam nos vãos da internet, outros poemas que eu gostaria que estivessem no livro. Mas surgiu a oportunidade, porque o Zeca Baleiro, meu irmão, resolveu produzir esse álbum, com minhas parcerias musicais, e achou que seria legal fazer um livro junto, incluindo as letras das músicas”, continua.

Baleiro relembra o compartilhamento de sua iniciação literária com Lúcia Santos, “numa cumplicidade adolescente, bonita e desinteressada, uma partilha pra lá de genuína”, como anota na quarta capa.

Macabéa Desvairada é o sexto volume de poemas de Lúcia Santos e sucede Quinta Sinfonia (2019, lançado pela Sangre Editorial num projeto Brasil-Argentina), Nu Frontal Com Tarja (2016), Uma Gueixa Pra Bashô (2006), Batom Vermelho (1997) e Quase Azul Quanto Blue (1992). O livro tem capa, ilustrações e diagramação de Andrea Pedro e fotos de Lúcia Santos.

Serviço – A noite de autógrafos de Macabéa Desvairada acontece hoje (5), a partir das 18h, no Chico Discos (esquina de Afogados com São João, Centro).

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Ouça Eu Não Quero Prosa Se Não For Pra Tanto:

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