Sob orientação do Ministério da Cultura, o Centro Técnico do Audiovisual (CTAv), no Rio de Janeiro, órgão ligado à Secretaria do Audiovisual, se prepara para interromper seu funcionamento pelos próximos quatro meses. Com um acervo de cerca de 8,5 mil obras em película e 13 mil obras digitais, o CTAv é uma das principais instituições de preservação e difusão do audiovisual do Brasil, ao lado da Cinemateca Brasileira. Atende entre 400 e 700 pesquisadores por mês e também realiza cursos de formação profissional e atividades com escolas públicas.
O ministério acaba de concluir uma obra de revitalização e modernização no CTAv, que implicou na construção de uma edificação nova para abrigar parte do acervo. Em 2022, o governo informou ter investido 4,6 milhões de reais na reforma. O prédio novo finalmente está concluído, mas falta equipamento para ativá-lo. Segundo fontes, cortes orçamentários fizeram com que os recursos minguassem e o atual governo acabou optando por fechar o centro até o ano que vem. Segundo o FAROFAFÁ apurou, há integrantes do ministério que defendem que a Ancine incorpore futuramente o CTAv, mas é uma possibilidade remota, porque a Ancine já não dá conta de suas próprias premissas de fomento, regulação e fiscalização. Os servidores especializados do CTAv estão assustados porque o momento era bom para a instituição, o acervo está em ótimas condições, mas a falta de recursos e planejamento pode acabar afetando a manutenção básica.
Localizado na Comunidade do Caju (nas proximidades de onde será construído o novo estádio do Flamengo e das comunidades da Maré, Rocinha e Complexo do Alemão), o CTAv é, do ponto de vista das políticas audiovisuais, uma continuidade do antigo Instituto Nacional do Cinema Educativo (Ince), que foi dirigido pelo cineasta pioneiro Humberto Mauro (1897-1983). Oficialmente, o MinC informou que não pretende fechar o CTAv, mas a determinação que ainda predomina entre os servidores é o oposto da versão oficial. No dia 6 de agosto, uma comitiva do MinC esteve no CTAv, liderada por Márcio Tavares, secretário executivo da pasta, e Joelma Gonzaga, secretária do Audiovisual. “E a gente está recuperando todo o espaço físico, uma grande reforma que será entregue em breve e trazendo o CTAv de volta para a vocação dele de formação e de preservação, é um equipamento que vai ser aberto também para todo o entorno, contribuindo muito para o audiovisual para a cidade, pensando no game, na animação. O CTAv volta a ser um grande equipamento cultural e um grande equipamento audiovisual brasileiro”, declarou Joelma.
O CTAv foi criado em 1985, no Rio de Janeiro, a partir de uma parceria entre a Embrafilme e o National Film Board do Canadá (NFB). Os principais objetivos eram o apoio do desenvolvimento da produção cinematográfica nacional, priorizando o realizador independente, estimular o aprimoramento da produção de filmes de animação e promover a implantação de medidas voltadas à formação. Recebeu também a incumbência de preservar e difundir o acervo audiovisual da antiga Embrafilme. Além das obras das quais é detentor dos direitos patrimoniais, o CTAv é responsável pela guarda de títulos coproduzidos pela Fundação do Cinema Brasileiro – FCB, Instituto Brasileiro de Arte e Cultura (Ibac) e Departamento de Cinema e Vídeo da Fundação Nacional de Artes.